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quinta-feira, 1 de maio de 2025

O pão da vida

O pão da vida

Richard Simonetti


"Porque provê a Natureza, por si mesma, a todas as necessidades dos animais?" 

"Tudo em a Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Dai vem que do trabalho não lhes resulta progresso, ao passo que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo..." (O Livros dos Espíritos - Questão n°677  - Da Lei do Trabalho).
É elementar que não podemos analisar a Bíblia em seu sentido literal, sob pena de cairmos em infantilidades como a de supor que Deus tenha criado o Universo em seis dias, descansando no sétimo, como se fora um operário cósmico.

Ao longo do Velho Testamento está sempre presente a concepção antropomórfica de um criador à imagem e semelhança do Homem, com os mesmos impulsos passionais, os mesmos desejos e contradições e até a necessidade de repousar.

O Universo, segundo está definido pela Ciência, tem no mínimo quinze bilhões de anos; a Terra, perto de quatro bilhões e meio. São eternidades diante dos acanhados quatro ou cinco mil anos que nos fazem supor os textos bíblicos para o início de tudo.

Da mesma forma, é ridículo, em face do conhecimento atual, conceber que Deus tenha moldado Adão da argila, soprando-lhe a vida, e que uma de suas costelas foi a matéria-prima para o nascimento de Eva. Sabemos hoje que a presença do Homem na Terra representa a culminância de uma evolução que começou há bilhões de anos, com manifestações primitivas de vitalidade, em organismos unicelulares que se desenvolveram lentamente, até atingir a complexidade necessária para a manifestação da inteligência.

A Bíblia revela que Adão e Eva perderam o paraíso por terem cometido o "pecado" de comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Um incrível absurdo, se tomado ao pé da letra.

Imaginemos um pai ameaçando o filho:

"Dar-lhe-ei proteção, alimento, moradia e atenção, mas com uma condição: que você permaneça na ignorância. A partir do momento em que se atrever a qualquer empenho de aprendizado eu o expulsarei!"

E como Adão e Eva poderiam incorrer em desobediência se, antes de cometerem o "crime" de discernir entre o bem e o mal, não tinham noção do que é certo ou errado, justo ou injusto, obedecer ou desobedecer?

Erich Fromm, famoso psicanalista alemão, escreve que o pecado original simboliza a conquista da razão. A partir do momento em que algumas espécies animais, parentes dos símios antropoides, começaram a ensaiar o raciocínio, saíram da Natureza, isto e, deixaram de ser conduzidas e se viram na contingência de caminhar com seus próprios pés. Surgia, assim, o Homem, o ser pensante, que perdia o paraíso ou, mais
exatamente, a plena identificação com a vida natural.

O castigo divino, "ganhar o pão de cada dia com o suor do rosto", registrado na Bíblia, apenas exprime uma contingência imposta pelas necessidades evolutivas do Homem, não mais um simples animal irracional, controlado pelo instinto, mas um ser inteligente chamado a exercitar o livre-arbítrio.

O trabalho configura-se, assim, como uma lei de observância indispensável, não apenas em favor de sua sobrevivência, mas também para que desenvolva a inteligência e supere em definitivo os resquícios de irracionalidade.

No irracional, guiado pelo instinto, o esforço pela subsistência é mínimo. A mãe natureza o atende. No homem, orientado pela razão, que deixou o berço e começa a andar, há uma solicitação bem maior de trabalho que tanto mais complexo se torna quanto maior o seu desenvolvimento intelectual, sofisticando suas necessidades de conforto e bem estar.

O aprimoramento da inteligência é uma benção, mas lhe impõe dúvidas e incertezas que não existiam no "paraíso".

A principal delas é saber sobre si mesmo, decifrar os porquês da existência e, sobretudo, descobrir o que há além da dimensão física, já que algo lhe diz, nas profundezas da Alma, que a Vida sobrepõe-se à morte do corpo físico.

Para tanto é preciso trabalhar por um outro tipo de alimento, que muito mais que o mero suor do rosto, exige o desenvolvimento da sensibilidade, a disciplina das emoções e muita humildade, para que, habilitado a enxergar além das limitações físicas, encontre os sinais de sua gloriosa destinação.

Algo desse "pão da vida" foi oferecido ao Homem num instante glorioso da história humana, por um mensageiro divino que se chamou Jesus.

Richard Simonetti do livro:
A Constituição Divina

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Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.


domingo, 8 de setembro de 2024

Os limites da liberdade

Os limites da liberdade

Richard Simonetti


"Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?" "Nas do eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta." Questão n° 826 (Da Lei de Liberdade).

