O amigo
Ignotus
Um afirmava: "Depois da paz íntima e da saúde, o amigo é o mais valioso tesouro da vida. Ele se sobrepõe à consanguinidade, aos laços de parentesco corporal, sendo, não raro, mais fiel e devotado do que muitos irmãos. Penso, mesmo, que a paz e a saúde muito devem aos afetos que cercam a criatura, facultando-lhe a harmonia."
Discordava o outro: "Creio diferente. O mundo é egoísta e o homem avaro. O mais importante, na vida, é o dinheiro. Depois, tudo pode ser adquirido: paz, saúde e amigos. Sem dinheiro, o homem é nada."
Respondeu o primeiro: "Sou seu amigo e não me interessa o que você tem, o que venha a conseguir ou deixe de possuir, 0 importante para mim é a amizade."
Concluiu o segundo: "Não lhe desconheço os valores morais. Mas, sem querer desprestigiá-lo, na linha de seleção entre todos os bens que me cercam, eu opto pelo dinheiro."
Passaram os tempos.
O utilitarista enriqueceu-se de moedas; gozou os favores breves da fortuna, que mudou de mãos; enfermou; experimentou o abandono, a amarga soledade e a dor...
O amigo conheceu a escassez de recursos financeiros, de triunfos e aplausos. Nunca, porém, sofreu a solidão, nem o desespero. Quando o outro, que o olvidara, tombou no esquecimento geral, foi ele quem distendeu as mãos da amizade para evitar-lhe a derrocada total.
Examina tuas posses e seleciona a joia da amizade, preservando-a como tesouro de incalculável significação.
Se não encontrares amigos, sê o devotado companheiro de outro que depares no teu caminho.
Feliz é aquele que se faz o amigo de todos.
Roterdam, Holanda, 09.09.80
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...