A verdadeira propaganda
Bezerra de Menezes
Pensem como quiserem os que entendem dever fazer a propaganda espirita por todos os modos, mesmo nas praças, sujeitando a divina Doutrina à galhofa do público mesmo nos teatros em meio do ridículo dos espectadores, e até aos alcouces, por entre os esgares desprezíveis, de seres infelizes, seus frequentadores.
Nem Jesus, o santíssimo modelo, nem os apóstolos, seus autorizados imitadores, expuseram jamais à galhofa, ao ridículo e aos esgares da corrupção os ensinos da salvação.
Quer um, quer outros, levaram a palma da Verdade a todos os meios, é certo, porque o doente é que precisa do médico; porém, fizeram-no sempre guardando a compostura, severamente moralizadora, de ministros da mais pura, santa e veneranda Doutrina: ergueram a luz à altura de ser vista por toda a humanidade, mas não a levaram aos antros.
Do que, serve pregar o Espiritismo, que é o Evangelho segundo o espirito e a verdade, dando àqueles que o pregam o exemplo do seu desrespeito pelo modo irreverente de pregá-lo?
Sancta sancto tractanda sunt: as coisas sagradas, devem ser com todo o respeito tratadas.
Por este modo, um que seja, que se colha para o redil bendito, vem convencido da santidade da Doutrina, pelo acatamento com que a vê exposta, e será um convencido digno e dignificador da Santa Lei.
Pelo contrário, os que são trazidos, como em folia, por milhares, que sejam, virão crentes, pelo modo por que viram obrar os propagandistas, de que o Espiritismo é meio de distração, senão de brincadeira, e esses milhares nem aproveitam para si, nem concorrem de leve para o triunfo da boa Lei.
Propagar o Espiritismo por toda a parte, sim; mas propagá-lo com o respeito e o acatamento que requer o ensino da Divina Revelação.
Bezerra de Menezes
Artigo publicado 4 anos antes do seu desencarne em 11/04/1900.
Revista Reformador Ago. 1896 - reproduzido também em Out. 1954 e Set. 1971.
Revista Reformador Set. 1971 Recorte com o artigo de Bezerra de Menezes |
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