quarta-feira, 29 de março de 2017

Entrevistando Emanuel Swedenborg

Entrevistando Emanuel Swedenborg

Irmão X.



A conferência em Estocolmo, Suécia, no dia 10 de junho (1994), abordou o tema da Sobrevivência do Espírito. Encerrada a reunião, o Amigo Espiritual escreveu a interessante mensagem que aqui se encontra.

Visitava Estocolmo, a bela capital da Suécia, nesta ensolarada manhã de junho, país que ofereceu homens e mulheres notáveis à Humanidade, quais Tycho Brahé, o admirável astrônomo, Alfredo Nobel, o inspirado benfeitor do progresso da Ciência e da Cultura, Selma Lagerlöf, a inesquecível contista, Carl Mieles, o Miguel Ângelo moderno, entre outros, quando me recordei do sábio e místico Emanuel Swedenborg, de elevados dotes intelectuais e mediúnicos.

Sabia que a pequena casa onde ele meditara no sul da cidade, no século XVIII, fora transferida integralmente para o belo parque Skansen, que é um misto de zoológico, museu onde se encontram páginas vivas do país, com as suas construções do passado, ao mesmo tempo bosque e ampla área de recreação.

Dirigi-me à imensa área verde, enriquecida pelo perfume das flores do verão sueco e, em recanto especial, entre roseiras exuberantes, encontrei a modesta construção de madeira, ainda impregnada pelas vibrações do famoso cientista e vidente.

Com o faro aguçado de jornalista curioso, adentrei-me na pequena e bem conservada habitação, revendo os móveis singelos, ao mesmo tempo tentando penetrar no campo psíquico que ali perdurava.

Alongando observações com referência aos frequentadores do santuário, discípulos e admiradores do inspirador da Igreja da Nova Jerusalém, vi o eminente sensitivo sentado na sala, conversando com alguns interessados e aprendizes devotados.

Acerquei-me do grupo, com o máximo de respeito e atenção, anotando algumas expressões e pensamentos renovadores que foram citados pelo palestrante.

Terminada a conversação, aproximei-me e apresentei-me ao simpático Espírito, que me recebeu jovialmente.

Expliquei-lhe que tomara conhecimento, embora superficialmente, da sua Doutrina, quando encarnado, e que, se possível, gostaria de apresentar-lhe algumas breves questões que me surgiram há tempos, face aos meus estudos no além-túmulo, da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.

Sem opor qualquer dificuldade, o nobre pensador aquiesceu. Sem demora, indaguei-lhe:

— Transcorridos quase duzentos e cinquenta anos da vossa expressiva experiência mediúnica, em 1745, que assinala o início do vosso apostolado, teria algo de novo a acrescentar às revelações recebidas?

Não se fazendo rogado, e com naturalidade, ele respondeu:

— Como o amigo deve encontrar-se informado, o fenômeno se me manifestou por primeira vez em forma de um sonho, no qual eu senti uma tremenda ventania que me atirou com a face no solo. Comecei a orar, temeroso, então vi Jesus, que manteve uma grave conversa comigo, da qual me ficaram apenas as palavras Bem, então, assim, que foram as únicas possíveis de recordar- me ao despertar.

“A impressão do insólito acontecimento foi tão poderosa, que alterou completamente a minha existência, a partir daquele momento, e para esse trabalho entreguei os restantes quase vinte e sete anos de que dispus...

“As revelações e os contatos espirituais prosseguiram incessantes, e os anotei, quanto possível, no que redundou tomar-se a doutrina que preserva o meu nome.

“Quantos enganos, porém! Aquele era um período difícil. O predomínio da fé religiosa sem a razão; a ignorância, quase generalizada, a respeito dos Espíritos e das suas comunicações; o meu estado de exaltação psíquica, tudo isso contribuiu para que me equivocasse e também tombasse nos escorregadios degraus do fanatismo que me comprometeu.

"“Já tive ocasião de referir-me, através de vários médiuns, a algumas dessas questões, nos dias da Codificação espírita, no século passado, como mais recentemente, na Inglaterra, país que sempre amei.

“O amigo sabe que foi em Londres, que entreguei a alma a Deus, não é verdade?”

— Sim — redargui-lhe. — Sabia-o vagamente. Porém, os despojos mortais ainda permanecem lá?

— Não — retrucou. — O governo do meu país transferiu-os para a Catedral de Upsala, no ano de 1908, onde hoje se encontram.

— O nobre benfeitor ainda considera legítima a doutrina das correspondências que apresentou na vossa Obra?

