quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Espiritismo e vida futura

Espiritismo e vida futura

Vianna de Carvalho



Platão, fascinado pela doutrina de Sócrates, através do método dialético, revela o mestre nos "Diálogos" e no "Fédon", ampliando os horizontes filosóficos da Humanidade, à base da mais augusta moral.

Demócrito, interpretando Leucipo, concebe, no estudo da "partícula indivisível", a teoria atomista do Universo, favorecendo um racionalismo materialista, 2.300 anos antes da doutrina de Hegel.

Outros pensadores, criando escolas filosóficas diversas, padronizaram conceitos sobre a vida futura, dentro de um imediatismo absorvente, confundindo-a com os postulados políticos, econômicos e sociais, sugerindo o aniquilamento do ser concomitantemente à desagregação celular.

No entanto, homens igualmente preocupados com o fenômeno imortalista, tais como Agostinho que, fascinado pelas pregações de Ambrósio, sente em Jesus Cristo o vanguardeiro da Imortalidade, criaram inumeráveis Escolas que abrem perspectivas novas para o pensamento filosófico, sugerindo o além-túmulo como o grande fanal da vida terrena.

Tomás de Aquino, desejando traçar diretrizes seguras sobre o problema espiritual, apresenta a Teologia, padronizando o ensino evangélico em bases novas capazes de resistir ao sofisma grego e à negação materialista.

E enquanto o fenômeno da imortalidade toma corpo, o abuso da intolerância arma guerras e conflitos, procurando impor uma ideologia através do vandalismo e do crime.

E assim que a História se tinge de sangue com as Cruzadas, a Inquisição e o Santo Ofício, pregando, embora, o amor postulado por Jesus Cristo.

A literatura, pontificando a divulgação do patrimônio cultural dos povos, procurou igualmente asfixiar o ideal da vida futura, disseminando o pessimismo e inquietação.

Flaubert, através de "Madame Bovary", oferece uma concepção anarquista do matrimônio, encontrando no suicídio sentimental a fórmula ideal para fugir ao desassossego emotivo. E graças à sua pena prodigiosa, o inesquecível epiléptico, que revolucionou a arte de escrever nos dias de Sainte-Beuve, foi alçado às culminâncias do pensamento, oferecendo novo colorido à literatura.

No entanto, enquanto se debatem as correntes do pensamento nas águas turvas da negação e da dúvida, a Doutrina Espírita, pregando a vida futura, não se detém na mística dos santos nem na pesquisa dos materialistas; não se demora na aceitação dos informes teológicos nem nas referências dos extáticos, mas revive os ensinamentos de Jesus Cristo e comprova-os através do crivo experimental, dando nascimento a uma filosofia religiosa e a uma religião científica preparada para enfrentar as sutilezas dos sofistas e a irreverência dos cépticos.

O Espiritismo, em nome da vida futura, postula que o trabalho honesto, a moral sadia, a dignidade austera, ou a criminalidade, o erro, o abuso e desrespeito às leis não cessam em seus efeitos quando ocorre a destruição dos tecidos celulares.

Para o ocioso, a vida futura decorre da negligência, oferecendo-lhe o pantanal aniquilador em que se deterá por tempo indeterminado, até o retorno à carne...

Para o sensualista, a vida futura surgirá em formas escorregadias, apresentando as imagens do prazer que, mesmo experimentado, nunca atenderá à incoercível sede de gozo...

Para o criminoso de qualquer procedência, a vida futura retratará as contingências do erro, em tormentos continuados...

Na mesma ordem, para o homem de reta consciência, a vida futura surgirá como um Éden abençoado, onde o trabalho edificante, carreador de bênçãos, desdobrará a consciência do dever aureolado de paz e felicidade indizível.

Não podemos negar a inadiável consequência dos atos de hoje, na vida de além-túmulo, como natural decorrência das construções emocionais que nos alimentam na jornada humana. Por isso mesmo, o Espiritismo preconiza a transformação moral do homem à luz da verdade, dirigindo o pensamento aos cumes do dever puro c simples como normativa natural de libertação.

Ninguém fugirá crente ou céptico, aos efeitos dos atos do caminho comum, na jornada terrena.

Procuremos, portanto, no dever da justiça reta e do trabalho honrado, preservar a vida que, agora estuante, se desdobrará pelo futuro, no além-túmulo, em manifestação de uma felicidade que, "não sendo deste mundo", é patrimônio do mundo por onde seguem todos os homens.

Vianna de Carvalho por Divaldo Franco do livro:
À Luz do Espiritismo

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...