Um naufrago vem ter a uma ilha deserta. Constrói tosca habitação e ali se instala. Sua liberdade é plena. Movimenta-se a vontade. Faz e desfaz, conforme lhe parece conveniente, senhor absoluto daquela porção de terra.

Passados alguns meses surge outro náufrago. A situação modifica-se. O primeiro experimenta limitações. A não ser que se disponha a eliminar o recém-chegado, descendo à barbárie, forçoso será reconhecer que seu direito de dispor da ilha esbarrará no direito do companheiro em garantir a própria sobrevivência. Terão, pois, que dividir os recursos existentes: Agua potável, animais, peixes, vegetais e o próprio espaço físico, se viverem em habitações separadas. Pela mesma razão sua liberdade restringir-se-á, na medida em que outros náufragos apareçam.

Algo semelhante ocorre na vida comunitária, onde nossa liberdade é relativa, porquanto deve ser conciliada com a liberdade dos concidadãos, considerando que o limite de nosso direito é o direito do próximo. A inobservância desse principio fundamental gera, invariavelmente, a desordem e a intranquilidade. As implicações dessa equivalência de direitos são extensas. Fácil enunciar alguns exemplos:

Não nos é licito, na vida comunitária, dar livre expansão a impulsos como o de transitar de automóvel pelas ruas a velocidade de cem quilômetros horários; a ninguém é permitido, em logradouro público, postar-se nu, nem ali despejar lixo ou satisfazer determinadas necessidades fisiológicas.

A liberdade de movimentação é restrita. Vedado nos é invadir uma propriedade alheia ou recintos de diversão como cinema ou teatro. Mister sejamos convidados ou nos disponhamos a pagar o ingresso.

Impedidos estamos até mesmo de permanecer na inércia, se fisicamente aptos, porquanto não nos pertencem os bens comunitários. Alimentos, abrigo, roupas, indispensáveis ao nosso bem-estar e a própria subsistência, pertencem Aqueles que os produzem. Somos chamados a produzir, também, com a força do trabalho, a fim de que, em regime de permuta, utilizando um instrumento intermediário, o dinheiro, possamos atender às nossas necessidades.

A perfeita compreensão dos deveres comunitários, que restringem a liberdade individual, é virtude rara. Por isso existem mecanismos destinados a orientar a população e conter suas indisciplinas. Há leis que definem direitos e obrigações. Há órgãos policiais para fiscalizar sua observância. Os infratores sujeitam-se às sanções legais, que podem implicar até no confinamento em prisões por tempo determinado, compatível com a natureza dos prejuízos causados a alguém ou à sociedade.

Quanto maior a expansão demográfica e a concentração urbana, mais difícil o controle da população. E há infrações que nem sempre podem ser enquadradas como delitos passíveis de punição ou nem sempre podem ser rigorosamente detectadas e corrigidas pelas autoridades.

Assim ocorre com o industrial cuja fábrica despeja poluentes na atmosfera e nos rios; com o jovem que transita com o escapamento de sua motocicleta aberto, gerando barulho ensurdecedor; com o alcoólatra que se comporta de forma inconveniente na rua; com o fumante que, em recinto fechado, expira baforadas de nicotina, obrigando os circunstantes a fumarem com ele; com o pichador de paredes que polui moral e culturalmente a cidade, desenhando frases de mau gosto e obscenidades; com o maledicente que se compraz em denegrir reputações, e muitos outros que revelam total desrespeito pelos patrimônios individuais e coletivos da comunidade e pelo inalienável direito comum à tranquilidade.

Todavia, estes impenitentes individualistas, ilhados numa visão egocêntrica de vida, saberão, mais cedo ou mais tarde, que nenhum prejuízo causado ao semelhante ficará impune.

E se a justiça da Terra é impotente para sentenciar os infratores, a justiça do Céu o fará, inelutavelmente, confinando-os em celas de desajuste e infelicidade, na intimidade de suas consciências, impondo-lhes renovadoras reflexões.

Aprendemos todos, por experiência própria, que há limites perfeitamente delineados em nossa liberdade de ação e que o mínimo que nos compete, em favor de nossa felicidade, é não perturbar o próximo, tanto quanto estimamos que ele não nos perturbe.

