quinta-feira, 20 de abril de 2023

Frederico Chopin, na Espiritualidade

Frederico Chopin, na Espiritualidade

Yvonne A. Pereira

" - Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
- Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo Espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos." (ALLAN KARDEC - "O Livro dos Espíritos", Cap. VIII. Pergunta 401.) 
No importante livro "Fatos Espíritas", de WilIiam Crookes, o sábio investigador das personalidades invisíveis, existem estes dois tópicos: o primeiro referente a aparições de "mãos luminosas visíveis à luz ordinária", o segundo tratando das célebres materializações do Espírito Katie King. Transcrevemos ambos no início da presente crônica, porque os julgamos testemunhos adaptáveis a outras materializações que temos presenciado, não obstante serem estas categoricamente espontâneas, e não provocadas, como as primeiras:

"Nem sempre ela (a mão) é uma simples forma, pois algumas vezes parece perfeitamente animada e graciosa: os dedos movem-se e a carne parece ser tão humana quanto a de qualquer das pessoas Presentes." (Página 42, da 5 edição da FEB.) "Katie nunca apareceu com tão grande perfeição."

Durante perto de duas horas passeou na sala, conversando familiarmente com os que estavam presentes. Várias vezes tomou-me o braço, andando, e a impressão sentida por mim era a de urna mulher viva que se achava a meu lado, e não de um visitante do outro mundo." (Página 70, da 5 edição da FEB.)

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Sendo a faculdade mediúnica o meio de que a criatura encarnada dispõe para se tornar intérprete do mundo espiritual, e estando tal faculdade prevista nas leis da Natureza, não será impossível, dentro de certo limite, a um médium que se haja dedicado convenientemente ao exercício da faculdade, comunicar-se com este ou aquele Espírito, que tanto poderá ser entidade normal e esclarecida como inferior e obsessora. Ernesto Bozzano, sábio psiquista italiano, que os espiritistas estudiosos tanto acatam, em uma de suas admiráveis obras, ("A Crise da Morte" - XVI Caso) declara que, entre as entidades inferiores, talvez somente os chamados "réprobos" jamais possam comunicar-se com os médiuns, o que nos induz a concluir que tais Espíritos, os réprobos, portadores de vibrações viruladas por múltiplos prejuízos, tão contagiosas quanto a mais perigosa peste, poderiam, com sua presença, no fenômeno de incorporação, quando é franca a permuta de vibrações, levar os médiuns a enfermarem gravemente ou até mesmo a morrer. Os grandemente iluminados lutariam, de seu lado, com dificuldades para plena harmonização com o médium, dada a inferioridade moral-vibratória deste.

Não obstante, possuem eles tantos meios, que os homens ignoram, de transmitir seus pensamentos e ideias, suas influenciações se infiltram tão sutilmente e de forma tão variada nos meandros de uma faculdade mediúnica, que frequentemente os homens recebem lições e conselhos dessas entidades grandiosas, ignorando que sejam delas, pois, de regra, individualidades espirituais dessa categoria, sobretudo aqueles cujos nomes foram conhecidos na Terra, tomam pseudônimos a fim de se fazerem acreditados, visto que a verdadeira identidade seria posta em dúvida ou causaria escândalo, ao mesmo tempo que acarretaria dissabores ao médium, o que um Espírito elevado sempre costuma evitar.

Camilo Castelo Branco, o eminente escritor lusitano, amplamente conhecido, um dos nossos mais antigos amigos espirituais, que desde os nossos doze anos de idade nos aparecia em visões nítidas, queixava-se amargamente, como Espírito, de se ver, com frequência, corrido de junto dos médiuns, com quem gostaria de se comunicar, enxotado dos Centros Espíritas, sob acusação de mistificador, apenas porque o seu maior prazer seria testemunhar ao mundo a própria imortalidade e o noticiário copioso do Além, o que o levava, necessariamente, a se apresentar com a sua verdadeira identidade. No entanto, aceitavam-no, sem objeções, quando ele, no desejo de falar com os mortais, passava a mentir e enganar, afirmando chamar-se Camilo da Silva aqui, José Camilo Botelho ali, e mais além Camilo da Fonseca, pobre professor português que tivera a desdita de se suicidar por motivo de dificuldades financeiras.

