Vitória sobre a depressão
Joanna de Ângelis
Vive a sociedade terrestre grave momento na área da saúde emocional e comportamental.
Apresentando-se em caráter pandêmico, a depressão avassala os mais variados segmentos sociais, arrastando verdadeiras multidões ao terrível distúrbio de conduta. As grandiosas conquistas da inteligência ainda não lograram impedir a irrupção, em forma devastadora, desse transtorno que dizima incontáveis belas florações da cultura, da arte, da ciência, do pensamento, da inteligência e do sentimento.
Contam-se, por milhões, nos países superpopulosos, aqueles que lhe padecem a injunção perversa. No entanto, nos redutos de pequena monta, igualmente se encontra insinuante e insensível, paralisando pessoas válidas que, de um para outro momento, são dominadas pelo terrível morbo, que lentamente as vence, empurrando-as para o desespero interior, o vazio existencial, e, não poucas vezes, para o suicídio.
Apresentando-se como decorrência de problemas fisiológicos — hereditariedade, enfermidades infectocontagiosas e suas sequelas, golpes que produzem lesões cerebrais — como também de natureza psicológica — ansiedade, medo, solidão, angústias por perdas de diversas expressões — vem recebendo o melhor contributo da ciência e da tecnologia, sendo de difícil erradicação, pela facilidade com que se apresenta em recidiva constante, quando tudo parece harmônico e saudável.
Desde o transtorno depressivo infantil ao juvenil, ao adulto e ao senil, manifesta-se, também, nas fases pré-parto, pós-parto, como igualmente psicoafetiva, sazonal, unipolar, bipolar, com as alternâncias de humor, não, poucas vezes, avançando para transtornos psicóticos mais graves com aflitivas alucinações...
Pode-se afirmar que a depressão é ocorrência que se manifesta como um distúrbio do todo orgânico e resulta de problemas do quimismo neuronal, com a falta de alguns dos neuropeptídios ou neurocomunicadores responsáveis pela alegria, o bem-estar, o afeto, tais como a dopamina, a serotonina e a noradrenalina...
Aprofundando-se, porém, a sonda investigadora a respeito desse cruel distúrbio comportamental da área da afetividade, a doença se exterioriza em razão do doente, que é sempre o Espírito reencarnado em processo de reequilíbrio dos delitos anteriormente praticados. Desse modo, quase todas as terapêuticas da atualidade, contribuindo para o reajustamento das neurocomunicações, através dos medicamentos eficientes, assim como de incontáveis propostas de libertação do paciente, devem ter em vista a recomposição moral e espiritual do mesmo. Identificada, desde priscas épocas, com denominações variadas, como melancolia, psicose maníaco-depressiva, e mais recentemente como transtorno depressivo, no ocidente foi estudada mediante os recursos da época pelo eminente pai da Medicina, Hipócrates, sendo discutida por Galeno e muitos outros até a atualidade, permanecendo, no entanto, agressiva e dominadora, desafiando as conquistas da inteligência e do sentimento.
A depressão é doença da alma, que se sente culpada, e, não poucas vezes, carrega esse sentimento no inconsciente, em decorrência de comportamentos infelizes praticados na esteira das reencarnações, devendo, em consequência, ser tratada no cerne da sua origem.
Além de todos os fatores que a desencadeiam, ao Espiritismo coube a nobre tarefa de demonstrar que também existem outras causas, as de natureza espiritual, contribuindo para o surgimento e manutenção da problemática na área da saúde, que se traduzem como transtornos obsessivos de grave incidência. O Espírito é um viajor incansável da imensa estrada das reencarnações, avançando da treva para a luz, do instinto para a inteligência, e dessa para a razão, logo mais para a intuição, o seu comportamento esteve adstrito aos impositivos do primarismo por onde jornadeou longamente.
Nessa trajetória, em que lhe faltava o real discernimento a respeito do Bem e do Mal, ou mesmo deles tomando conhecimento, os automatismos fisiológicos e psicológicos levaram-no ao comportamento egoístico e insensível, gerando situações de profundas perturbações, porque aos outros infelicitando, agora sente-se no dever de ressarcir os erros, de retificar condutas, de resgatar os males praticados, e o sofrimento é um dos admiráveis mecanismos oferecidos pela vida para esse fim.
Porque, situando-se na mesma faixa de desenvolvimento afetivo, suas vitimas, que o não perdoaram, permanecendo na erraticidade e reencontrando-o, investem com fúria contra a sua paz, na desenfreada loucura da perseguição insana, em que também se comprometem, dando lugar aos lamentáveis processos de depressão por interferência obsessiva.
Podemos mesmo asseverar que, na maioria dos trastornos depressivos, a causa apresenta-se como de natureza espiritual, ou após desencadeada pelos fenômenos orgânicos — psicológicos ou fisiológicos — torna-se mais complexa em razão da influência perniciosa dessas personalidades desencarnadas.
Havendo constatado essa psicogênese respeitável, que facilita o diagnóstico da problemática, o Espiritismo também oferece o grande contributo terapêutico para a sua solução, tendo como base os ensinamentos de Jesus Cristo, o Médico por excelência, cuja vida é o mais belo poema de amor e sabedoria que a História conhece.
Nesse particular, o Espiritismo apresenta o seu arsenal de socorros, como, de início, o esclarecimento do paciente, a fim de que adquira a consciência de responsabilidade, dispondo-se à recuperação a esforço pessoal, sem o mecanismo passadista de transferir para outrem o que ele deve realizar.
Logo depois, o empenho para conseguir a própria transformação moral para melhor, no que irá contribuir para amainar o ódio, o ressentimento da(s) sua(s) vitima(s) de ontem que, sensibilizada(s) pela sua mudança de comportamento, resolverá(ão) por deixá-lo entregue à própria sorte... Em seguida, o hábito saudável da oração, dos bons pensamentos através de leituras edificantes, dos diálogos que enriquecem o ser interior, da fluidoterapia — passes, água fluidificada, desobsessão sem a sua presença...
O Senhor da vida não é insensível cobrador de crimes, mas Pai Generoso que sempre oferece oportunidade ao calceta, a fim de que se reabilite e seja feliz.
A saúde é, portanto, o estado ideal do espírito que se descobriu a si mesmo e se identifica com o Cosmo, nele inserido em clima de harmonia.
Mansão do Caminho, Salvador, 05 de janeiro de 20.10.
Prefácio do livro: Vitória sobre a depressão de Joanna de Ângelis por Divaldo Franco
Para saber mais sobre a depressão: clique aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...