Richard Simonetti do livro:
A Constituição Divina

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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Determinismo e livre-arbítrio

Determinismo e livre-arbítrio

Richard Simonetti


 "Há pessoas que parecem perseguidas por uma fatalidade, independente da maneira por que procedem. Não lhes estará no destino o infortúnio?"
"São, talvez, provas que lhes caiba sofrer e que elas escolheram. Porém, ainda aqui lançais ti conta do destino o que as mais das vezes é apenas consequência de vossas próprias faltas. Trata de ter pura a consciência em meio dos males que te afligem e já bastante consolado te sentirás." Questão n° 852 (Da Lei de Liberdade - O Livro dos Espíritos).
Determinismo e livre-arbítrio são, aparentemente, temas inconciliáveis. Se os acontecimentos da existência estão programados não há liberdade de escolha. Pior: não há nem mesmo responsabilidade nas ações humanas. O assassino, o assaltante, o agressor, o viciado, o suicida, o indolente, o explorador do semelhante e muitas outras pessoas comprometidas com o Mal estariam apenas dançando ao som de uma orquestra denominada Destino, regida pela Fatalidade, até mesmo para que suas vitimas resgatassem débitos cármicos.

Semelhante raciocínio está distanciado da realidade. Existe, sim, um determinismo final, absoluto, inevitável: a Perfeição!

Todos seremos Espíritos Superiores, prepostos de Deus, quer queiramos ou não, inevitavelmente. O tempo despendido depende de nós. Aí entra o livre-arbítrio, que nos permite decidir como viajar, quais os caminhos a serem percorridos.

Há os que estacionam na preguiça, os que se chafurdam nos pântanos do vício, os que escolhem atalhos enganosos que desembocam em abismos de violência e crime...

Todavia, ainda que leve eternidades todos acertaremos o passo e corrigiremos a rota, com a tendência de andarmos cada vez mais depressa, com maior segurança, sem desvios, sem distrações, sem perda de tempo, na medida em que amadurecermos moral e intelectualmente, tomando consciência das leis inexoráveis que disciplinam esse trânsito divino.

Quanto à fatalidade na vida terrestre, pode-se dizer que está estreitamente vinculada ao exercício do livre-arbítrio. Diz o apóstolo Paulo: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará." (Gálatas, 6:7). A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Temos liberdade para exercer nossa vontade e efetuar opções, mas a Vida estará realizando, sem cessar, no íntimo de nossa consciência, um levantamento de bens e males cultivados, premiando-nos com a paz ou corrigindo-nos com a dor, a fim de que não nos percamos nem estacionemos nos caminhos da evolução.

O nosso presente é, inelutavelmente, fruto do que fizemos no passado, da mesma forma que o nosso futuro será sempre uma projeção de nosso comportamento atual.

Um indivíduo experimenta durante muitos anos angustiante enfisema que resiste a todos os tratamentos, mergulhando, periodicamente, em terríveis crises respiratórias que o sufocam. Esta é uma doença cármica, faz parte de seu destino, mas é consequência de um crime cometido em existência anterior, quando assassinou um desafeto com punhaladas no peito. Ao fazê-lo infringiu o "Não matarás" da Lei Divina, desajustando seu próprio Espirito. É esse desajuste que se reflete hoje na maquina física, originando seu problema. 

Embora inconsciente da causa real de sua enfermidade, ele incorpora a experiência em seus patrimônios espirituais, modificando intuitivamente suas concepções e superando a tendência de resolver desentendimentos com o semelhante apelando para a violência.

Os eventos mais marcantes da existência humana guardam estreita vinculação com o passado, situando-se, geralmente, como a execução de cuidadoso planejamento da Espiritualidade em favor dos tutelados da Terra.

Nesse quadro, filhos-problema, cônjuges difíceis, limitações financeiras, deficiências físicas, enfermidades crônicas e outros males, que não raro acompanham o indivíduo a vida inteira, representam o preço nunca demasiado alto para uma reformulação existencial com vistas à própria redenção, acelerando a jornada evolutiva.

O óbice maior, este sim passível de gerar sofrimentos contundentes, é que nessas situações penosas mas necessárias os prisioneiros do carma se rebelam, compondo quadros de fuga que se exprimem em vícios, desatinos, inconformação, libertinagem e outros desvios, com o que nada mais fazem sendo acrescentar males a própria existência, agravando seus débitos e retardando a sua libertação.

Por isso a jornada humana transforma-se para muitos em experiência infeliz e traumatizante, simplesmente porque arremetem contra as grades de sofrimentos que objetivam conter seus impulsos inferiores, ferindo-se inutilmente e pouco acrescentando aos seus patrimônios espirituais além do mero registro de uma rebeldia contumaz que nada edifica.

