A Óptica Espírita
Ivon Costa
Estes são dias de paradoxos, de discrepâncias, de litígios.
As ideias surgem e as liças se fazem graves.
A liberdade acena e os abusos a amesquinham.
Os direitos do homem começam a ser considerados e novas formas de opressão se manifestam.
As altas conquistas da tecnologia se apresentam e os desregramentos da emoção campeiam com desassombro.
Busca-se paz enquanto se fomentam guerras.
Fala-se em amor, violentando-se os sentimentos de elevação.
Intenta-se chegar às alturas da glória, ao tempo em que as criaturas tombam, vitimadas pela fome, pelas doenças, pelos crimes, pelo desconforto.
... Não é uma visão pessimista do mundo. São as ocorrências da atualidade, como efeito dos disparates que o homem se tem permitido e do materialismo utilitarista a que se tem oferecido.
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Aborto delituoso, eutanásia, pena de morte, narcotráfico, corrupção dos costumes, atentados à dignidade, guerras que, normalmente, mereceriam repúdio, face aos seus nefandos efeitos, encontram defensores ardorosos, que se apaixonam e fomentam a corrida alucinada das gerações novas e inexperientes, que tombam no sorvedouro da alucinação...
Sucede que, aqueles que consideram a vida como uma rápida passagem carnal, somente vêem o hoje, o agora, porque, temerosos da própria fragilidade, desejam sorver até a última gota a taça enfeitiçada do prazer.
Anestesiados pelos vapores da indiferença e fixados no imediatismo, bloquearam os centros do discernimento espiritual, impedindo-se de vislumbrar a luz da imortalidade um pouco mais adiante.
Dizem-se decepcionados com a sociedade, que agridem e ridicularizam, porque estão insatisfeitos consigo próprios.
O Espiritismo, no entanto, chegou em hora oportuna, demonstrando a todos a realidade legítima da vida, que transcende aos estreitos limites em que tem jazido encarcerada.
Desafiando as mentes invigilantes a que lhe penetrem o conteúdo, abre espaços para a felicidade sem amarras com o sofrimento e para a paz depois de superada a sofreguidão.
Propondo a imediata revisão dos vigentes conceitos do absurdo e da desesperação, repõe nas faixas do otimismo o pensamento e a emoção, reestruturando o homem, na sua individualidade eterna, mediante a vivência da atual personalidade em dignificação.
Remontando às causas, nelas encontra a fórmula eficiente para anular os efeitos negativos, conscientizando o homem em torno das suas responsabilidades, antes que dos direitos que reclama sem fazer-lhes jus.
As lentes que têm propiciado a mentalidade contemporânea para considerar a vida em si mesma apresentam distorção de imagem, graças ao que manifesta-se o contexto social e histórico, emocional e econômico, moral e educativo, em situação lamentável.
A óptica espirita corrige essa anomalia e proporciona a visão correta do mundo, ensejando novo compromisso para com a existência, dando-se início a uma revisão de conceitos para a posterior vivência dos mesmos, gerando uma sociedade feliz, consequência natural e inevitável do homem renovado e digno.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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