Mas, porque não aceitavam Camilo, o escritor? Porque o grande Camilo não se poderia comunicar com qualquer médium, em qualquer Centro Espírita, para falar aos seus irmãos de humanidade, como tanto desejava, se, como Espírito desencarnado, não passava de entidade sofredora, carente de consolo e estímulo para a reabilitação, embora na Terra houvesse sido mestre da língua portuguesa, romancista emérito? Pois sabemos que o talento, o saber, os títulos honoríficos conferidos pela Terra, a um cidadão desprovido dos dotes morais e qualidades honrosas do caráter e do coração, nada representam na Pátria Espiritual, e até que, na maioria das vezes, somente servem para confundi-lo e sobrecarregá-lo de responsabilidades, porquanto justamente os cérebros mais burilados de cultura são os que deveriam conhecer melhor as leis do Bem e da Justiça, únicas moedas valorizadas no Além-Túmulo. Por isso mesmo, o amigo Camilo Castelo Branco, Espírito necessitado de aprendizado rigoroso, ansioso por servir à causa da Verdade entre os homens, buscando lenitivo para suas muitas dores nas narrativas e lições que, extraídas da própria experiência, sempre desejou oferecer aos encarnados, a fim de aplanar caminhos para os seus resgates futuros, não conseguiu nem médiuns nem Centros Espíritas que lhe aceitassem a palavra, porque os homens o endeusaram tanto, graças a sua copiosa literatura, que até mesmo os espíritas esqueceram que ele, espiritualmente, não passava de entidade vulgar, pela situação moral que seus desacertos terrenos lhe acarretaram no mundo invisível. Muito mais radiosos e sublimes serão Bezerra de Menezes e Emmanuel, almas peregrinas, cuja inefável bondade e elevação de vistas as tornam angelicais por excelência, podendo mesmo asseverar-se que são das individualidades espirituais mais elevadas que se têm comunicado ultimamente com a Terra. E, no entanto, aí estão, sem se diminuírem ao se comunicarem conosco. E todos nós os aceitamos, com raríssimas exceções.

Assim pensando e refletindo é que nos propomos a tratar da individualidade espiritual Frederico Francisco Chopin, um dos maiores gênios da Música que a Terra há tido a honra de hospedar, o que se dá sempre que necessitam as gerações de um vigor novo, de nova seiva para a expansão do Belo entre os homens. Esse encantador Espírito, não obstante nossa insignificância pessoal - tal como Camilo Castelo Branco, Bezerra de Menezes, Léon Denis, Charles, Leão Tolstoi, D. Pedro de Alcântara, Vítor Hugo, Padre Vítor, Dr. Augusto Silva, Inácio Bittencourt, César Gonçalves e outros, inclusive suicidas, alguns muito conhecidos pela nossa sociedade, obsessores, criminosos, etc. -, tem sido um dos mais ternos amigos que adquirimos através da mediunidade. E se, como os primeiros, não nos concedeu, até agora, mensagens literárias escritas, concede-as verbalmente, em aparições e materializações edificantes, e ainda porque, em vez de escritor ou beletrista, foi músico; daí - afirma ele próprio -, somente saberá bem expressar-se por música, ao passo que nós, como médium que somos e não musicista, não estamos preparada para que ele venha ditar, ao em vez de romances ou livros doutrinários, prelúdios e noturnos, valsas ou "polonaises", visto a psicografia musical ser obra mediúnica infinitamente mais melindrosa e difícil que a literária, requerendo, mesmo, da parte do médium, uma boa dose de cultura musical. Entretanto, tem ele endereçado páginas carinhosas, como cartas, a alguns amigos que dele solicitaram, por nosso intermédio, conselhos e sugestões sobre música. Assim sendo, e não se tratando, a nossa afinidade com o Espírito Frederico Chopin, de atração motivada pela música, mas simplesmente questão pessoal, nenhuma admiração ou estranheza deverá causar a notícia de que entidades como ele próprio, e mais Camilo Castelo Branco, Vítor Hugo ou Castro Alves e Bilac, se dirijam a este ou àquele médium, com quem sentiram afinidades, as quais também podem não ser literárias ou artísticas, mas sentimentais e afetivas, para uma confabulação amistosa, amorável, sobretudo quando o fruto que apresentarem esteja à altura daquilo que deixaram ao partirem para o Além. Os Espíritos gostam de ser amigos e de serem amados pelos homens, e a grandiosidade da Doutrina dos Espíritos é justamente esta: permitir que se derrubem as barreiras da morte, para que os homens e os Espíritos se entendam, num intercâmbio glorioso de afetos e labores. Geralmente, os Espíritos se apresentam aos médiuns voluntariamente, e gostam de contar-lhes o que sentem, o que fazem, como vivem, as primeiras impressões e desapontamento que os surpreenderam, o que sofrem e o porque pretendem, seja no intuito de instruírem os homens, ajudando-os no progresso a realizar, seja testemunhando a própria imortalidade ou visando a se tornarem lembrado dos seres queridos aqui deixados, amigos e admiradores ou, ainda, fiéis aos labores de um resgate necessária à sua honra espiritual. Alguns, como o próprio Chopin, gostam da Terra, visto que é sempre vivamente atraído para os planos terrestres por forças telepáticas poderosas. Ele próprio afirma, em confabulações com que nos tem honrado, em ocasiões encantadoras para a nossa sensibilidade mediúnica, que aqui, no Brasil, existem reencarnadas, personalidades que lhe foram muito caras no passado, e que, no momento, lhe é muito grato enviar notícias aos homens. Interessa-se profundamente pela Doutrina dos Espíritos, pois confessa que, em suas existências passadas, não chegou a se dedicar fielmente a nenhum credo religioso, não obstante estivesse convencida da ideia de Deus, da imortalidade da alma e da eternidade imutabilidade das leis divinas. Sua religião tem sido, através dos milênios, as Artes, pois afirma ter vivido em várias épocas sobre a Terra, sempre como artista destacado. Ele serviu mesmo, como gênio inesquecível, as Belas Artes, a Arquitetura, a Pintura e finalmente a Música, que parece ser o ponto culminante das Artes em nosso planeta, o ápice da sensibilidade que um gênio da Arte pode galgar no estado de encarnação. Interessa-se igualmente, enternecido, pelo Esperanto, cuja perspectiva abrange numa visão futura deslumbradora, ainda porque se sensibiliza com o fato de haver sido polonês o gênio criador do brilhante idioma, Lázaro Zamenhof, seu compatriota, pois Frederico Chopin, apesar de ser entidade evoluída, conserva ainda certos preconceitos muito humanos, como, por exemplo, a reminiscência do seu amor pelo berço natal, a Polônia, sempre que paira pelas atmosferas terrenas, o que nos leva a confirmar o esclarecimento contido nas obras doutrinárias, de que um século seria, para um Espírito desencarnado, como algum pouco tempo para nós. E não será o grande músico um caso isolado.