Richard Simonetti do livro:
A Constituição Divina

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quarta-feira, 1 de maio de 2024

Da Lei do Trabalho

Da Lei do Trabalho

Richard Simonetti



Em favor do equilíbrio

"Em mundos mais aperfeiçoados, os homens se acham submetidos à mesma necessidade de trabalhar?" "A natureza do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. Quanto menos materiais são estas, menos material é o trabalho. Mas, não deduzais daí que o homem se conserve inativo e a ociosidade seria um suplicio, em vez de ser um beneficio." (O Livros dos Espíritos - Questão n°678 - Da Lei do Trabalho).
Consciência cósmica do Universo, presença imanente na obra da Criação, Deus é, segundo a definição magistral contida na primeira questão de "O Livro dos Espíritos", "a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas."

A semente que germina, a flor que desabrocha, a criança que vem à luz, originam-se de outros seres. A Natureza lhes oferece alimento, o tempo lhes impõe transformismo incessante, a Vida cumpre seus ciclos, mas é o Governador Supremo quem comanda o processo.

Há leis físicas que regem o Universo, como a da gravitação, enunciada por Newton: "os corpos se atraem na razão direta de suas massas e na razão inversa do quadrado da distância que os separa." Obviamente alguém a instituiu e lhe deu cumprimento, já que se trata de um efeito inteligente e, mais que isso, imutável porque absolutamente perfeito. O autor e executor dessa lei e das demais que regem a Criação, é Deus, o Motor Supremo, no dizer de Aristóteles, que movimenta o Universo e sustenta a Vida.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio poderíamos concluir que se por um único momento Deus deixasse de exercitar seus poderes soberanos, sobreviria o caos. Por isso Jesus dizia: "Meu Pai trabalha até agora..." (João 5:17), definindo a ação divina, eterna, onipotente, onipresente.

Segundo a narrativa bíblica, fomos criados à imagem e semelhança de Deus.

Consequentemente, há algo em nós que identifica essa filiação divina. Trata-se do poder criador, que nos distingue dos demais seres da Criação. Seu desenvolvimento e equilíbrio estão subordinados à ação disciplinada ou trabalho. Sem esse exercício nosso universo interior estaria submetido à mesma desagregação que atingiria o Mundo se Deus decidisse "descansar".

No atual estágio evolutivo estamos vinculados a um planeta de matéria densa, usando pesado "escafandro" - o corpo - cuja sustentação exige intermináveis labores que, indispensáveis à preservação da vida física, ajudam-nos a superar a dificuldade de iniciativa e a indolência que decorrem da pouca familiaridade com o uso disciplinado de nossas potencialidades criadoras. Enquanto permanecíamos no "ventre da natureza", estagiando na irracionalidade, antes da conquista da razão, essa passividade era natural. Hoje ela é comprometedora e nos desestabiliza. Por isso costuma-se dizer que "mente vazia forja do demônio".

A passagem mitológica de Jeová impondo a Adão e Eva o sustento com o "suor do rosto", oferece-nos um simbolismo precioso. Longe de significar um castigo, o trabalho pela sustentação da vida na Terra é um abençoado recurso de equilíbrio para o Homem que, emergindo do sono milenar da animalidade, não aprendeu, ainda, a usar os prodigiosos poderes que configuram sua filiação divina, a medida em que o Espírito evolui, seu labor, que em principio atendia exclusivamente as próprias necessidades, orienta-se no sentido de contribuir para a harmonia universal, transformando-o, progressivamente, em instrumento legitimo da vontade do Senhor, coparticipe na obra da Criação, como o filho adulto que, consciente e esclarecido, conhece suas responsabilidades, dispondo-se a colaborar com o pai.

Nesse caminho estão comunidades como a de "Nosso Lar", cidade do Além, descrita pelo Espirito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, em obra homônima.

Livres das necessidades inerentes ao corpo físico, disciplinados e ativos, seus habitantes dedicam-se ao serviço do Bem, em favor de companheiros comprometidos com o desajuste que permanecem compulsoriamente em zonas purgatoriais, no Umbral.

Em estágios mais altos de espiritualidade e desenvolvimento das potencialidades criadoras, encontramos os Engenheiros Siderais que presidem as manifestações da Natureza, executando a Vontade Divina.

O exemplo maior está em Jesus, governador da Terra, segundo Emmanuel, que orienta, desde os primórdios de nosso planeta, as coletividades que aqui evoluem.

Essa condição está expressa na mesma citação evangélica (João 5:17), quando o Mestre, após proclamar que Deus trabalha incessantemente, completa "...e eu também".

Mesmo na Terra, se buscarmos exercitar a mente em raciocínios relativos à Vida Eterna, tenderemos a orientar nosso trabalho muito mais em favor do bem-estar coletivo do que em nosso próprio beneficio, integrando-nos no ritmo da harmonia universal, sob a "batuta" de Deus, o Supremo Regente.

