terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Calamidades

Calamidades

Joanna de Ângelis



Com frequência regular a Terra se faz visitada por catástrofes diversas que deixam rastros de sangue, luto e dor, em veemente convite à meditação dos homens.

Consequência natural da lei de destruição que enseja a renovação das formas e faculta a evolução dos seres, sempre conseguem produzir impactos, graças à força devastadora de que se revestem.

Cataclismos sísmicos e revoluções geológicas que irrompem voluptuosos em forma de terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, obedecem ao impositivo das adaptações, acomodações e estruturação das diversas camadas da Terra; no seu trânsito de "mundo expiatório" para "regenerador".

Tais desesperadores eventos impõem ao homem invigilante a necessidade da meditação e da submissão à vontade divina, do que resultam transformações morais que o incitam à elevação.

Olhados sob o ponto de vista espiritual esses flagelos destruidores têm objetivos saneadores que removem as pesadas cargas psíquicas existentes na atmosfera, que o homem elimina e aspira, em contínua intoxicação.

Indubitavelmente trazem muitas aflições pelos danos que se demoram após a extinção de vidas, arrebatadas coletivamente, deixando marcas de difícil remoção, que se insculpem no caráter, na mente e nos corpos das criaturas.

Algumas outras calamidades como as pestes, os incêndios, os desastres de alto porte são resultantes do atraso moral e intelectual dos habitantes do planeta, que, no entanto, lhes constituem desafios, que de futuro podem remover ou deles precatar-se. (*) 

As endemias e epidemias que varriam o planeta no passado, continuamente, com danos incalculáveis, em grande parte são, hoje, capítulo superado, graças às admiráveis conquistas decorrentes da "revolução tecnológica" e da abnegação de inúmeros cientistas que se sacrificaram para a salvação das coletividades. Muitas outras que ainda constituem verdadeiras catástrofes, caminham para oportunas vitórias do engenho e da perseverança humana.

Há, também, aquelas resultantes da imprevidência, da invigilância, por meio das quais o homem irresponsável se autopune, mediante os rigores dos sofrimentos decorrentes das desencarnações precipitadas, através de violentos sinistros e funestas ocorrências.

Pareceriam desnecessárias as aflições coletivas que arrebatam justos e injustos, bons e maus, se olhados os saldos precipitadamente. Conveniente, todavia, refletir quanto à justeza das leis divinas que recorrem a métodos purificadores e liberativos, de que os infratores e defraudadores das Leis e da Ordem não se podem furtar ou evitar.

Comparsas de hediondas chacinas; grupos de vândalos que se aliciam na desordem e usurpação; maltas de inveterados agressores que se identificam em matanças e destruições; corsários e marinhagens desvairados em acumpliciamentos para pilhagens criminosas; soldadesca mercenária, impiedosa e avassaladora, que se refestela, brutal, na inocência imolada selvagemente; incendiários contumazes de lares e celeiros, em hordas nefastas e contínuas; bandos bárbaros de exterminadores, que tudo assolam por onde passam; cúmplices e seviciadores de vítimas inermes que lhes padecem as constrições danosas; pesquisadores e cientistas impenitentes, empedernidos pelas incessantes experiências macabras de que se nutrem em agrupamentos frios; legisladores sádicos e injustos que se desforçam nas gerações débeis que esmagam; conquistadores arbitrários, carniceiros, que subjugam cidades nobres, tornando suas vítimas cadáveres insepultos, enquanto se banqueteiam em sangue e estupor; mentes vinculadas entre si por estranhas amarras de ódio, ciúme e inveja que incendeiam paixões, são reunidos novamente em vidas futuras, atravessando os portais da Imortalidade, através de resgates coletivos, como coletivamente espoliaram, destruíram, escarneceram, aniquilaram, venceram os que encontravam à frente e consideravam impedimentos à sua ferocidade e barbaria, vandalismo e estroinice, a fim de que se reajustem, no concerto Cósmico da Vida, servindo também de escarmento para os demais, que, não obstante se comovem ante as desgraças que os surpreendem, cobrando-lhes as graves dívidas, prosseguem, atônitos e desregrados, em atitudes infelizes sem que lhes hajam constituído lições valiosas, capazes de converter-se em motivo de transformação interior.

Construtores gananciosos que se fazem instrumento para cobranças negativas, maquinistas e condutores de veículos displicentes, que favorecem tragédias volumosas, homens que vendem a honradez e sabem que determinadas calamidades têm origem nas suas mentes e mãos, embora ignorados pela Justiça humana não se furtarão à Consciência Divina neles mesmos insculpida, que lhes exigirá retorno ao proscênio em que se fizeram criminosos ignorados para tornarem-se heróis, salvando outros e perecendo, como necessidade purificadora de que se alçarão, depois, à paz.

Não constituem castigos as catástrofes que chocam uns e arrebatam outros, antes significam justiça integral que se realiza.

Enquanto o egoísmo governe os grupos humanos e espalhe suas torpes sementes, em forma de presunção, de ódio, de orgulho, de indiferença à aflição do próximo, a Humanidade provará a ardência dos desesperos coletivos e das coletivas lágrimas, em chamamentos severos à identificação com o bem e o amor, à caridade e ao sacrifício.

Como há podido pela técnica superar e remover vários fatores de calamidades, pelas conquistas morais conseguirá, a pouco e pouco, suplantar as exigências transitórias de tais injunções redentoras.

Não bastassem as legítimas concessões do ajustamento espiritual, as calamidades fazem que os homens recordem o poder indômito de forças superiores que os levam a ajustar-se à sua pequenez e emular-se para o crescimento que lhes acena.

Tocados pelas dores gerais, partícipes das angústias que se abatem sobre os lares vitimados pela fúria da catástrofe, ajudemo-nos e oremos, formando a corrente da fraternidade santificante e, desde logo, estaremos construindo a coletividade harmônica que atravessará o túmulo em paz e esperança, com os júbilos do viajor retomando ditoso à Pátria da ventura.

(*) - À véspera, em 01/02/1974, havia irrompido, em São Paulo, o incêndio do Edifício Joelma, que arrebatou mais de 170 vidas e revelou alguns heróis.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco, 
página psicografada na sessão pública da noite de 02/02/1974, 
no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador Bahia.

Mensagem publicada na Revista Reformador Abr. 1974 
e posteriormente incluída no livro: Após a tempestade.

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Recorte da Revista Reformador de Abril de 1974 - FEB





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