terça-feira, 27 de setembro de 2022

Amor-próprio

Amor-próprio

Joanna de Ângelis




O amor-próprio dá a exata dimensão do que se é, de como se encontra e de quanto se necessita realizar.

Literalmente, pode-se definir o amor-próprio como sendo aquele que o indivíduo se devota a si mesmo, a forma ideal de buscar a renovação interior, de progredir moral e emocionalmente, de construir o edifício das realizações que aformoseiam o caráter e o plenificam em profundidade.

É conquistado através de um grande silêncio, a fim de que se possa auscultar o íntimo, de modo a ouvir as mensagens que nele se encontram adormecidas e que irão despertando suavemente, apresentando o seu magnífico sentido por promanar de Deus.

Sem esse valioso contributo, perde o significado essencial que é dirigido ao Si profundo, resvalando para as conturbadas manifestações do ego, que se apossa das aspirações de beleza e de harmonia, transformando-as em imposições angustiantes que ferem os sentimentos dos outros, em razão do exagerado narcisismo de que se revestem.

O autoamor é a maneira mais promissora de ampliar-se a capacidade do afeto, direcionando-o para outras formas de vida, para outras pessoas.

Nada obstante, vem sendo confundido com o processo de desestruturação do sentimento em favor da autoiluminação, convertendo-se em manifestação de egoísmo, expressando-se conflituoso como orgulho ferido, que exige revide, impondo condutas extravagantes, senão absurdas na maioria das vezes.

Em razão desses tormentos, que remanescem no ser humano graças às suas heranças passadas, suas ansiedades não realizadas, suas inibições e sentimentos não expressos, invariavelmente se analisam as ocorrências de maneira equivocada, dando campo emocional para reações graves e confusas, mediante as quais se agride ou se recua, encastelando-se na animosidade ou explodindo em lutas mal programadas.

Torna-se muito comum apresentar-se a criatura iracunda, revoltada, por sentir-se ferida no amor-próprio, considerando-se desprezada, não levada na consideração que se atribui e espera que as demais lhe concedam.

Esse mórbido comportamento tem sido responsável por inúmeros e desnecessários sofrimentos que infelicitam não pequena parte da sociedade.

O amor a si mesmo, proposto por Jesus, é um convite sem retoques à dignidade pessoal, ao reto cumprimento dos seus deveres em relação aos anelos íntimos que se estendem aos sentimentos do próximo.

Provavelmente, na sua fase inicial, expressa-se como autovalorização descabida, por ignorância real das possibilidades que lhe são inatas e daqueloutras que supõe expressar, nem sempre com o êxito que lhe seria desejável.

Inabilitado o Espírito ao amor-próprio no seu conteúdo mais profundo, permite-se tornar soberbo, enrijecer o sentimento de ternura e de respeito pelo seu próximo, equipando-se de comportamentos agressivos, a fim de esconder as deficiências que percebe na área da afetividade ainda desconhecida.

O amor-próprio, portanto, invita o esforço de compreensão dos direitos de todas as pessoas perante a vida e, naturalmente, que também lhe são lícitos, nunca porém constituindo-se um privilégio que se atribui em detrimento daqueles que são inerentes aos outros.

O amor-próprio saudável é fundamental nos relacionamentos humanos, em particular nas parcerias afetivas, no matrimônio ou não, quando direcionado para o processo de autoiluminação.

Não predominando esse propósito superior, ei-lo manifestando-se como competitividade, em que pretende sobrepor-se ao outro, mesmo acreditando que tudo quanto lhe oferece não pode ficar acima daquilo que a si mesmo se deve dedicar. Essa infeliz conduta responde pelos desastres nos relacionamentos, por faltar a compreensão em torno do diálogo que não pretende vencer o opositor e sim esclarecê-lo, encontrando um caminho ideal por onde ambos transitem sem agressão nem domínio de espaço, no qual se movimentem na busca das suas realizações, sem que haja prejuízo de natureza alguma para qualquer um deles.

Essa compreensão da necessidade de conviver com as próprias características, sem deixar-se vitimar pela imposição daquele a quem ama, também oferece consciência dos limites que deve alcançar, não os ultrapassando por exigência dos caprichos desmedidos, do orgulho disfarçado em amor-próprio.

À medida que o ser humano conscientiza-se dos objetivos existenciais, dos desafios que o aguardam, de como deverá enfrentar insucessos e problemas, maior se lhe apresenta o amor-próprio, que o induz a não cometer os mesmos desvarios de antes, ao culto do personalismo perturbador, ao narcisismo desenfreado, nem tampouco à subestima, à desconsideração pelos seus potenciais de realização, enfim, a tudo quanto lhe é próprio como resultado das conquistas conseguidas.

Dá-se conta, então, do muito que lhe falta conquistar, porém oferece-lhe um inaudito júbilo em relação ao percurso vencido e aos valores já amealhados.

Percebe que muito ainda lhe falta para atingir a meta que estabeleceu, mas isso não o impede de avançar incessantemente, ganhando espaço pela estrada da evolução que percorre.

Vê, nos grandes missionários, verdadeiros mestres, mas não os inveja, assim como não lamenta aqueloutros que seguem na retaguarda, porque tem a perfeita compreensão de que em todo processo evolutivo existem os que se encontram na vanguarda e os que marcham atrás com disposição e confiança no futuro.

O amor-próprio abre um elenco abençoado de possibilidades de serviço para o progresso interior, equilibrando a emoção em referência às aspirações, a mente em relação ao comportamento, a vida diante da imortalidade.

Induzido ao autoaprimoramento, o Espírito torna-se tolerante para com as defecções do seu próximo, embora não concordando com essas atitudes infelizes; não se transforma em julgador de ninguém, porque conhece as dificuldades que defronta nesse embate de autocrescimento que não cessa. A sua visão de mundo é mais abrangente, mais rica de compaixão, mais enternecedora. Os seus sentimentos fortalecem-se, não os estabelecendo para o amor, porém não se submetendo às imposições infantis e doentias das pessoas amadas.

Esse enriquecimento opera o milagre da paz interior, por compreender que, mesmo não amado, tem o dever de amar, e embora ignorado em relação às próprias conquistas, cumpre-lhe preservar o amor por si mesmo.

Quando é humilhado, não se sente diminuído; exaltado, não acredita em superioridade pessoal; perseguido, não teme a ninguém ou a situação aflitiva qualquer; bajulado, não acredita na lisonja mentirosa.

O amor-próprio dá a exata dimensão do que se é, de como se encontra e de quanto se necessita realizar a fim de alcançar o objetivo da harmonia.

Preserva o teu amor-próprio da habilidade mefítica do ego, não te estremunhando com as pessoas que, de uma ou de outra forma, não te atribuam a consideração que supões merecer. O teu valor moral não pode ser medido ou compreendido por outrem que não esteja em nível de idêntica percepção.

Assim, concede-lhes o direito de te oferecerem respeito, que é a forma de que dispõem para expressar-te o que sentem em relação a ti.

Com amor-próprio acima de suspeitas infundadas, conquista as paisagens íntimas e sai no rumo do Infinito.

Joanna de Angelis por Divaldo Franco do livro
Garimpo de Amor


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