Léon Denis, considerado apóstolo do Espiritismo, é tão patriota como Espírito como o foi em vida terrena, e o nosso Bezerra de Menezes revela visivelmente a sua predileção pelas coisas do Brasil, sempre que possível.

No entanto, seria erro supor que artistas geniais, só pelo fato de o serem, se santificassem ou se tornassem espiritualmente superiores, após o decesso corporal. Como homens, eles cometeram, muitas vezes, deslizes graves, rastejaram pelas camadas inferiores da moral, o que os fez sofrer, no Espaço, períodos críticos, humilhações e vexames, de que estariam isentos se, a par do ideal superior que abraçaram, como veros artistas, cultivassem também sólida crença em Deus, respeito por suas leis e moral elevada. Basta retrocedermos ao passado, examinando a vida de sofrimentos e provações que a maioria dos artistas geniais houve de enfrentar neste mundo, para aquilatarmos do grau dos seus deslizes anteriores, muito embora fossem gênios consagrados à Arte, desde períodos milenares, talvez, através das reencarnações. Referindo-se a artistas geniais, assim se expressa Léon Denis no Cap. XXVI da sua obra "No Invisível".

"São homens, sim, em tudo que têm de terrestre, por suas fraquezas e paixões. Padecem todas as misérias da carne, as doenças, as necessidades, os desejos materiais.

O que, porém, os faz mais que homens, o que neles constitui o gênio, é essa acumulação dos tesouros do pensamento, essa lenta elaboração da inteligência e do sentimento através de inumeráveis existências, tudo fecundado pelo influxo, pela inspiração do Alto, por uma assídua comunhão com os planos superiores do Universo. O gênio, sob as mil formas que reveste, é uma colaboração com o Invisível, uma assunção da alma humana à divindade...

Por isso mesmo, muitos deles retornaram a reencarnações obscuras na própria Terra, após curto estágio no Além, assim acontecendo ao próprio Chopin, considerado "suicida inconsciente" na Espiritualidade, o qual se submeteu a uma nova existência, curta, humilde e apagada, mas triunfante e meritória para si próprio, depois da glória imortal com que presenteou o mundo. No momento, porém, podemos afirmar, convincentemente, graças a um convívio assíduo e fecundo com beneméritos amigos invisíveis, que os nobres artistas do passado, exceção feita de alguns poucos, se encontram reunidos na Pátria Espiritual, onde progridem e se habilitam para. em ocasião oportuna, voltarem em falanges brilhantes, a fim de viverem nas sociedades terrenas servindo à Arte, a qual, então, alcançará um inconcebível fastígio, como ao Amor, a que não serviram ainda, pois eles próprios têm feito tais confissões sempre que lhes é permitido confabular com os médiuns. Confessam, outrossim, o grande desgosto que os acompanha quando reconhecem que, no estado de encarnação, arrebatados pela Arte, esqueceram os caminhos luminosos conducentes à redenção espiritual, o que nos leva à conclusão de que a Arte, por si só, não redime ou santifica o artista. Ele necessitará, além dela, do cultivo do amor a Deus e ao próximo, da excelência de uma fé inquebrantável nos princípios divinos, pois a lei que do Todo-Poderoso emanou, para orientar o trajeto evolutivo das criaturas, não foi diferente para os artistas. Foi, sim, a mesma, invariável, eterna: Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo Como a si mesmo.

Não obstante, é fato observado que o verdadeiro artista, o artista enamorado do ideal da perfeição no Belo, ou gênio, e não apenas o artista mercenário, jamais carrega perversidade nos próprios atos. Naturalmente bondosos, parece que a comunhão constante com o Belo isenta-os da prática de perversões contra o próximo, e seus infortúnios, muitas vezes acres, e a dedicação ao grande ideal que alimentam, são levados em conta na Espiritualidade, concedendo-lhes méritos apreciáveis, sendo que a subsequente existência que alguns deles tiveram, escolhida voluntariamente e não imposta, conquanto obscura, não chegou a estabelecer expiação ou provação, mas testemunho honroso de um caráter leal a si mesmo, cuja consciência se inquietara pela falta do cumprimento de uns tantos deveres, de que se descuraram como gênios da Arte que foram, pois tudo indica que a Arte tanto empolga e arrebata o seu cultor que frequentemente o aparta dos caminhos da redenção, ou do amor a Deus e ao próximo.

