O que atraímos

Miramez

À consciência de todos nós, que já conhecemos o Cristo, nos responde o que atraímos: recebemos o que damos e colhemos o que semeamos. Não obstante, é preciso que esta certeza esteja assegurada em nosso íntimo, pois o trabalhador do bem sempre sofre opressões de todas as ordens, visto que o amor, no seu mais alto aprendizado, requer do estudante testemunhos maiores, para que os sentimentos se apurem no esplendor da luz.

Os exemplos que haveremos de dar diariamente, ao iniciado já não correspondem a sacrifícios, mas sim a um prazer e é como se fosse uma canalização de águas represadas por uma forte queda deste líquido, viajando por tubulação por algum tempo, para depois sair em bilhões de filetes sagrados, irrigando uma vasta extensão de terras. Com a alma, não ocorre de forma diferente: o aprisionamento dos problemas, das dores e dos sacrifícios levam a água da vida, num certo espaço de tempo, a bilhões de benefícios, em todas as áreas e em muitos planos da vida, que mais tarde conhecerás.

Quem faz o bem, certamente atrai o bem; a diferença está em não nos preocuparmos com o tipo de felicidade que vem ao nosso encontro, deixando para Deus esta escolha. E ainda, deveremos pedir ao Senhor que se faça a Sua vontade e não a nossa. 

Retornemos à conversa sobre a fala. O verbo moderado alcança mais depressa as condições de disciplinar certos sentimentos, e a alma sentir-se-á inteirada das modificações que haverá de fazer no seu modo de agir. A música da palavra bem formada, na sua candidez imperturbável, será inesquecível para quem ouve, tornando-se água do divino manancial, jorrando pela fonte humana da boca, e ainda criando uma imagem doce de formosura incomparável.

Muitos companheiros, ao lerem estas mensagens, interrogarão onde aprender tudo isso, com tantos pormenores e esticadas filosofias? E acrescentarão: não será isto somente uma abundância de teorias? De fato, parece difícil, porém não o é. Como bom observador, buscarás, na própria natureza das coisas e dos homens, teus irmãos, a universidade, a escola e os mestres. Toda sabedoria se esconde na simplicidade, e o "buscais e achareis" de Jesus é o primeiro passo: busca, que encontrarás. Os próprios escritos que tens nas mãos te pedem confiança; coloca-os em prática, porque a teoria aqui descrita, cuja leitura fazes, é nascida de vivências incontáveis.

Confabular com alguém é fazer com que vibrem milhões e milhões de centros microenergéticos em nós mesmos, gastando energia superior, na superioridade da vida. Se esquecermos de falar bem, de convidar Cristo para nos ouvir sem constrangimento, queimamos a essência da fala antes que ela saia de nós, e ficamos devendo, à economia universal, aquilo de bom que anulamos, antes que chegasse ao próximo.

Neste fim de século, estamos necessitando com urgência da autoeducação dos pensamentos, palavras e obras. Não obstante, se o empenho de melhor falar for maior que as tuas forças, começa por não falar aquilo que não poderás esconder no campo mental. Empenha-te na jornada do trabalho, como faz o salmão na época da desova. Vai subindo a cachoeira do teu verbo até atingir a planura esfuziante e linda da tua majestosa mente, mas vai trabalhando nos caminhos por onde passares, vai reparando os danos causados pelo mau uso de tua fala. Conserta tudo sem constrangimento e, se alguns dos teus amigos, acostumados por ti mesmo a ouvir o lixo das conversações destrutivas, admirarem-se da tua santidade e quiserem convencer-te a voltares ao que eras, reage, e segue o teu caminho com o Mestre. Medita, muito sobre o título desta mensagem: O que atraímos.

Miramez por João Nunes Maia do livro:

Horizontes da Fala

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