sábado, 7 de março de 2020

Necessidade de tolerância

Necessidade de tolerância

Marcelo Ribeiro  (texto 1) / Marco Prisco (texto 2)





Marcelo Ribeiro  (texto 1) 


A tolerância não pode assumir a posição de um comportamento especial que deve ser usado como terapia salutar em determinadas situações negativas ou enfermiças, que a todos nos atingem.

Comenta-se sobre tolerância e programam-na como sendo a conquista de um atributo para o futuro, de uma atitude adrede treinada, com que se reagirá diante dos acontecimentos desagradáveis da vida.

Muitos fazem da tolerância uma virtude de difícil conquista, entretecendo encômios e concedendo valores relevantes a quem a exerce, conquanto, apenas, exteriormente.

Tolerância, no entanto, é respeito pela vida, conforme esta é, como se apresenta, com quem se esteja.

Mais do que um favor em relação aos acontecimentos negativos e ao próximo em erro, é um dever mínimo, imediato, de que não podemos prescindir para viver em paz conosco mesmos.

Estado emocional, racionalmente conseguido, é, ao invés, uma conquista intelectual adornativa, porquanto, se a aplicação desse admirável condimento nas relações humanas não se faz corretamente, benefício algum traz para ninguém, devendo incorporar-se ao comportamento pessoal, adquirindo a forma de um hábito sadio, de que criatura alguma se pode dispensar.

Todas as ocorrências, no mundo, resultam de fatores que nos cumpre compreender e aceitar.

O acatamento dos mesmos não equivale a uma concordância, com eles, quando são perniciosos, mas a um dever de respeito que nos cabe exercer, agindo conforme a consciência, sem entrar em áreas de atrito com os que pensam e agem diferentemente.

A tolerância tem muito a ver com a paz interior, que cada um deve cultivar com afinco.

Cônscio das suas responsabilidades, o homem mais facilmente compreende os que transitam em outras faixas de aprendizagem ou estacionam noutros degraus de evolução. 

Não inveja os que se encontram acima e estão melhores, já que eles fruem das conquistas que encetaram; tolera os que se movimentam abaixo e se fazem impertinentes, agressivos, porque sabe que também crescerão, necessitando hoje de entendimento e fraternidade.

A tolerância gera simpatia, fomenta a paz. Embora conceda a cada um o direito de ser como é, não conive com a delinquência nem com o abuso de qualquer ordem, impondo-se procedimento correto, que não exige de ninguém.

Faz muita falta a tolerância, não só em relação às pessoas, senão às ocorrências de pequena monta, que são as mais constantes, corriqueiras e cansativas.

Às vezes, tolera-se uma ofensa grave, não um pequeno incidente; uma agressão verbal, não um olhar de desdém; uma calúnia bem urdida, não uma palavra impensada; uma dificuldade familiar, não uma variação climatérica; um compromisso desfeito, não uma impontualidade...

Convém não se confunda tolerância com covardia moral.

Uma dignifica, a outra envilece.

A tolerância exalta, a covardia deprime. A tolerância é muito importante na vida humana.

A cada passo Jesus deu exemplos de tolerância, tornando-a um requisito basilar para a felicidade. Pelo mesmo motivo, Allan Kardec incluiu-a como parte da trilogia espírita, complementando a Caridade: "Trabalho, Solidariedade e Tolerância”.


Évora, Portugal, 10.08.80
Marcelo Ribeiro por Divaldo Franco do livro: Roteiro de Libertação


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Marco Prisco (texto 2)


Estabeleça um programa de periódica avaliação dos seus atos, a fim de examinar com acerto como decorre sua vida.

O tempo não para, desenvolvendo-se dentro de uma medida harmônica, incessante.

Aprenda a usá-lo com sabedoria. A hora se repete, dentro, porém, de outras circunstâncias.

***

A terra improdutiva é problema do abandono que lhe dá o proprietário.

O charco pútrido é questão de desprezo por parte do agricultor.

Examine o que você tem feito do solo do seu coração e da terra da sua mente.

Contendas e querelas refletem paixões perniciosas e ociosidade da ação.

Toda colheita responde pela sementeira realizada. Utilize melhor a oportunidade.

Caminhos em sombra e impérvios dispensam maldições, requerendo luz e correção do piso.

A estrada fala do trânsito que suporta.

Aplique corretamente as energias.

***

Muita movimentação, pouca produtividade na tarefa.

Trabalhador agitado, rendimento precário.

Organize o mapa de serviços e aja com ordem.

***

Congele a mentira e a calúnia nos ouvidos, não as passando adiante.

As palavras insensatas ateiam lamentáveis incêndios em mentes e corações fracos.

Manipule seu tempo, objetivando rendimentos superiores.

O que você não puder fazer, evite censurar.

A crítica honesta soluciona o problema; a viciosa agrava-o.

Exercite seus sentimentos, ajudando sempre.

***

Os heróis e missionários merecem acatamento e respeito.

Siga-lhes os exemplos, aprendendo com eles otimismo e perseverança no bem.

A admiração que nada produz é adorno inútil.

***

Anote os seus compromissos diários e revise o que logrou atender, ao chegar a hora de repouso noturno. Seja exigente com seus erros e desculpe os dos outros.

O que você não pôde fazer, que o não desanime; o que você fez mal, que o não perturbe.

Avalie a sua produção e renove-se, recomeçando os deveres amanhã com o mesmo alento e disposição de hoje.


Beja, Portugal, 11.08.80
Marco Prisco por Divaldo Franco do livro: Roteiro de Libertação





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