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Confessamos que somente começamos a nos interessar verdadeiramente por esse inconfundível gênio da Arte, que foi Frederico Chopin, depois que, através da mediunidade, nos vimos surpreendida pela sua presença espiritual. É bem verdade que, desde nossa infância, certas composições dele, ouvidas de quando em vez, reproduzidas em pianos da vizinhança, exerciam sobre nossa sensibilidade fortes impressões, extraindo da subconsciência algo comovente, que provocava as lágrimas do coração, a ansiedade singular de regressar a um local ignorado, cuja lembrança as barreiras corporais obstavam vir à superfície das recordações propriamente ditas, ansiedade que, algumas vezes, se transformava em verdadeira inquietação.

Pelo ano de 1931, entretanto, na noite de 30 de Junho, médium já desenvolvida, com a particularidade de nos afastarmos do cárcere corporal com muita lucidez, vivendo, assim, muito da vida espiritual, e dela nos recordando, por vezes, ao despertar do transe, deu-se o nosso primeiro encontro com a entidade desencarnada Frederico Chopin. Nosso Espírito familiar Charles, que afirma ter vivido sua última existência terrena na época do grande artista (reinado de Luís Filipe, na França, na mesma época de Vítor Hugo, Allan Kardec e outras eminentes figuras da Literatura, das Artes e da Filosofia), Charles deu-nos a conhecer, na data mencionada, um pungente drama a que assistira à mesma época, em Paris. Esse drama, ultimamente escrito pelo próprio Charles através de nossa faculdade mediúnica, foi dado a público, pela FEB, sob o nome de "Amor e Ódio". No ambiente espiritual inesquecível a que então fomos transportada, encontravam-se várias personagens, além do próprio Charles e da entidade "Gaston d'Aberville", figura principal daquela obra, a quem Charles conhecera pessoalmente em Paris; destacavam-se dentre elas Vítor Hugo e Frederico Chopin, que se deixara ver tocando em um piano de dimensões mais avantajadas do que o comum dos pianos que conhecemos. Observamos que o grande músico se apresentava elegantemente trajado, como para um concerto, e sua aparência, inteiramente humanizada, porque materializada, prestava-se à observação, impressionando a memória como sói acontecer na Terra, onde guardamos a recordação da indumentária usada pelos nossos amigos e comparsas da sociedade. Assim sendo, recordamo-nos de que as calças que trajava eram diferentes, no tom do colorido, da casaca, pois acusava nuança de azul mais pálido, estando como que salpicada por gotas de orvalho, traduzindo, toda a indumentária, a delicadeza característica do plano espiritual, isto é, era visivelmente fluídica, ao passo que sobre toda a configuração do artista incidia um luzeiro azul, impressionante e lindo. À volta dele, enquanto tocava, tudo se transformava: em vez do local azul, florido, paradisíaco, em que nos achávamos a princípio, começaram a se esboçar, lentamente, até dominar toda a paisagem em derredor, pobres árvores da Terra, estradas tristes quais as que nos são comuns, campos de cultura de cereais, nostálgicos, como pincelados de tons amarelos e rústicos, destituídos daquela fecundidade vibratória própria dos ambientes fluídicos do Espaço, bosques torturados por algo indefinível, como contundidos vibratoriamente pelos malefícios terrestres, e casario modesto, lembrando pequena aldeia de padrão europeu. Tivemos a impressão de que fôramos insensivelmente transportada de regresso à Terra e que nos encontrávamos em local desconhecido.

Tão intensamente se impunha esse panorama à nossa perspectiva, que tivemos a sensação de caminhar por uma estrada que - tínhamos certeza - iria findar em local determinado. Era como a perspectiva apresentada num filme cinematográfico, com a particularidade, porém, de sugerir ao observador que ele se encontrava dentro da paisagem, em vez de a estar apreciando externamente.

Notando nossa estranheza, ou desejando, mais provavelmente, proporcionar elementos para estudos e meditações, Charles explicou: "São paisagens da antiga Polônia, que ele gosta de recordar e reter, tornando-a presente, aprofundando-se mentalmente pelo passado... pois ainda é sensível à lembrança da casa paterna, ao seu antigo berço natal... Ele gosta da Terra...” - o que mais uma vez indicará que os cenários fluídicos são realizações da mente de cada um ou de um agrupamento de pensamentos em harmonização de vontades, que se servem, para a efetivação do que desejam criar, do fluido radioso do éter sublimado, tal como nós, encarnados, nos servimos da matéria ao nosso dispor, na Terra, para as nossas realizações.