Natural, portanto, que os grandes benfeitores, em todos os setores da atividade humana, sejam, essencialmente, grandes servidores, dedicando suas existências ao ideal sublime da fraternidade humana. Compreensivelmente, são sempre fortes e empreendedores, perseverantes e capazes, ainda que enfrentando problemas e dificuldades variadas. E que, plenamente identificados aos propósitos da Vida, instrumentos fieis do Bem, fluem incessantes por eles, a se expandirem ao seu redor, as bênçãos de Deus.

O Pão da Vida

"Porque provê a Natureza, por si mesma, a todas as necessidades dos animais?" "Tudo em a Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Dai vem que do trabalho não lhes resulta progresso, ao passo que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo..." (O Livros dos Espíritos - Questão n°677 - Da Lei do Trabalho).
É elementar que não podemos analisar a Bíblia em seu sentido literal, sob pena de cairmos em infantilidades como a de supor que Deus tenha criado o Universo em seis dias, descansando no sétimo, como se fora um operário cósmico.

Ao longo do Velho Testamento está sempre presente a concepção antropomórfica de um criador à imagem e semelhança do Homem, com os mesmos impulsos passionais, os mesmos desejos e contradições e até a necessidade de repousar.

O Universo, segundo está definido pela Ciência, tem no mínimo quinze bilhões de anos; a Terra, perto de quatro bilhões e meio. São eternidades diante dos acanhados quatro ou cinco mil anos que nos fazem supor os textos bíblicos para o inicio de tudo.

Da mesma forma, é ridículo, em face do conhecimento atual, conceber que Deus tenha moldado Adão da argila, soprando-lhe a vida, e que uma de suas costelas foi a matéria-prima para o nascimento de Eva. Sabemos hoje que a presença do Homem na Terra representa a culminância de uma evolução que começou há bilhões de anos, com manifestações primitivas de vitalidade, em organismos unicelulares que se desenvolveram lentamente, até atingir a complexidade necessária para a manifestação da inteligência.

A Bíblia revela que Adão e Eva perderam o paraíso por terem cometido o "pecado" de comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Um incrível absurdo, se tomado ao pé-da-letra. Imaginemos um pai ameaçando o filho: "Dar-lhe-ei proteção, alimento, moradia e atenção, mas com uma condição: que você permaneça na ignorância. A partir do momento em que se atrever a qualquer empenho de aprendizado eu o expulsarei!"

E como Adão e Eva poderiam incorrer em desobediência se, antes de cometerem o "crime" de discernir entre o bem e o mal, não tinham noção do que é certo ou errado, justo ou injusto, obedecer ou desobedecer?

Erich Fromm, famoso psicanalista alemão, escreve que o pecado original simboliza a conquista da razão. A partir do momento em que algumas espécies animais, parentes dos símios antropoides, começaram a ensaiar o raciocínio, saíram da Natureza, isto é, deixaram de ser conduzidas e se viram na contingência de caminhar com seus próprios pés. Surgia, assim, o Homem, o ser pensante, que perdia o paraíso ou, mais exatamente, a plena identificação com a vida natural.

O castigo divino, "ganhar o pão de cada dia com o suor do rosto", registrado na Bíblia, apenas exprime uma contingência imposta pelas necessidades evolutivas do Homem, não mais um simples animal irracional, controlado pelo instinto, mas um ser inteligente chamado a exercitar o livre-arbítrio.

O trabalho configura-se, assim, como uma lei de observância indispensável, não apenas em favor de sua sobrevivência, mas também para que desenvolva a inteligência e supere em definitivo os resquícios de irracionalidade.

No irracional, guiado pelo instinto, o esforço pela subsistência é mínimo. A mãe natureza o atende. No homem, orientado pela razão, que deixou o berço e começa a andar, há uma solicitação bem maior de trabalho que tanto mais complexo se torna quanto maior o seu desenvolvimento intelectual, sofisticando suas necessidades de conforto e bem estar.

O aprimoramento da inteligência é uma benção, mas lhe impõe dúvidas e incertezas que não existiam no "paraíso".

A principal delas é saber sobre si mesmo, decifrar os porquês da existência e, sobretudo, descobrir o que há além da dimensão física, já que algo lhe diz, nas profundezas da Alma, que a Vida sobrepõe-se à morte do corpo físico.

Para tanto é preciso trabalhar por um outro tipo de alimento, que muito mais que o mero suor do rosto, exige o desenvolvimento da sensibilidade, a disciplina das emoções e muita humildade, para que, habilitado a enxergar além das limitações físicas, encontre os sinais de sua gloriosa destinação.

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