quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Violências

Violências

Oswaldo Mello



A irrupção e o aumento estarrecedor da violência urbana, em forma de agressividade e delinquência, preocupam os estudiosos do comportamento humano, nas áreas da psicologia, da sociologia, da ética, da religião, que não conseguem entender o trágico fenômeno que toma conta dos conglomerados terrestres.

Situam-se, invariavelmente, como causas basilares os fatores econômico e social decorrendo na fome, no desemprego, na miséria, propiciando a revolta e fomentando a agressão, a rapina, a tragédia... Não podemos desconsiderar essas gêneses preponderantes, quando constatamos a proliferação das favelas, guetos, malocas e invasões a se multiplicarem, intempestivamente, desafiando técnicos de urbanismo e administradores bem intencionados na solução de tal gravame.

Enquanto se minimizam algumas comunidades onde se desenvolvem os germes criminógenos, surgem outros aglomerados, da noite para o dia, superpovoados com os mesmos problemas daqueles que acabaram de ser socializados.

A miséria espiando a abundância, o sofrimento barrado à porta do conforto, a enfermidade esquecida à entrada dos hospitais, a necessidade desprezada junto ao celeiro do desperdício, traumatizam, infelicitando e levando à loucura suicida que, antes de consumar-se, avança na destruição das vidas e dos bens que encontra pela frente.

Nesse contexto, o infeliz comércio das drogas alucinógenas transforma-as no pavio das bombas de frustrações e mágoas, que explodem em forma de selvagem animalidade primitiva.

Todos somos unânimes em detectar e concordar com tais causas, graves e profundas, cuja equação desafia os modernos trabalhadores do bem-estar social e da saúde mental das criaturas.

Há, todavia, entre outras, algumas formas de violência que ocasionam aquelas causalidades e passam despercebidas pelas sutilezas de que se revestem.

A carta dos “direitos humanos”, refletindo um momento feliz da civilização, considera como bens inalienáveis, que não podem ser negados ao homem, a liberdade de pensamento, de palavras e atos, a alimentação, a moradia, a educação, a saúde, condições mínimas propiciatórias para a felicidade humana.

Não obstante, o espetáculo que se vê em toda parte é um atentado a esses direitos, em face das disparidades decorrentes da má distribuição dos recursos, que dormem em poucas mãos em detrimento das multidões famélicas e desafortunadas.

Ao lado disso, e para a preservação do estado infeliz de coisas, manifestam-se as expressões da pior violência, através dos que se acomodam ao bem-estar pessoal e fecham os olhos às dificuldades alheias; dos que silenciam ante o crime, subornados pelos interesses subalternos do egoísmo, a prejuízo da justiça; daqueles que se submetem às migalhas dos exploradores das massas, estimulando-os na corrida alucinada, desde que não lhes faltem as bagatelas de que se beneficiem; daqueloutros que compactuam com os poderosos, na volúpia das suas arbitrariedades, dando-lhes mais força para a consecução dos seus programas esmagadores da economia popular; de quantos se locupletam na conivência com os erros que deveriam ser denunciados para o justo pronunciamento das leis; de todos os que transitam apoiando a mentira dourada, a fim de beneficiar-se com os frutos apodrecidos da árvore da ilusão...

A covardia moral, a inação, a indiferença, a anuência com o crime, a bajulação interesseira e outros comportamentos que assinalam muitos homens, são formas horrendas de violência contra a vida, contra os direitos alheios, contra o cidadão, furtando as oportunidades de crescimento e de progresso da Humanidade, em razão das mesquinhas ambições pessoais e do desmedido egoísmo a que se entregam.

A agressividade e a violência urbanas são formas chocantes de comportamentos infelizes, invariavelmente praticados por indivíduos catalogados como de “baixa renda”, ou sem renda nenhuma, ou produzidos por psicopatas de variada classificação.

Todavia, não é menor essa violência disfarçada de cortesia, de precaução pessoal, de cuidados para evitar problemas que, afinal, ressurgem em outras modalidades, inevitáveis.

A mensagem cristã é toda uma advertência contra essas atitudes, numa forma de mansidão, que não pode ser confundida com o medo, e, de humildade, que não se deve comprometer com o vício e o erro onde quer que se manifestem.

A “não violência” é uma reação de dignidade, que sabe como encontrar o melhor caminho para desarmar a impostura, a impetuosidade e a covardia asselvajada que esmagam por medo, estabelecendo no seu roteiro não ceder ante o poder da força, até que o direito seja a força da ação relevante.

Não-violência dinâmica, isto é, aquela que não se submete à arbitrariedade, perseverando nas ações de enobrecimento, mesmo quando sob os golpes da impiedade e da braveza dos enfermos em si mesmos, que disputam as situações de destaque e de dominação — eis o comportamento-desafio.

Jesus preferiu a morte injusta, à anuência com os arbitrários mordomos da força, no seu tempo... Não-violento, viveu com a mais extraordinária ação dinâmica que se conhece, a ponto de haver modificado os conceitos sobre a vida e os valores éticos, que ainda não são vividos pelas sociedades humanas, mas já constituem o melhor roteiro de libertação para o homem de todos os tempos depois d'Ele.

Oswaldo Mello por Divaldo Franco do livro:
Antologia Espiritual

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
- Dúvidas e contatos enviar e-mail para: regeneracaodobem@gmail.com 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...