A partir dessa data, frequentemente nosso espírito era posto em contato com o dele, sempre sob a influência e a proteção de Charles, afigurando-se-nos que, ou foram ambos bons amigos aqui na Terra, quando encarnados, ou data do estágio espiritual a visível solidariedade que suas aparições e manifestações demonstram. E esse contato vem sendo, por assim dizer, ininterrupto, como o foi com o saudoso Camilo e demais amigos espirituais, quer favorecido pelo estado de desdobramento consciente da nossa personalidade espiritual, quer através de materializações muito nítidas durante a vigília. Por vezes, sua presença se revela apenas através do perfume. Assim sendo, deixa recender o aroma da violeta, às vezes também percebido por outrem. Mas, esse aroma, não tão espiritualizado como outros que o Além costuma oferecer aos médiuns, afigurou-se-nos, a princípio, trazer a particularidade da violeta colhida em dia chuvoso, pois dir-se-ia mesclado de um sutil cheiro de terra molhada. Mais tarde, porém, o próprio Chopin apresentou-se, sorridente, e deu-nos a contemplar duas violetas acompanhadas de uma folha, rematando o gesto com a seguinte explicação:

- "Não é cheiro de "terra molhada"..., mas de algumas folhas de violeta colhida em dia de chuva..."

Ora, esse pormenor identifica sua presença, quando não se materializa, e o diferencia de qualquer outro Espírito, de Charles, por exemplo, que igualmente se revela através de um mui sutil e espiritualizado perfume de violeta, mas sem o característico da folha molhada.

Não conseguimos, jamais, terminar a leitura de quaisquer narrativas da vida de Frederico Chopin, embora o tivéssemos tentado algumas vezes. Algo indefinível, que nos perturba e atormenta, impede-nos fazê-lo. Ignoramos, portanto, quase tudo acerca de sua passada vida, como ignoramos se ele, como homem, se perfumava com violeta. Se não se perfumava, perfuma-se hoje, na Espiritualidade, com essa essência. Pediu-nos, certa vez, que não lêssemos noticiário algum sobre sua personalidade humana, revelando, com isso, desgosto pelos comentários que o mundo ainda tece a respeito de certos aspectos de sua vida. Cremos que nenhum Espírito, genial ou não, vê com satisfação comentários ou biografias que tratem de alguns deslizes por ele cometidos durante o estado humano. Tantas mentes a lerem tais noticiários, tão variadas trocas de ideias, em torno dos seus passados atos, estabelecem correntes magneto-vibratórias poderosas, que têm a propriedade de atingi-los, avivando em suas potencialidades anímicas a lembrança de fatos passados que eles próprios desejariam esquecer. De outro lado, os amigos e comparsas de Além-Túmulo igualmente passarão a conhecer, através de tais processos, as mesmas particularidades, o que muito os desgosta, humilha e envergonha, não raro. Será, pois, como que um jornal, um comentário radiofônico que os difamassem publicamente, o que muito os constrange e entristece, sem falar no desgosto de constatar que as sucessivas gerações terrenas também conhecerão seus deslizes, de que tanto se arrependem, com a agravante, algumas vezes, de os imitarem no que praticaram de censurável. Assim, pois, os fatos que conhecemos da vida desse grande vulto são poucos, o que nos deixa mais liberdade para traçar estas páginas e submetê-las à apreciação daqueles que melhor os conheçam.

De outro modo, interessa-nos a experiência espírita que tudo isso representa, e é exatamente o que nos atrai em nossa convivência mediúnica com a entidade espiritual Frederico Chopin. Dessa convivência temos colhido a observação de que, no Além, ele se mostra grandemente polido de maneiras, mesmo aristocrata, porém, tímido, desencorajado de transmitir mensagens escritas, porque, afirma quase infantilmente: "Só sei expressar-me por música...”

Mostra-se afetuoso e discreto, pouco expansivo e, geralmente, entristecido. Uma única vez vimo-lo sorrir. Esta última qualidade, a melancolia, parece ser predisposição natural do seu caráter e não motivada por provações ou recordações de vidas passadas. No entanto, já o vimos chorar copiosamente, recordando sua última existência terrestre.

Quando se deixa ver, não conseguimos conter as lágrimas, o que é compreensível, pois a presença real de um habitante do Invisível é sempre impressionante, e um médium não enfrentará um fenômeno dessa natureza sem lágrimas de muito grata emoção, sobretudo em se tratando de entidade evoluída espiritualmente. Todavia, mesmo a presença de um obsessor, um suicida, se verdadeira, provocará igualmente lágrimas, pois a Verdade impõe-se com muita força, chocando sempre a nossa sensibilidade. E Frederico Chopin nos tem suscitado lágrimas pela ternura com que nos trata, pela confiança que em nós deposita, o que, aliás, é comum no trato dos Espíritos amigos ou instrutores, para conosco.

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No dia 3 de Janeiro de 1957, ou na madrugada desse dia, verificou-se a mais positiva e curiosa manifestação de Frederico Chopin, que tivemos a honra de espontaneamente obter, pois jamais temos provocado quaisquer das manifestações que recebemos, nem sequer desejando-as. Tais fatos, como os que passaremos a narrar, são, aliás, comuns nas atribuições de um médium, pois para isso recebeu ele o dom de intérprete do Mundo Invisível; do contrário não os citaríamos aqui, máxime por ser o manifestante um vulto que mais amado se torna quanto mais recuada fica a data em que viveu sobre a Terra.

