quinta-feira, 9 de junho de 2022

A Redescoberta da Reencarnação

A Redescoberta da Reencarnação

Hermínio C. Miranda



Quando se fizer, no futuro, um levantamento dos grandes equívocos do pensamento humano, um deles avultará de maneira singular entre os maiores: o abandono da doutrina da reencarnação. Creio não exagerar ao dizer que larga parte das mazelas que assolam a civilização moderna se deve ao desconhecimento dessa ideia tão simples e de tão importantes consequências morais para todo ser humano.

Não deixa de ser curiosa essa atitude, porque não apenas a ideia vem sendo trazida aos homens com insistência, como os mensageiros dessa doutrina têm sido as figuras mais representativas da classe pensante da Humanidade. Mesmo que faltassem outros reencarnacionistas eminentes, na Filosofia e no pensamento teológico, não bastaria citar Platão? Há, porém, Pitágoras, Menandro, Plotino, para lembrar apenas os maiores e uns poucos deles entre os gregos, sem necessidade de recorrer à galáxia de pensadores latinos. De tempos em tempos, outros vultos respeitáveis também manifestaram sua adesão a essa ideia que resolve com lógica irrefutável tantos conflitos morais e filosóficos.

Por isso, ao contrário do que muita gente poderia pensar, não foi o Espiritismo que lançou a doutrina da reencarnação. Kardec adotou-a por sentir nela a força de uma lógica irrespondível. Aconteceu, porém, uma coisa notável: as concepções proclamadas pelo Espiritismo sacudiam de tal maneira o convencionalismo religioso, científico e filosófico da época que quase todas as suas grandes ideias ficaram sob suspeita ou de quarentena. No entanto, como os fatos continuaram a se repetir com toda a gente — aqueles mesmos fatos que o Espiritismo estudara e explicara lucidamente —, os cientistas resolveram fundar uma ciência para examiná-los. E assim surgiu a Metapsíquica, na qual pontificou um grande cientista, o eminente professor Charles Richet, que apenas “namorou” aquilo a que ele chamava hipótese espírita, mas não se decidiu por ela francamente. Depois disso, voltou tudo ao esquecimento — abstraído um ou outro pesquisador mais corajoso —, até que o Dr. J. B. Rhine recomeçou tudo em 1930, já sob o nome de Parapsicologia. O campo de pesquisa, no entanto, é muito vasto e os métodos utilizados pelas chamadas ciências positivas nem sempre servem para pesquisar o Espírito. Ademais, os cientistas estão sempre recomeçando do bê-a-bá, isto é, da existência do Espírito. De pouco tempo a esta parte, retomaram o problema da sobrevivência sob o nome de função ou fenômeno THETA.

De sua parte, o professor Ian Stevenson resolveu reiniciar o estudo da reencarnação. O prof. Stevenson é médico e exerce o elevado e honroso cargo de diretor do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos.

Tenho aqui diante de mim o seu livro Twenty Cases Suggestive of Reincarnation (Vinte casos prováveis de reencarnação). A obra foi publicada com uma apresentação do prof. C. J. Ducasse, presidente da Comissão de Publicações da Sociedade Americana de Pesquisa Psíquica, sendo que o livro constitui o volume XXVI (setembro de 1966) dos famosos Proceedings da American Society for Psychical Research, custa US$ 6 (seis dólares) e tem 362 páginas.

O Dr. Stevenson possui uma coletânea de 600 casos, entre os quais selecionou os 20 desse livro, por apresentarem certas características em comum. Acha ele que os casos mais convincentes são os que emergem de lembranças espontâneas, especialmente em crianças que se recordam de existências anteriores. Já a pesquisa, em laboratório, se torna mais difícil porque quase sempre inibe a manifestação do fenômeno.

Na longa introdução ao seu livro, o prof. Stevenson descreve o seu método de pesquisa e os cuidados que colocou em examinar o assunto, a fim de evitar erros de julgamento que invalidassem os resultados. Investigou pessoalmente todos os casos que relata, tendo viajado, para isso, aos mais longínquos recantos do mundo para colher dados e informações. A sua seleção inclui os seguintes casos e países:
7 casos na Índia
3 no Ceilão
2 no Brasil
7 no Alasca
1 no Líbano
Na impossibilidade de examinar caso por caso, o que equivaleria praticamente a fazer um resumo traduzido do livro do prof. Stevenson, vamos resumir apenas um e comentar outro.

*

O caso de William George Junior, do Alasca, pareceu-me mais adequado para esta apresentação, pelas características que reúne, fazendo lembrar vários outros, porque não apenas inclui memória espontânea de uma existência anterior, como ainda a previsão da seguinte, até mesmo com sinais físicos de identificação.

