sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Quem é o responsável?

Quem é o responsável?

Thereza de Britto


Os quadros são deveras preocupantes, no contexto das famílias, em grandes contingentes.

Os problemas são tristemente hediondos, ao lançarmos o olhar sobre os dramas sociais.

A desorganização que se apresenta, em toda parte, tem causado pasmo às consciências atentas, produzindo estupor mesmo naqueles que não conseguiram grandes quotas de maturidade. Todos percebem que muita coisa vai mal, e que se espalham inseguranças e pavores aqui e acolá.

Passando em revista todos esses infortúnios que solapam a vida social, achamos na carência educacional, no desleixo para com a educação, desestruturadores componentes dessa dissolução ética da atualidade, nas ocorrências enlouquecidas de cada hora, que impõem a muita gente a dor moral e o pranto incontido.

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Quando analisamos, mesmo superficialmente, os referidos quadros da desarmonização das pessoas, e quando levantamos as possíveis causas desses flagelos, não são poucas as vozes que alardeiam a culpabilidade dos veículos de comunicação de massa.

Acusa-se a televisão, o cinema, a arte cênica, em geral; condenam-se as revistas da exploração erótica, quanto os jornais de exibição escandalosa.

O sistema condenatório é dos mais antigos que se conhece. Fugir sempre de toda e qualquer responsabilidade, numa tentativa de abafar a consciência, relativamente à parte que cabe a cada um.

Ninguém descartará a influência infeliz dos citados veículos, no bojo de uma sociedade que parece haver-se olvidado das leis do equilíbrio, mantendo nefando contrato sombrio com as forças desagregadoras do caráter. Entretanto, com um pouco mais de atenção, atendendo a de citação amadurecida, chegaremos a cogitar que todos os instrumentos da comunicação de massa focalizados, tanto podem atender aos serviços da luz quanto aos da treva, podem exprimir mensagens da degradação ou da harmonia, do grandioso e do belo.

O ponto central da questão repousa nos seres que estão forjando as programações televisivas, teatrais ou periodísticas.

Os maus programas, os espetáculos deprimentes ou o noticiário apelativo e mesquinho são selecionados pelos indivíduos saídos dessa ou daquela família, de uma ou de outra instituição educacional, de tal ou qual sociedade.

Realmente, toda a gama de alucinações, de violências ou de pornografia, que vasa dentro dos lares ou que destila nas almas, advém do elemento humano deseducado para atender aos objetivos do Criador no planeta.

A desorientação moral a que são relegados tantos pequenos e enormes grupos de jovens, os exemplos de corrupção dos costumes e o depauperamento do caráter dos adultos são, inquestionavelmente, matrizes para que esses veículos sejam controlados de maneira tão infeliz.

Apenas refletem o espiritual de que foram vítimas essas almas, nas faixas infantis e juvenis, em tempos distantes ou nos dias presentes. É lamentável constatar, mas, são nossos filhos, irmãos, pais ou amigos, os responsáveis pela deformação das mentes, através dos diversos canais comunicadores, quando o lar renunciou a esse dever ou quando a família desleixou-se no que diz respeito à orientação dos seus.

Perante a tentação de inculpar os meios de comunicação, como únicos responsáveis pela dissolução em voga, será válido meditar sobre nosso papel de educadores junto à criança quanto diante do moço.

Atendemos, devidamente, aos nossos deveres à frente da existência, demonstrando aos nossos educandos a seriedade da vida?

Temo-nos mantido na fidelidade aos compromissos domésticos, nutridos pelos ensinos cristãos da nossa fé?

Adotamos postura crítica, analítica, ao lado dos nossos meninos ou dos nossos jovens, para que amadureçam conosco, ao longo do tempo?

Conseguimos renunciar aos próprios vícios e enganos conscientes, a fim de orientar nossos pequenos com base em dignas e seguras trajetórias?

Com a sinceridade permeando esses questionamentos, dirigidos a nós próprios, sentiremos que o tempo urge e quem responderá pelo estado de coisas desequilibrado, que enferma a sociedade, será sempre aquele que não tem sabido honorificar os compromissos assumidos ante a Consciência Cósmica, para gozar, egoisticamente, os fogos-fátuos de agora, que logo mais se apagarão, pois que são fátuos, deixando os equivocados e inconscientes diante da necessidade dolorida e decepcionante de recomeçar a tarefa mal cuidada, por haver-se aconselhado com as torpezas e insensibilidades que o materialismo engendra e sustenta, em detrimento dos objetivos de Deus, relativos aos Seus filhos da Terra.

Thereza de Brito por J. Raul Teixeira, do livro:
Vereda Familiar

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