quinta-feira, 25 de abril de 2019

Polêmica Espírita

Polêmica Espírita

Allan Kardec



Perguntaram-nos muitas vezes por que não respondíamos, em nossa revista, aos ataques de certas folhas contra o Espiritismo em geral, contra os seus partidários e por vezes mesmo contra nós. Cremos que em certos casos é o silêncio a melhor resposta. Além do mais, há um gênero de polêmica do qual tomamos por norma nos abstermos: a que pode degenerar em personalismo. Isto não só nos repugna, como nos tomaria um tempo que não podemos empregar inutilmente, além de ser muito pouco interessante para os nossos leitores, que assinam a revista para sua instrução e não para ler diatribes mais ou menos espirituosas. Ora, uma vez nesse caminho, difícil seria dele sair. Por isto preferimos nele não entrar. Parece-nos que com isto o Espiritismo só teria a ganhar em dignidade. Até aqui só temos que aplaudir a nossa própria moderação, da qual não nos arredaremos. Jamais daremos satisfação aos amantes de escândalos. 

Entretanto, há polêmica e polêmica. Há uma ante a qual jamais recuaremos ─ é a discussão séria dos princípios que professamos. Contudo, aqui também deve ser feita uma distinção. Se se trata apenas de ataques gerais, dirigidos contra a doutrina, sem um fim determinado, além do de criticar, e se partem de pessoas que rejeitam sistematicamente tudo quanto não compreendem, não merecem a nossa atenção. O terreno diariamente ganho pelo Espiritismo é resposta peremptória e lhes deve provar que os sarcasmos não têm produzido grande resultado. Ainda há a notar que as intermináveis pilhérias de que eram vítimas os partidários da doutrina vão se extinguindo pouco a pouco. É o caso de perguntar se há motivos para rir de tantas pessoas eminentes, pelo fato de adotarem as ideias novas. Hoje alguns esboçam um sorriso apenas por hábito, enquanto outros absolutamente não riem mais e esperam. 

Notemos ainda que entre os críticos há muita gente que fala sem conhecimento de causa e sem se ter dado ao trabalho de aprofundar-se. Para lhes responder fora necessário, incessantemente, recomeçar as mais elementares explicações e repetir aquilo que já escrevemos, o que nos parece inútil. Já o mesmo não se dá com os que estudaram e nem tudo compreenderam e com os que realmente querem esclarecer-se, que levantam objeções de boa-fé e com conhecimento de causa. Neste terreno aceitamos a controvérsia, sem nos gabarmos de resolver todas as dificuldades, o que seria demasiada pretensão. A ciência espírita está em seu início e ainda não nos revelou todos os seus segredos, por maiores que sejam as maravilhas já desveladas. Qual a ciência que não mais possui fatos misteriosos e inexplicados? Confessaremos, pois, sem nenhum acanhamento, a nossa insuficiência sobre os pontos que ainda não podemos explicar. Assim, longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos, desde que não sejam irrelevantes e não nos façam inutilmente perder tempo com futilidades, pois que é esse um meio de nos esclarecermos. 

É a isto que denominamos polêmica útil, e será útil sempre que ocorrer entre gente séria, que se respeita o bastante para não perder o decoro. Podemos pensar de modo diverso sem diminuirmos a estima recíproca. 

Afinal de contas, que buscamos todos nessa palpitante e fecunda questão do Espiritismo? Esclarecermo-nos. Antes de mais nada buscamos a luz, venha de onde vier, e se externamos a nossa maneira de ver, não se trata de uma opinião pessoal, que pretendamos impor aos outros. Entregamo-la à discussão e estamos dispostos a renunciá-la, se nos demonstrem que estamos em erro. 

Essa polêmica, nós a sustentamos diariamente, em nossa Revista, através das respostas ou das refutações coletivas que publicamos a propósito deste ou daquele artigo. Aqueles que nos honram com suas cartas encontrarão sempre a resposta ao que nos perguntam, toda vez que não nos é possível responder em carta particular, o que nem sempre é materialmente possível. Suas perguntas e objeções constituem outros tantos assuntos de estudo, de que nos aproveitamos pessoalmente; e nos sentimos felizes por estender esse proveito aos leitores, à medida que se apresentam fatos em conexão com as mesmas. Também sentimos prazer em dar explicações verbais às pessoas que nos honram com a sua visita e nas conferências caracterizadas por um cunho de entendimento, nas quais nos esclarecemos mutuamente. 

Allan Kardec
Revista Espírita Novembro 1858

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem
- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
- Dúvidas e contatos enviar e-mail para: regeneracaodobem@gmail.com 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...