Como de hábito, independente sempre da nossa vontade, tivemos o espírito arrebatado para um voo pelo Espaço, cuja finalidade se manteve velada ao nosso entendimento terreno até hoje, pois de coisa alguma conseguimos recordar-nos ao despertar. Apenas pudemos perceber que fôramos atraída sob as injunções de Charles, pois que o víramos aproximar-se, distintamente, antes de lançar a descarga fluídica que nos levou a adormecer magneticamente, no transe que se seguiu. Ao regresso, porém, mal despertávamos, notamos estar acompanhada também por outra entidade, além de Charles, reconhecendo tratar-se de Frederico Chopin, já nosso conhecido desde o ano de 1931. Totalmente desperta, mas ainda imobilizada sob a dormência da letargia, compreendemos que se acentuava a materialização das duas individualidades em apreço, pois jamais os amigos espirituais abandonam seus médiuns antes que se desfaça a ação melindrosa de um transe dessa natureza. Ao contrário, trazem-nos sempre até ao aposento onde se encontra o corpo semimorto, ajudando-os na operação penosa de se reapossarem definitivamente do mesmo. No entanto, o amigo Chopin, sentando-se numa cadeira colocada em frente ao nosso leito, deixou-se materializar tão perfeitamente que apresentou todas as características humanas, enquanto, de pé, fluídico e transparente, levemente lucilante, com a sua indumentária de iniciado hindu, Charles como que assistia, ou presidia, o fenômeno, pois os iniciados gostam de provocar sempre, para os seus médiuns, fenômenos empolgantes, a fim de instruí-los, preferindo, contudo, as manifestações tipicamente espirituais.

Chopin entrou a narrar, então, os sofrimentos por que passou desde que se reconheceu irremediavelmente doente, atacado pela tuberculose. Disse da desolação que o dominou ante a impossibilidade de se dedicar aos trabalhos que pretendia levar a efeito, e aludiu às dificuldades financeiras que o afligiram, às humilhações e desgostos daí decorrentes, sem se referir, jamais, à sua grande amiga George Sand. Mas, à proporção que narrava, evocando o próprio passado terreno, revivendo-o, em si mesmo, transformava-se: voltou àquela fase da sua existência, mostrou-se enfermo, tuberculoso, abatido, rouco, os olhos profundos e pisados, o peito arquejante, cansado pelo esforço da conversação. Vimo-lo tossir dolorosamente, expectorar, levar o lenço à boca, ter hemoptise! Vimo-lo suar e enxugar a fronte e o rosto, com o lenço, e sentimos o seu hálito de doente do peito sem o devido trato! Não mais um Espírito desencarnado, mas um homem gravemente enfermo, com todos os complexos do estado de encarnação! Chorava, revelando grande sofrimento moral, além do físico.

Assaltada, então, por um intenso e indefinível sentimento de angústia e compaixão, mas ainda meio atordoada pelas últimas gradações do transe, levantamo-nos do leito, ajoelhamo-nos diante dele e nos pusemos a chorar também, pois o médium canaliza para si todas as impressões da entidade com que se comunica - Então, tínhamos os braços apoiados sobre seus joelhos e as mãos cruzadas como em prece, e ele nos pareceu tão sólido e material como qualquer ser humano. Dizia sentir febre e tocou nossas mãos com as suas, provando o que dizia: sentimos, com efeito, que aquelas mãos estavam quentes e úmidas, acusando temperatura elevada - Queixou-se de que tinha o estômago e os intestinos inchados e doloridos, devido à doença, a qual àqueles órgãos também afetara, e, ao dizê-lo, comprimia-os com as mãos. O sofrimento que nas atingia era intenso e insuportável. Charles interveio, levantando-o docemente e furtando-o, e a si próprio, de nossa visão. Mas, antes que se desfizesse de vez o fenômeno, tomamos de suas mãos e beijamo-las, exclamando: "Adeus, Fred!", pois esse é o tratamento que lhe damos sempre, durante os transes dessa natureza. Esse fenômeno deixou-nos entristecida e abalada durante muitos dias.

De outra feita, isto é, a 10 de Março de 1958, materializado plenamente à nossa frente, recordando seu estado humano, deixou-se contemplar muito agasalhado com roupa de lã e envolvido num pequeno cobertor, ou manta, que lhe tomava a cabeça e os ombros, emprestando-lhe aspecto feio. Dizia passar mal durante o inverno e no período das chuvas, e mostrou os pés, que estavam inchados, coisa difícil de um médium poder observar, os pés, numa entidade desencarnada, mesmo quando materializada. Observamos novamente que suas calças eram de "tecido de lã azul", com a particularidade de mostrar pequenos pontos reluzentes em alto relevo, como gotas de orvalho, as meias também eram de lã, de cor branco marfim, quase creme, e que usava chinelos muito grandes, arrastando-os ao caminhar, parecendo que não lhe pertenciam. Essa materialização, tão perfeita quanto a antecedente, fez-nos vê-lo sentar-se ao nosso lado, num divã. Sentimos o contato da sua presença, a impressão do calor natural a um corpo carnal, como se, realmente, se tratasse de uma pessoa humana que nos visitasse. Não nos recordamos, porém, de nenhuma conversação substancial, ou doutrinária, que tivéssemos. Jamais lhe perguntamos algo, e nunca somos a primeira a falar, o que, de igual modo, acontece sempre que nos comunicamos com outros Espíritos. Note-se que a conversação assim realizada nunca se processa através da palavra enunciada, mas telepaticamente, o que é tanto ou mais eficiente do que o verbo falado, a tal ponto que o médium distingue as vibrações de todos os seus Guias e amigos espirituais, e reconhece-os como se se tratasse do tom vocal de cada um deles.