William George (pai) era um famoso pescador do Alasca que acreditava na reencarnação como quase todos os membros mais idosos de sua gente — os índios Tlingits. Parece, no entanto, que nos últimos anos de sua vida começou a experimentar algumas dúvidas acerca da validade dessa doutrina, ao mesmo tempo em que sentia forte desejo de renascer após a morte. Dizia frequentemente à sua nora que, se a reencarnação fosse um fato, ele voltaria a nascer como filho dela. Dizia ainda que ela o reconheceria pelos seus sinais corporais de nascença, como os que tinha. E mostrava dois sinais proeminentes de cerca de meia polegada de diâmetro cada. O primeiro ficava na altura do ombro esquerdo e o segundo na parte interna do antebraço, duas polegadas abaixo da dobra do cotovelo. No verão de 1949, William George, que contava então cerca de 60 anos, manifestou novamente o desejo de retornar à vida como filho de sua própria nora. Nessa ocasião deu ao seu filho um relógio de ouro que ganhara de sua mãe e lhe disse:

— Eu voltarei. Guarde esse relógio para mim. Serei seu filho. Se há mesmo alguma coisa nessa história de reencarnação, eu o farei.

O filho Reginald foi para casa e deu o relógio à sua esposa Susan, transmitindo-lhe o recado do pai. O relógio foi guardado numa caixa de joias, onde ficou cinco anos.

*

No princípio de agosto de 1949, poucas semanas depois desses acontecimentos, o velho George desapareceu de um barco que capitaneava, sem que os membros da tripulação tivessem visto qualquer coisa ou pudessem recuperar-lhe o corpo. Supõe-se que tenha escorregado, sendo levado pelas ondas.

Pouco depois, Susan George ficou grávida e, em 5 de maio de 1950, deu à luz um menino, 9 meses após a morte do seu sogro. Essa criança era a nona de seus dez filhos, pois ainda teve mais uma. Durante o parto ela sonhou que o sogro lhe apareceu e lhe disse que estava esperando seu filho para ver. O menino realmente nasceu com duas manchas pigmentadas nos locais exatos em que existiam essas marcas no corpo do seu avô. Deram-lhe o nome do velho: William George. A criança apanhou uma grave pneumonia com um ano de idade. Somente começou a falar de três para quatro anos. Gaguejava, mas depois conseguiu dominar essa dificuldade. Informa o prof. Stevenson que William George tem inteligência normal e ia bem na escola quando ele o entrevistou.

À medida que crescia, foi-se evidenciando a semelhança dele com o falecido avô. Os mesmos gostos e antipatias e as mesmas aptidões. Até mesmo um pequeno defeito no caminhar, que tinha o velho, transmitiu-se ao menino. Também gestos, posturas e expressões lembravam o avô. Por outro lado, o menino demonstrou, logo cedo, vasto conhecimento acerca de pescaria e barcos. Conhecia as mais piscosas baías e, pela primeira vez que subiu numa embarcação, já sabia manejar as redes. Tinha, porém, muito mais medo da água do que os meninos da sua idade e era mais sisudo e sensível que os companheiros.

Outras indicações, porém, ainda viriam. O menino somente se referia aos seus tios e tias como seus filhos e filhas, enquanto à sua tia-avó ele chamava irmã. Preocupava-se com dois “filhos” (tios na presente encarnação) que bebiam muito álcool. Os sobrinhos de seu pai atual (seu antigo filho) chamam-no, brincando, de avô, e ele nada tem a objetar.

William George Junior demonstrou sempre conhecimento de lugares e pessoas que, na opinião de sua família, vão além do que seria normal esperar-se de um menino de sua idade e que não poderia ter sido adquirido pelos recursos normais de aprendizado. O professor Stevenson dá uma lista desses fatos na tabulação que faz anexar a todos os casos que examina.

Finalmente, quando o garoto tinha quatro para cinco anos, sua mãe resolveu um dia examinar suas joias. Quando ela apanhou o relógio do sogro, o menino, que brincava noutro aposento, veio para o quarto e, notando o relógio que ela segurava, disse:

— Olha o meu relógio!

