A teoria e a prática
Richard Simonetti
Reunidos informalmente no lar de Custódio e Nora, dois casais amigos, Godofredo e Zenóbia, Osório e Afonsina, companheiros de atividades espíritas, conversam sobre temas doutrinários.
- Não há dúvida, minha gente - diz Godofredo, convicto - a prática do Bem é a base de um mundo melhor. Allan Kardec deixou bem claro isso ao proclamar: “Fora da Caridade não há Salvação”. Se pensarmos um pouco no semelhante, verificaremos quanto podemos realizar em favor da paz, onde estivermos. A caridade é o refrigério das almas atormentadas.
A feliz definição desperta uma lembrança no dono da casa, que se dirige à esposa:
- Benzinho, que tal um refrigerante?
Em breves instantes saboroso guaraná é servido. O diálogo prossegue, animado, com comentários oportunos e edificantes. É a vez de Custódio:
- As pessoas têm uma visão distorcida da Caridade. Há quem a suponha uma contribuição mensal a obras assistenciais ou o atendimento de um necessitado que nos procura. Parece-me, todavia, que não se trata de um comportamento para determinadas situações e, sim, de uma atitude perante a vida. Onde estivermos, no lar, no local de trabalho, na rua, podemos exercitá-la, estimulando o bem onde estivermos. E voltando-se para Nora:
- Amor, por falar em estímulo, seria ótimo um estimulante cafezinho...
A diligente senhora atende com presteza. Em poucos minutos delicioso aroma invade a sala. Saboreando a apreciada bebida, diz Afonsina:
- O que dificulta o exercício da Caridade é o comodismo. Há ensejos mil de realizarmos pequenos serviços em favor do bem comum. No entanto, engessamo-nos na inércia, embalados pela indolência.
- É verdade - intervém Zenóbia - perdemos valiosas oportunidades, furtando-nos a elementares deveres...
Suas observações são interrompidas pela balbúrdia de crianças que entram na sala em correria. Custódio intervém:
- Querida, por favor, contenha a meninada... Nora recolhe os pequenos, acomoda-os em outra dependência da casa e retorna, após alguns minutos, a tempo de ouvir outra solicitação do marido:
- Benzinho, estão tocando a campainha... Ela vai atender e retorna em seguida:
- Custódio, é um moço que veio buscar os livros. Diz que você sabe do que se trata.
- Ah! Sim! Estão na biblioteca, num pacote sobre a mesa.
A prestimosa senhora providencia a entrega, enquanto o marido, enfático, argumenta com os amigos, retomando o tema em estudo:
- O mais importante é o exemplo. Não há melhor maneira de demonstrar as excelências da Caridade senão exercitando-a onde estivermos.
- A esse propósito - argumenta Osório - lembro-me de uma observação de Santo Agostinho, em O Livro dos Espíritos”, onde o generoso benfeitor espiritual recomenda que façamos uma análise de nosso comportamento todos os dias, ao deitar, a ver se aproveitamos as oportunidades de fazer algo em favor do semelhante, se não faltamos ao cumprimento de um dever, renovando-nos para o Bem a cada dia que passa.
- Por falar nisso - lembra Godofredo, sorridente, a levantar-se - é tempo de nos prepararmos para uma conversa com o travesseiro...
Os visitantes despedem-se. Pouco depois a família recolhe-se. Faz-se silêncio na casa.
Deitado, Custódio recorda Santo Agostinho e resolve fazer uma avaliação de seu dia.
Cuidadosamente analisa seu comportamento. Até que não fora mal, desenvolvendo com diligência a atividade profissional e ainda encontrando tempo para, no horário de almoço, atender algumas pessoas no Centro Espírita.
A surpresa surge na análise das últimas duas horas.
Por cinco vezes, sem a menor cerimônia, chamara a esposa ao cumprimento de variados encargos, recolhido em inarredável comodismo.
E concluiu, algo decepcionado consigo mesmo, que nas iniciativas da caridade, que se exprimem no espírito de serviço, ele estivera muito mais para “receber” do que “dar”, muito enfronhado com a teoria, mas distanciado da prática.
Nos caminhos de nossa edificação espiritual é importante que assumamos encargos variados em obras assistenciais e sociais, buscando fazer algo em favor do semelhante.
Todavia, para um melhor aproveitamento nesse sentido, não podemos nos limitar a servir algumas horas, segundo o que consideramos nossa disponibilidade. É imperioso que nos disponhamos a servir sempre, onde estivermos, com a gloriosa iniciativa de fazer o que geralmente esperamos que outros façam.
Richard Simonetti do livro:
Encontros e Desencontros
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