É possível que durante a emancipação do nosso espírito pelo transe letárgico, ou desdobramento tenhamos conversações substanciosas com esse encantador Espírito. Mas, em vigília, nossos entendimentos são curtos, embora afetuosos e muito interessantes, servindo, geralmente, para identificá-lo Pediu-nos, certa vez, muito delicadamente, que tomássemos um professor de música e aperfeiçoássemos o nosso conhecimento de piano, com fervor e vontade, porque, se assim fosse, afirmou ele: "Eu poderia realizar o que desejo, por seu intermédio. Então, dar-lhe-ia mensagens do gênero que mais me interessaria... (pois somente me expressarei pela música...) Mas, não sendo possível atendê-lo, porquanto sabemos que a Arte arrebata o espírito e julgamos serem outros os nossos compromissos com a Doutrina Espírita, resignamo-nos ao pesar de não satisfazer o desejo do querido amigo, nesse particular.

Asseverou-nos que sabia ser ele muito amado pelos brasileiros, o que particularmente o enternece. Mas observa que ninguém lhe dirige uma prece, e que necessita desse estímulo para as futuras tarefas que empreenderá, ao reencarnar, quando pretende servir a Deus e ao próximo, o que nunca fez através da música. Declarou que, salvo resoluções posteriores, pretende reencarnar no Brasil, país que futuramente muito auxiliará o triunfo moral das criaturas necessitadas de progresso, mas que tal acontecimento só se verificará do ano de 2000 em diante, quando descerá à Terra brilhante falange com o compromisso de levantar, moralizar e sublimar as Artes. Não poderá precisar a época exata. Só sabe que será depois do ano de 2000, e que a dita falange será como que capitaneada por Vítor Hugo, Espírito experiente e orientador (a quem se acha ligado por afinidades espirituais seculares), capaz de executar missões dessa natureza.

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Na Espiritualidade propriamente dita, Frederico Chopin se apresenta assaz diferente da forma por que se deixa ver nas pesadas paragens terrenas. Tal como é ali, ou seja, no seu estado normal de Espírito, fluídico, leve, não se poderá mostrar na Terra. Será necessário então que o médium, em espírito, durante um desdobramento, possa ir até ele, desde que auxiliado ou "preparado" por seus Guias espirituais. Esse fenômeno, conquanto difícil, não será impossível a qualquer médium, desde que se haja desprendido razoavelmente das atrações humanas para aliar vibrações com certos estados especiais do Invisível. 

Charles proporcionou-nos, há cerca de dois anos, um desprendimento dessa categoria. Então, pudemos entrever o amigo Chopin "na glória do seu triunfo espiritual", como se expressam os instrutores do Mundo Invisível. Tivemos a impressão de nos encontrarmos, então, diante de um anjo, tal o encantamento que de sua individualidade irradiava. Lucilante, angelical, todo envolvido em jactos de luz azul feérica, pudemos contemplá-lo na plenitude da sua candura pessoal, da sua formosura moral: terno, afável, preocupado em ser amável, mas tímido e tristonho sempre, simples até ao enternecimento. Diante de tão fulgurante visão espiritual, nosso espírito naturalmente curvou-se de joelhos e se desfez em lágrimas, pois nenhum médium contemplaria com indiferença um Espírito no seu verdadeiro elemento espiritual. Contudo, ele estava, ainda, trajado, e por mais que tal revelação contrarie o leitor, não nos será possível afirmar outra coisa, porquanto aqui nos propusemos revelar o que nossa faculdade mediúnica tem captado no Além-Túmulo, e foi isso, e não outra coisa, que conseguimos entrever. Notamos, pois, que se trajava como um elegante fidalgo do século XVIII: calções de seda azul até aos joelhos, rebrilhantes, salpicados de gotas de orvalho; blusa de mangas amplas, ajustadas nos punhos, de cetim branco, brilhante, mas sem trazer o casaco clássico, da época. Não vimosos pés, porque o luzeiro azul que o envolvia como que os encobria. Compreendemos, então, que ele tivera uma existência ao tempo da Regência, na França, ou de Luís XV, na qual pertencera à nobreza, existência que lhe fora muito grata. Todo o seu aspecto irradiava vibrações reveladoras de um grande poeta, de um profundo pensador. Beijamos-lhe, como sempre, as mãos, que ele não negou estender, e de joelhos, e em lágrimas, despedimo-nos, como da primeira vez: "Adeus, Fred!"