Agarrou-se ao objeto tenazmente, repetindo que era seu, e foi uma dificuldade convencê-lo a deixar guardá-lo novamente. Depois disso, gostava de mostrar aos parentes e amigos o “seu” relógio. As pessoas da casa asseguram que o relógio ficou na caixa durante cinco anos, desde julho de 1949, quando Reginald o deu a Susan para guardar, segundo instruções do velho George. Asseguram também que jamais conversaram com o menino acerca da história do relógio. Acham ainda que a identificação aconteceu por acaso, pois a senhora Reginald não tinha intenção de mostrá-lo ao menino. Simplesmente “aconteceu” que o menino entrou no quarto no momento exato em que ela estava com o relógio nas mãos, e foi o próprio garoto que tomou a iniciativa de falar, sem que a mãe lhe mostrasse o relógio ou sugerisse qualquer coisa. O prof. Stevenson visitou o Alasca quatro vezes, de 1961 a 1965. Informa que de uns tempos para cá o menino começou a esquecer-se da personalidade de seu avô. (O livro é de 1966.) É um menino normal e aparentemente evita falar sobre o assunto. O professor não pode dizer se o seu retraimento se deve à timidez diante dele ou ao fato de estarem as lembranças mais esmaecidas.

Como em todos os casos que examina, o prof. Stevenson entrevistou várias pessoas relacionadas com os fatos e, depois de relatar o resultado dessas entrevistas, apresenta seus comentários, examinando as hipóteses que poderiam ser invocadas para explicar o caso, além da reencarnação. Uma dessas alternativas seria a simples transmissão genética, dado que o menino nasceu na mesma família em que vivera o avô.
Seria um erro descartar-se da questão como se somente a genética pudesse, na fase atual de conhecimento, explicar todos os seus aspectos. A genética pode apenas indicar a possibilidade de herança de marcas pelas gerações subsequentes. Não contribui, porém, para o nosso entendimento de como, no caso de William George Junior, somente uma criança, em dez na mesma família, teve marcas nos locais onde seu avô as tinha. A reencarnação, para a qual outras evidências não são particularmente fortes neste caso, oferece uma explicação para o fenômeno. Como já foi dito, a genética ajuda à compreensão das similaridades entre membros da mesma família; a reencarnação é a teoria capaz de explicar algumas diferenças entre membros da mesma família.
(Páginas 215 e 216.)
Mais abaixo, declara o professor que o defeito na perna que leva o menino a mancar quando caminha é explicado mais satisfatoriamente pela reencarnação.

Esse é o caso de William George Junior, do Alasca.

*

Vamos ver, a seguir, o caso de Jasbir, da Índia, pelas características especiais que o compõem.

Na primavera de 1954, o menino Jasbir, filho de Sri Girdhari Lal Jat, de Rasulpur, distrito de Muzaffarnagar, Uttar Pradesh,
morreu, segundo parece, de varíola. O pai saiu de casa para obter ajuda para o enterro, mas, como já era tarde, aconselharam-no a esperar pelo dia seguinte. O prof. Stevenson esclarece que é costume na Índia cremar os cadáveres, exceto de crianças menores de cinco anos, que costumam ser enterradas. Também as pessoas que morrem de doenças infecciosas são enterradas ou atiradas aos rios.

O pai do menino voltou para casa disposto a esperar pela manhã. Durante a noite, porém, notou que o corpo do menino começava a se mexer até que reviveu completamente. Alguns dias se passaram antes que o menino pudesse falar e algumas semanas decorreram até que se lhe tornou possível expressar-se com clareza. Quando isso aconteceu, demonstrou uma completa modificação de hábitos e de caráter.

Declarou, então, chamar-se Sobha Ram, filho de Shankar, da vila de Vehedi, e que desejava ir para lá. Recusava-se terminantemente a comer qualquer alimento na casa onde estava, porque ele pertencia à classe mais alta, a dos brâmanes. Sua posição diante do problema era tão radical que teria morrido de fome se uma senhora brâmane não tivesse tido a bondade de lhe preparar alguns alimentos de acordo com as normas da sua casta. Durante cerca de ano e meio o menino alimentou-se dessa maneira. Seu pai fornecia à senhora brâmane os ingredientes necessários. Às vezes, porém, a família o enganava, dando-lhe comida feita à maneira das classes mais pobres, e o menino ficava furioso. Ante a pressão da família, no entanto, acabou cedendo e comendo junto com os demais membros da casa. O período de resistência durou cerca de dois anos.

Nesse ínterim, Jasbir comunicava aos pais pormenores de sua vida anterior, na vila de Vehedi. Informou que durante uma festa de casamento, indo de uma vila para outra, comeu alguns doces envenenados e acrescentou que os doces lhe foram dados por um homem que lhe devia certa importância em dinheiro. Ficou tonto e caiu da carruagem em que viajava, sofrendo uma fratura na cabeça, do que veio a falecer algumas horas depois.

