quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Educação Espírita

Educação Espírita

Benedita Fernandes


A educação tem regime de urgência.

Na tarefa da educação devem ser investidos os melhores recursos de que se pode dispor, a fim de que se colimem os objetivos elevados em prol de uma sociedade mais justa, portanto, mais feliz.

Na sua condição de animal social, o homem não prescinde de hábitos convencionalmente equilibrados, mediante os quais, pelo conhecimento intelectual, doma as suas más inclinações, submetendo os instintos agressivos que respondem pela violência e arbitrariedades outras.

Na gênese dos muitos males que assolam a vida, na Terra, encontramos a indisciplina, que deflui da falta de educação, como a responsável.

Mesmo nos animais destituídos de razão, os condicionamentos fomentadores de hábitos logram resultados surpreendentes, na área da domesticação.

Criaturas portadoras de deficiências, de limitações físicas e mentais não ficam infensas ao processo educativo que lhes aguça percepções, amplia capacidades e recursos de comunicação, superando, e, não raro, alcançando altos índices de ajustamento que as projetam acima da média das pessoas consideradas normais.

A reencarnação, em si mesma, é um mecanismo de educação, de que se utilizam as leis da Vida, de modo a conjurar males e imperfeições que escravizam o Espírito às faixas primárias da evolução de onde procede.

Renascendo sob a injunção das consequências do uso que tenha dado às funções orgânicas, psíquicas e morais — na provação optativa ou na expiação inevitável — aprende a valorizar os recursos de que se vê privado por impositivo reparador ou desenvolve as possibilidades em germe, transformando-as em conquistas que se lhe incorporam à vida.

Serão os processos educativos que encontre, durante o trânsito reencarnacionista, que o auxiliarão a completar com êxito ou desventura o superior cometimento.

Sem nos reportarmos aos fatores psicossociais e genéticos desencadeadores da delinquência, bem como aos de ordem socioeconômica, a negligência a respeito da educação responde por males e problemas, perfeitamente evitáveis, quando considerada.

Nesse contexto deve ser situada a criança — complexo humano suscetível de aprimoramento — que numa sociedade digna tem direito aos processos relevantes da educação, a fim de que venha a cumprir com a destinação para a qual renasceu, que é o seu progresso intelecto-moral.

Desejando homens nobres, no futuro, deve-se educar a criança desde hoje.

Educar é fomentar a vida sob qualquer aspecto em que se apresente.

A abrangência do verbo educar envolve o compromisso espiritual de criar, desenvolver e estimular os valores transcendentes do ser, não se atendo, apenas, a qualquer programática exclusivista, cuja óptica distorcida limita o vasto campo das suas realizações.

Por isso, o Espiritismo é uma Doutrina essencialmente educativa, plasmadora de funções e aquisições de sabor eterno, porque penetra nas causas geradoras dos fenômenos humanos, solucionando os problemas vigentes onde quer que se manifestem.

Dessa forma, a educação espírita, de profundidade, portanto, não se limita à contribuição de recursos intelectuais, artísticos e convencionais, senão, à equação dos desafios evolutivos, preparando o indivíduo para tentames sempre mais elevados e grandiosos.

Não se há por que descurar o dever da educação de todos os homens, especial e principalmente da criança e do jovem.

Realmente educados, o que equivale dizer, esclarecidos e preparados para a vida, teremos homens sadios, livres dos atavismos perniciosos e em condições de enfrentar os insucessos, pressões e tentações lamentáveis, com o equilíbrio que discerne o que deve, daquilo que lhe não é lícito fazer, ao mesmo tempo avançando sem trauma nem frustração diante dos comportamentos alucinados.

A educação é compromisso de todo dia e instante, em razão da sua complexidade.

A educação espírita — que se baseia no “amor” e na “instrução”, que. iluminam a consciência e libertam o ser das injunções perniciosas — tem como instrumento o exemplo do educador que deve pautar a conduta pelo que ensina, superando-se em atos, de modo que as sementes de que se vale, de superior qualidade, manifestem-se em forma de paz e realização nele próprio.

Allan Kardec, como Jesus, foi educador, ensinando e vivendo as lições de que se fez intermediário com elevada abnegação e estima pela criatura, em consequência, pela Humanidade.

Parafraseando Jesus, que disse: “Somente pelo amor será salvo o homem,” permitimo-nos afirmar que somente pela educação espírita serão salvos o amor e o homem.

Benedita Fernandes por Divaldo Franco do livro:
Antologia Espiritual

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