Integração Doutrinária
Vianna de Carvalho
Allan Kardec - Codificador da Doutrina Espírita |
À medida que as ideias enobrecidas adquirem notoriedade e passam a ser aceitas pelas multidões experimentam o risco de perder em profundidade o alto conteúdo de que se revestem, pelo que adquirem em superficialidade.
De imediato, aparecem intérpretes de ocasião para lhes darem novas informações, adaptando-as ao próprio temperamento, ao raciocínio e à maneira como conduzem a existência.
Alguns mais exaltados, preocupam-se em defendê-las, organizando sistemas e ortodoxias nos quais as aprisionam, tornando-se os únicos em condições de bem entendê-las.
Outros, mais cômodos, buscam enxertar-lhes modismos, em tentativas de atualizá-las, desfigurando-lhes as lições, que passam a adaptar-se às paixões e condicionamentos da sua irresponsabilidade Moral.
Diversos propõem reformulações ao sabor da sua ótica, encontrando erros e conceitos que afirmam ultrapassados, de forma que a jactância e a presunção pessoal elejam-nos como reformadores, todavia, perfeitamente dispensáveis. Assim aconteceu com o pensamento de Jesus, tanto quanto com diversas doutrinas libertadoras de consciência e de sentimentos.
O Espiritismo não poderia ficar indene a essa tendência modernista e transformadora da inquietação mental humana.
Mesmo sem um conhecimento real e profundo dos seus postulados científicos, das suas explicações filosóficas e da sua ética moral e religiosa, pessoas inadvertidas investem com frequência, apresentando teses ingênuas e passadistas, métodos profanos transitórios, recursos culturais apressados, desejosos de introduzi-los no Movimento, sempre ávido de novidades, porque constituído por indivíduos quase sempre desequipados do conhecimento doutrinário em trânsito ligeiro pelas suas fileiras.
Adentram-se pela Casa Espírita essas pessoas, travam contato com a Doutrina rapidamente e sentem-se credenciadas a propor reformulações e mudanças, apêndices de outras crenças em voga; com a mesma facilidade, desvinculam-se do compromisso, quando não aceitas as suas sugestões, nem aplicadas as suas propostas.
O Espiritismo é uma Doutrina granítica, em face da estrutura da Codificação.
É verdade que aceita todas as contribuições do progresso, que a Ciência confirma, porém, mantendo a sua estrutura especial, por proceder da Imortalidade para a Terra e não desta para aquela.
Certamente, grande número de adeptos sinceros, que mourejam nas suas fileiras, constituem segurança para o comportamento doutrinário, sereno e convicto, sem as alterações oscilantes daqueles que se comprazem com as novidades de breve duração.
Por isso mesmo, o compromisso com o Espiritismo leva a atitudes de fidelidade, de integração nos seus postulados, pautando a conduta nas diretrizes morais que estabelece como recurso iluminativo e libertador.
Existem, e multiplicam-se, admiráveis conquistas do conhecimento e do progresso da Humanidade, que vêm contribuindo para a transformação da sociedade e do Mundo para melhor.
São esforços grandiosos de missionários comprometidos com diferentes áreas do processo da evolução, promovendo o ser humano e o Planeta.
Respeitando-os, no entanto, no labor que desenvolvem, evite-se trazer para a Casa Espírita as suas realizações, que podem desviar do compromisso primordial com a própria Doutrina aqueles que lhe estão vinculados.
Ajude-se, quanto se puder, porém estabeleçam-se critérios de aplicação, para cada atividade no seu lugar, de modo que se não dividam os trabalhadores em grupos e facções competitivos, arregimentando membros para as suas respectivas áreas.
Afirmando e demonstrando a imortalidade da alma e a Justiça Divina, o Espiritismo mergulha a sonda das indagações no organismo das Ciências e, remontando às causas da Vida, estabelece as linhas éticas para o comportamento feliz, trabalhando o ser integral, indestrutível, sem cuidar apenas de uma das suas partes, por mais importante pareça.
Não comportam na inteireza doutrinária adenda salvacionista, contribuições simplistas de soluções apressadas, aplicações de fórmulas de ocasião. Entre os seus ensinamentos está a Lei de Causa e Efeito, que o amor e a caridade conduzem com sabedoria, em proveito da criatura.
A integração doutrinária, portanto, neste momento de expansão dos postulados espíritas, faz-se imprescindível, a fim de ser preservada a qualidade da sua mensagem, mesmo que em detrimento da quantidade dos seus adeptos.
O Espiritismo é a grande luz que verte do Alto para libertar os homens da ignorância, do fanatismo, da incredulidade, levando-os de volta a Deus, à comunhão harmônica com a Consciência Cósmica.
Vianna de Carvalho
Mensagem publicada na Revista Reformador Abr. 1996
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco. em 6 de novembro de 1995. no Centro Espírita Caminho da Redenção em Salvador-BA.)
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