sexta-feira, 29 de abril de 2022

O desastre

O desastre

Ignotus



Faziam aquela viagem buscando paz, renovação interior, após o cansaço das tarefas acumuladas.

Desde que se consorciaram, era a primeira vez que fruiriam as bênçãos de merecidas férias.

Filantropos, cooperavam ativamente nos empreendimentos assistenciais da comunidade onde viviam.

O automóvel corria célere, e as horas passavam agradáveis.

Subitamente ele parou o veículo e recuou. Pareceu-lhe ver, tombado no precipício, um carro novo. O instinto fê-lo saltar precipite e correr na direção do desastre. A esposa o seguiu.

Olhando, cuidadoso, percebeu um jovem entre os ferros contorcidos, ainda com vida. Não titubeou. Empenhou esforços e resgatou o corpo, que transportou para o seu próprio automóvel. O moço parecia em coma.

Quase noite, como estivesse próximo a populosa cidade, para lá rumou e dirigiu-se ao hospital que lhe indicara um transeunte...

— Enfermeira, por favor, traga uma maca. — Adentrou-se, solicitando, desesperado. — É um acidentado...

— Parente seu?

— Não.

— Tem Instituto?

— Ora, não pude examinar. Parece-me que não tem documentação.

— Por que o senhor não chamou a polícia?

— Não houve tempo.

— O senhor se responsabiliza pelas despesas?

— Claro que não. Estou em trânsito. Isto é uma emergência.

— Então, não podemos aceitar, o paciente.

— Por Deus!

— Ordens do diretor... Todavia, se ele mandar...

— E onde está?

— Foi ao cinema...

Conduzindo o acidentado e guiado por informações, localizou a casa de diversões e o médico foi chamado. Informado da ocorrência o esculápio arrematou:

— Lamento muito, mas não posso fazer nada. Não recebemos indigentes e não somos “mensageiros da caridade”.

— Mas, doutor, o rapaz está a morte.

— Problema do senhor. Por que o não deixou na estrada, avisando a Polícia Rodoviária?

É o cúmulo!

— Em todo caso, tente conseguir do Prefeito uma autorização, mediante a qual se responsabiliza pelas despesas.

Novas buscas, demoradas, por fim coroadas de êxito. O chefe do executivo local, após ouvir a narração do lamentável desastre, cedeu uma autorização.

Novamente foi buscado o médico, enquanto o casal e o paciente aguardavam a porta do hospital. À sua chegada foi trazida a maca para remoção.

Quando o corpo estava sendo transportado, no corredor, o médico olhou de soslaio e deu um grito. Era seu filho, de 16 anos, que saíra de carro sem sua permissão. Pânico no nosocômio.

— Emergência! — alguém gritou.

Tarde demais. O jovem estava morto.

Passaram-se 3 horas, desde que o casal percorria a cidade, tentando interná-lo na Casa de Saúde do genitor...

***

A mãe, notificada, enlouqueceu, e o pai, que exigia rigorosa documentação para não perder dinheiro, cerrou as portas do hospital, depois de perder o filho.

O casal generoso, porém, ao retornar a sua cidade, reuniu amigos e, sob a emoção da tragédia, deu início a uma Associação de socorro gratuito a acidentados, mediante convênio com as entidades especializadas da sua comunidade, objetivando atender casos que tais, de imediato enquanto se tomem outras providências.

***

Desastre maior, cada dia, é o esfriamento dos sentimentos e o arder das paixões.

Tu que conheces Jesus, reflete e age.

Ignotus por Divaldo Franco do livro:
Depoimentos vivos
Artigo publicado na Revista Reformador Jan/1974 - FEB

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