O pai do menino, segundo informou ao prof. Stevenson, tentou dissuadir o filho daquelas fantásticas histórias, evitando falar do assunto com quem quer que fosse. A narrativa, porém, acabou por tornar-se do conhecimento público, especialmente sua recusa em comer alimentos que não fossem preparados à maneira brâmane.

Uma senhora brâmane, chamada Shyamo, de Rasulpur, e que se havia casado com Sri Ravi Dutt Sukla, de Vehedi, vinha ocasionalmente — a intervalos de vários anos — a Rasulpur, onde vivia Jasbir. Numa dessas visitas à cidade, em 1957, Jasbir a reconheceu, chamando-lhe “tia”. De volta a Vehedi, ela narrou o incidente à família de seu marido e à família Tyagi. Os pormenores da morte, alegados pelo menino Jasbir, coincidiam com os fatos acontecidos com um jovem de 22 anos, chamado Sobha Ram, filho de Sri Shankar Lal Tyagi, de Vehedi. Sobha Ram morreu em maio de 1954 num acidente de carruagem, tal como narrado por Jasbir. A família Tyagi, no entanto, nada sabia sobre o alegado envenenamento nem sobre seu devedor. Depois de tomar conhecimento desses fatos, a família passou realmente a suspeitar de morte por envenenamento.

Mais tarde, Ravi Dutt Sukla, marido da Sra. Shyamo, visitou Rasulpur e ouviu os relatos sobre Jasbir e conversou com o menino. Depois, a família de Sobha Ram, inclusive seu pai, foi a Rasulpur visitar o menino, que os reconheceu a todos e os colocou na ordem correta de parentesco. Jasbir foi levado à vila de Vehedi e, ao desembarcar na estação, lhe foi pedido que orientasse os demais até o “quadrângulo” da família Tyagi. Explica o prof. Stevenson, em nota ao pé da página, que as famílias de recursos, na Índia, possuem, além da residência propriamente dita, uma construção com vários cômodos e um terreiro, onde se reúnem os membros masculinos da família, numa espécie de sala de estar ao ar livre. O quadrângulo, às vezes, fica distante da casa de família. Pois bem, Jasbir levou todo o pessoal para o quadrângulo da família Tyagi. Mais tarde, Jasbir foi levado à casa de Ravi Dutt Sukla e, de lá, por um roteiro diferente, soube ir à casa da família Tyagi, onde vivera como Sobha Ram. Permaneceu alguns dias na cidade, onde demonstrou a todos o conhecimento pormenorizado da vida de Sobha e da família Tyagi e seus negócios. Divertiu-se muito e foi com relutância que voltou à vila de Rasulpur, onde vivia agora. Sentia-se isolado em Rasulpur e gostaria de ficar para sempre em Vehedi.

O prof. Stevenson visitou essas duas cidades, em 1961, e lá voltou em 1964, para conferir os fatos que colhera da sua primeira visita, inclusive entrevistando novas pessoas e com novos intérpretes, ou conferindo informações com pessoas que já entrevistara da outra vez. Isso demonstra o cuidado com que conduz o seu trabalho e o interesse em apresentar todos os fatos relacionados com cada caso.

Diz o Dr. Stevenson que, nos demais casos que estudou, “a personalidade anterior morreu alguns anos antes do nascimento da atual personalidade. O intervalo varia, mas a média, nos casos indianos, é de 5 a 10 anos. O caso presente” — continua ele, referindo-se a Jasbir — “possui a característica incomum de a personalidade anterior, com a qual a pessoa ficou identificada, somente ter morrido cerca de três anos e meio depois do nascimento do ‘corpo físico da personalidade atual’”. (Grifo e aspas no original, págs. 33 e 34.)

O livro do prof. Stevenson é um repositório precioso de estudos e de informações colhidas com toda a seriedade, a favor de uma nobre doutrina que ele, cautelosamente, ainda considera uma hipótese de trabalho, se bem que a mais viável. (Veremos suas conclusões mais adiante.) Acho, porém — e creio que a maioria dos espíritas conhecedores de Kardec concordará comigo —, que o caso de Jasbir não se enquadra na doutrina reencarnacionista. A admiti-la no caso, teríamos que aceitar a hipótese incongruente de que um só Espírito animara dois corpos durante cerca de três anos e meio: o de Sobha Ram, um jovem adulto, e do menino Jasbir, em cidades diferentes e sob diferentes condições de vida. Perguntado a respeito do que lhe acontecera depois que morreu como Sobha
Ram, o menino respondeu que, depois de morto, encontrou-se com um Sadhu (homem santo), que o aconselhou a tomar conta do corpo de Jasbir, filho de Girdhari Lal Jat. Em 1964, quando o Dr. Stevenson visitou a Índia, esses acontecimentos já se tinham esmaecido na memória do menino.

