Amor à primeira vista
Richard Simonetti
1 - Existe o amor à primeira vista?
Salvo em circunstâncias especiais, de almas afins, que se reencontram para gloriosas experiências em comum, o amor não é uma aquisição “à vista”.
Melhor que seja uma realização “a prazo”, desenvolvido e sustentado em longos anos de experiência em comum.
2 - Mas não é frequente as pessoas dizerem que logo no primeiro contato encontraram o homem ou a mulher de suas vidas?
É possível, mas também muitos viram o parceiro de sua vida transformar-se em tormento dela, culminando com a separação.
3 - Estavam equivocados?
Talvez existisse uma ligação efetiva, fruto de experiências em comum no pretérito. Vieram para consolidá-la, mas a relação deteriorou-se com o tempo.
4 - Por isso costuma-se dizer que com o amor passamos o tempo e com o tempo passa o amor?
O que passa é a paixão, o amor-desejo, o amor-deslumbramento. Alguns quilos de sal consumidos em comum e as pessoas começam a sentir que o parceiro não é tão desejável e nada deslumbrante.
5 - O que seria, então, o verdadeiro amor? Lembro-me da série famosa de publicações ilustradas, sob o título “Amar é...”, envolvendo manifestações de afeto recíprocas. Do homem para a mulher:
Amar é conversar com ela; amar é entender seus momentos difíceis; amar é lembrar de seu aniversário; amar é acompanhá-la ao médico; amar é dar-lhe um descanso na cozinha... São incontáveis as situações em que se enfatiza algo que o amante faz pela amada ou vice-versa. Amar é isso - querer o bem de alguém.
6 - Mesmo esse amor não se desgasta com o tempo?
Depende das pessoas. O amor é como uma planta que se não for bem cuidada, morre. Muitos casais, unidos por legítimos laços de afetividade, acabam vendo o amor fenecer por falta de cuidado e atenção.
7 - Por que isso acontece?
Porque as pessoas se envolvem muito com seus negócios, seus interesses pessoais, suas paixões, e não deixam espaço para cultivar o amor.
8 - Não são as dificuldades de relacionamento que acabam por provocar as tormentas do amor? As pessoas se amam muito mas, de repente, descobrem que são muito diferentes.
O homem e a mulher se completam justamente porque são diferentes. Pretender que tenham identidade plena de interesses e aptidões seria contrariar a própria biologia. Se o amor for bem cultivado, com os defensivos da compreensão, do respeito e da tolerância, não haverá espaço para as ervas daninhas do desentendimento, que matam o amor.
Richard Simonetti do livro:
Não pise na bola
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