Ainda na mesma oportunidade, afirmou o instrutor espiritual Charles que Frederico Chopin seria a reencarnação do poeta romano Ovídio (Públio Ovidio Naso - poeta latino, fácil e brilhante, amigo de Virgílio e de Horácio), que viveu cerca de quarenta anos antes do Cristo, falecido no ano 16 da nossa era, e do pintor italiano Rafael Sanzio (Rafael Sanzio - pintor, escultor e arquiteto italiano, 1483-1520. O seu gênio reunia todas as qualidades: perfeição do desenho, vivacidade dos movimentos, harmonia das linhas, delicadeza do colorido. Deixou grande número de obras-primas. É considerado o poeta da Pintura, como Ovídio foi considerado o músico da Poesia e como Chopin é considerado o poeta da Música.), pois que o intelectual, o artista, na sua evolução pelo roteiro do Saber, dentro da Arte, há de passar por todas as suas facetas, sublimando-se até à comunhão com o Divino. E que Espíritos como Chopin, Beethoven, Mozart, Belini, Rossini, etc., naturalmente bondosos, embora ainda não santificados ou plenamente redimidos, não têm grande necessidade da reencarnação, porque progredirão mesmo no Espaço - a habitação normal dos seres espirituais, a verdadeira Pátria, como casa paterna; que vêm à Terra quando o desejam, e por uma especial solidariedade para com os humanos, a fim de estimularem entre estes o amor pelo Belo, pois que esse atributo, o Belo, é tão necessário às almas em progresso quanto o Amor, visto tratar-se também de um dos atributos do próprio Criador de Todas as Coisas, e que, sendo o Universo uma expressão da Beleza Divina, e sendo o homem destinado a se tornar a imagem e a semelhança de Deus, deverá igualmente comungar com o Belo, a fim de poder compreender o Universo e com ele vibrar em toda a sua arrebatadora, feérica e harmoniosa beleza. No entanto, todos os grandes artistas e gênios consagrados ao Belo deverão passar, outrossim, pelos ásperos caminhos das experiências e dos testemunhos, embora muitas vezes sem o caráter expiatório, até que, como toda a Humanidade, cumpram os ditames da lei de amor a Deus e ao próximo, a par da própria característica de intérpretes do Belo através das Artes.

Presentemente, essa entidade se preocupa, na Espiritualidade, com um curso de Medicina Psíquica. Ela própria participou-nos o acontecimento, acrescentando que, por essa razão, não tem visitado a Terra com frequência, ultimamente. Ouvindo-a, perguntamos-lhe, então, com toda a naturalidade, como sói acontecer quando conversamos com qualquer amigo do mundo invisível:

- Quer dizer que... ao voltar à reencarnação será médium curador, talvez receitista?...

Sorriu, satisfeita, e sacudiu a cabeça, afirmativamente.

- Então, não virá mais como artista?... - voltamos a indagar. E a resposta veio, cheia de animação:

- Porque não poderei aliar as duas qualidades, se os artistas, muitas vezes, não passam de médiuns?... O problema estará na boa orientação da faculdade que se disponha...

Nada me impede, entretanto, de continuar como artista nas reencarnações vindouras, pois não profanei as Artes nem cometi quaisquer deslizes nesse setor. Dependerá, apenas, do meu livre arbítrio... Mas, no momento, o que me preocupa mais é o desejo de servir aos pequeninos e sofredores, aos quais nunca protegi. Em minhas passadas existências, apenas servi aos grandes da Terra. Futuramente, porém, será a vez dos humildes... E não desejo nem mesmo auferir proventos monetários, pessoais, da Música. As Artes, em geral, deverão ser praticadas gratuitamente, com amor e unção religiosa...

A nós própria admirou a notícia inesperada e sugestiva, que não seria possível calar nestas páginas. Ele próprio, Frederico Chopin, autorizou sua revelação, visitando-nos enquanto fazíamos o presente trabalho. E suas palavras foram, textualmente, as acima citadas.

Eis, pois, o que espontaneamente - pois, repetimos, jamais solicitamos algo - o Invisível nos concedeu acerca de Frederico Chopin, além de mais algumas informações que não julgamos interessantes para estas páginas. Não poderemos, é certo, provar com fatos concretos o noticiário de que nos vemos intérprete, visto tratar-se de assunto transcendental, que atinge a categoria de revelação. Mas a Deus tomando por testemunho da sinceridade com que aqui nos externamos, deixamos aos nobres pesquisadores da Revelação o labor sagrado de obterem a confirmação lógica e insofismável do que fica exposto. Aliás, cumprimos apenas um dever de consciência, pois, se, como sabemos, a função da mediunidade é desvendar os segredos da morte, transmitir notícias do mundo invisível ao mundo terreno, nada mais fazemos, com efeito, do que desincumbir-nos de um dever, não guardando, avaramente, fragmentos da vida espiritual, a nós revelados, de um vulto que ao passar pela Terra a encantou com o seu gênio de artista e cuja imorredoura lembrança faz vibrar, ainda, o coração de quantos sintam na alma inclinações para as arrebatadoras expressões do Ideal sublimado no Belo.

Yvonne A. Pereira do livro
Devassando o Invisível

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