Creio que a hipótese de um Espírito abandonar um corpo definitivamente, pela morte, e outro Espírito tomar posse do cadáver e reanimá-lo é também fantástica e altamente improvável. No meu entender, resta uma hipótese: o Espírito de Sobha Ram, recém-desencarnado, conseguiu fascinar o Espírito de Jasbir que, embora morto, conservava ainda suas ligações fluídicas com o corpo físico, e juntos empreenderam o processo de reanimação, do qual emergiu a personalidade de Sobha e não a de Jasbir. Mas qual o papel de Jasbir no caso? Trata-se de uma possessão? Acho, de qualquer maneira, que este não pode ser relacionado como um caso de reencarnação. Ao que sabemos, o Espírito somente se liga ao corpo físico através do processo da gestação, em que vai colhendo o material e montando, célula por célula, o seu organismo físico. Espero que algum confrade mais esclarecido tenha sobre o assunto melhor juízo.

O prof. Stevenson escreve as últimas 63 páginas do seu livro para examinar as diferentes hipóteses e concluir seu trabalho. A leitura desse capítulo, que denominou “General Discussion” (“Discussão geral”), é muito interessante. Uma a uma vai examinando e afastando as hipóteses de fraude, de criptomnésia, de memória genética, de percepção extrassensorial e de personificação. Muito embora algumas dessas hipóteses possam ser aplicadas a alguns casos, não têm elas o caráter de universalidade exigido pelos critérios científicos; ou seja, não explicam todos os fatos. Eliminadas essas, passa o professor às duas hipóteses temíveis da sobrevivência e da reencarnação. Faz uma distinção entre reencarnação e possessão espiritual, apoiado nos melhores textos de Hodgson, Hyslop, Myers, Prince, Osty, Tyrrell, Gabriel Delanne, Flournoy e Ducasse (seu prefaciador). Também a obra de Kardec não lhe é estranha, pois a cita quando reporta os casos de Marta e Paulo Lorenz, os seus dois
relatos brasileiros. 

Acha ele, na pior hipótese, que os casos autênticos dessa natureza constituem “importante contribuição à evidência em favor da sobrevivência, de vez que não podemos facilmente explicá-las à base da percepção extrassensorial entre os vivos”. (Pág. 318.) Se o fenômeno estivesse escorado na ESP (Extra Sensorial Perception), por que razão então as crianças têm conhecimento paranormal daquela personalidade específica e das que com ela se relacionam e não manifestam essa faculdade em nenhuma outra situação de suas vidas? Por que os pais dessas crianças, que poderiam transmitir-lhes a informação por via telepática ou parapsicológica, não revelam essas faculdades com relação a outras pessoas e a outros acontecimentos?

Examinando reencarnação e possessão, o prof. Stevenson elimina também a possessão, que não explicaria uma série de casos constantes de seus arquivos. Isso nos leva à doutrina da reencarnação, mas o prof. Stevenson ainda não se sente preparado para proclamá-la alto e bom som. Prefere uma conclusão cercada de cuidados, em apoio da sobrevivência do Espírito. Declara que os casos de sua coletânea demonstram que as personalidades atuais apresentam certas características que não podem ter herdado e nem desenvolvido na presente existência. “E, em alguns casos, essas características coincidem com feições correspondentes e específicas de uma personalidade morta e identificável. Em tais casos temos, assim, em princípio, acredito eu, alguma evidência em favor da sobrevivência humana após a morte física.” (Grifos meus ao texto original contido nas páginas 353 e 354 da obra citada.)

Compreendemos as cautelas do prof. Ian Stevenson que, em grau maior ou menor, são comuns a todos os cientistas sérios. Já houve progressos significativos na evolução do pensamento acadêmico. Há alguns anos, um professor universitário da categoria do Dr. Stevenson, que se dedicasse a esses problemas, estaria com sua reputação seriamente ameaçada. Hoje continua sendo um respeitado cientista, interessado num problema grave e que encontra verbas consideráveis à sua disposição. É fácil fazer profecias nestes casos, leitor: a reencarnação vai ser a maior redescoberta deste fim de século e fim de milênio. Estamos cada vez mais perto de proclamar essa verdade de tal maneira conclusiva e com tal segurança que a prova será monolítica, indestrutível. Tenhamos um pouco mais de paciência.

Hermínio C. Miranda do livro:
Reencarnação e Imortalidade

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