Compromisso mediúnico
Yvonne A. Pereira
A correta aplicação das forças mediúnicas proporciona ao seu portador inefáveis alegrias e incomparável bem-estar.
Para conseguir esse cometimento faz-se necessário que a vida moral do medianeiro corresponda à gravidade e elevação do compromisso firmado.
A mediunidade é campo de ação relevante, no qual se semeiam hoje, para colheita próxima, as valiosas messes de luz, ou onde se segam as culturas anteriores, normalmente assinaladas por cardos e dissabores...
Viajor do tempo em sucessivas etapas evolutivas, o espírito é o programador da sua vida, seguindo, embora, no rumo do fatalismo da felicidade, que é a sua etapa final.
Comprometido com o processo de elevação da Terra, experimenta os condicionamentos a que se submete, cabendo-lhe arrebentar os elos que o retêm na retaguarda do estágio primitivo.
A mediunidade propicia-lhe oportunidade de realizações enobrecedoras, a benefício dele próprio como do seu próximo.
Imprimindo no corpo a faculdade mediúnica por necessidade de crescimento, tem deveres que o prendem ao trabalho, mediante o qual se aprimora e se eleva.
O exercício salutar e consciente das forças mediúnicas, no entanto, somente é possível quando o homem se propõe encarar a vida com seriedade, sabendo que empreendimento de tal monta impõe definição de comportamento e dedicação irrestrita...
Certamente, não se deve alienar a criatura do convívio social, em cujo clima comprova a excelência da conduta, superando-se mediante o equilíbrio, exemplificando, e graças a essa atitude demonstra a sua fibra moral e religiosa.
Referimo-nos ao médium de convicção espírita, que hauriu conhecimentos nas fontes inesgotáveis da Doutrina Kardecista, compreendendo que, sem responsabilidade, qualquer tentame redunda sempre em fracasso ou desastre.
O médium espírita firma o seu proceder no estudo que lhe dá segurança, encarregando-se de elucidar as interrogações que constituem necessidades filosóficas e éticas, fundamentais para a decisão e direção que deve aplicar à existência.
Ao lado desse estudo sistemático e permanente do Espiritismo, deve incorporar as disciplinas morais, porquanto, faculdade mediúnica em ação, sem controle rigoroso, assemelha-se a veículo em velocidade com freio danificado.
A mediunidade convoca a uma vida de reflexões, interiorizada, em frequente sintonia com o mundo parafísico, de onde se recebem inspiração e apoio.
Quando essa vinculação não se faz lúcida com as Mentes Superiores, é inevitável o automatismo que leva a sincronizar com aquelas que são enfermas e perturbadas, dando gênese a processos obsessivos e conúbios prejudiciais.
Mente alguma que vibre, permanecerá sem resposta equivalente.
Toda emissão de onda ressoa em campo de frequência semelhante.
O médium consegue, através do estudo, forças para educar-se, liberando-se das imperfeições e influências malsãs.
Não nos referimos a leituras superficiais, apressadas, leves, mas ao aprofundamento da Codificação, ao exame das Obras que lhe são complementares, tais as de Léon Denis, o emérito discípulo de Allan Kardec, as de Gabriel Delanne, de Lombroso, de Aksakof, que constituem, especialmente as dos últimos referidos, o acervo científico comprobatório dos conceitos doutrinários...
Encarada com responsabilidade e vivida com elevação moral, exercitada com disciplina e colocada a serviço dos Guias Espirituais, a mediunidade produz resultados altamente compensadores, constituindo admirável instrumento de consolação, de saúde, de instrução, de paz.
Quando não, mantém-se irresponsável, frívola, incapaz de produzir com segurança, permanecendo em forma tormentosa, com oscilações, que degeneram em distúrbios comportamentais, a um passo da loucura.
Não conduzida com o respeito e a consideração que merecem todas as faculdades e funções da vida, expressa-se como provação para o seu condutor, e as comunicações se caracterizam pelos esgares, animismos, vulgaridades que não resistem à mais leve investigação responsável.
Por isso, há médiuns e médiuns, qual ocorre nas mais diferentes áreas do comportamento humano, há pessoas e pessoas...
Fala-se que o médium responsável sofre muito, o que parece atemorizar inúmeros candidatos à dedicação espírita.
Certamente, o sofrimento não é propiciado pela faculdade mediúnica, senão porque o espírito é o devedor convidado ao resgate, mediante as percepções mediúnicas, como o seria em qualquer outra atividade a que se afeiçoe.
Em toda parte onde se encontra o homem, aí estão os seus problemas, conquistas e prejuízos.
Não se devem transferir para as funções e tarefas de que se utiliza a criatura os anátemas, antes é justo considerar que as dívidas pertencem ao ser, e este as resgatará onde quer que esteja, agora ou mais tarde.
A mediunidade é ponte cuja segurança depende do indivíduo que lhe é depositário. A resistência ou fragilidade dela decorrerá do material moral com que se a revista para uso.
O exemplo máximo de comportamento mediúnico é o de Jesus, que se fez o instrumento de Deus ao mundo, vivendo conforme a missão de que se encontrava investido.
Guardadas as proporções, os médiuns modernos, que são quais os profetas do passado, devem viver conforme a responsabilidade e a consciência de que se fazem intermediários, aprendendo, na renúncia aos gozos terrenos e na prática da caridade na sua expressão mais alta, a metodologia da elevação pessoal, para que um dia possam repetir, como Paulo, que já não são eles que vivem, mas Cristo que neles vive.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...