Detendo-se a reflexionar, com suave sorriso na face, respondeu com sinceridade:

— Toda a base teológica do meu pensamento, que objetivava restaurar o Cristianismo, hauri-a na Bíblia, que tinha na condição de infalível, por ser a palavra de Deus. As revelações espirituais que me eram feitas, por sua vez, procediam de entidades algo intolerantes e fixadas às convicções que adquiriram antes da morte. A minha exaltação psíquica igualmente contribuiu para aplicar as correspondências do lendário livro com a realidade humana, nos vários aspectos — moral, espiritual, religioso — fazendo um grande esforço imaginativo e conceptual para que se apresentassem lógicas, o que certamente não foi possível. Tomou-se, assim, uma página mitológica, rica de simbolismos, alguns absurdos, sem nenhum referencial com a realidade. Hoje, procuro inspirar os seguidores da Igreja da Nova Jerusalém para que operem mais amplas aberturas interpretativas, ou mesmo deixem-na à margem.

“Reconheço, com alguma tristeza, que ignorando o trato psicológico com os imortais, não obstante as experiências com algumas ciências, tomei-me presa fácil de Espíritos, alguns pseudo-sábios e outros zombeteiros, que me induziram a conclusões errôneas, no que diz respeito à religião, assim como a outras questões de natureza filosófica.”

— Como considerais hoje a comunicabilidade dos Espíritos e a amplitude do fenômeno mediúnico, após o surgimento do Espiritismo em Paris, a 18 de abril de 1857?

— Com simpatia e preocupação. Tenho o Espiritismo como o real Consolador prometido por Jesus-Cristo, que eu pensei, à minha época, ser a mensagem de que me fizera portador, por atribuí-la ao próprio Jesus, portanto, a Deus feito homem, como eu expus nas minhas obras. O conceito esdrúxulo foi uma tentativa de negar a Santíssima Trindade, porém, respeitando alguns postulados bíblicos, criei a ideia de Deus, em Jesus humanizado, para deter os demônios que atenazavam as criaturas, e no Espírito Santo, mas que não seriam três pessoas, porém os três essenciais de um único Deus.

“O Espiritismo ensina corretamente a questão, libertando-se do atavismo clericalista e do cabalismo do número três. Racional, ele é sempre lógico. Eu defendera a tese de que se devia crer sem a necessidade da comprovação pelos fatos, o que ora me soa absurdo, assim reconfirmando que o espírito familiar que mais dialogava comigo, igualmente, ignorava muitas coisas.

“Ele fez-me ver que eu fora escolhido para o intercâmbio com os anjos e os santos, com Jesus-Deus. Permiti-me a fantasia ingênua de considerar-me um privilegiado, o único ser em condições de reformar a Religião Cristã, apresentando a verdadeira, que pouco fora conhecida.

“Todas as criaturas somos muito vulneráveis à presunção, essa filha da vaidade e irmã do egoísmo exacerbado.

“A minha preocupação diz respeito à ligeireza com que as pessoas tomam conhecimento da Doutrina Espírita, sem a aprofundarem, entregando-se à prática mediúnica desequipadas de conhecimentos, seriedade e cuidados, assim tomando-se instrumentos da insensatez e leviandade que permanecem também entre os mortos, como sabemos, o amigo e nós.

“Não seria lícito tentar impedir o intercâmbio generalizado, que se dá do nosso para o mundo físico, no entanto, é lícito e oportuno recomendar-se muito cuidado, mesmo porque os Espíritos não detemos todo o conhecimento, razão que levou Allan Kardec a interrogar vários, por intermédio de diferentes médiuns, comparando depois as respostas e submetendo-as ao crivo da razão, da universalidade.

“Ao mesmo tempo, o intercâmbio espiritual pelos médiuns, qual ocorreu com o próprio Jesus, no Tabor, diante de Moisés e Elias, bem como com os Apóstolos, é dos mais elevados contributos para a plenificação humana, através da certeza da sobrevivência da vida à morte física.”

E após um sorriso jovial, arrematou:

“Já não considero o intercâmbio mediúnico como o caminho para o hospício.”

— Não desejando ser inoportuno, indagaria ao caro Benfeitor, se ainda considerais que o espírito surge do sêmen do pai, enquanto a mãe oferece-lhe o corpo, conforme se encontra na Doutrina Swedenborguiana?

— Basta um regular conhecimento das leis da hereditariedade para constatar-se o equívoco da afirmativa. Vivíamos, à época, em total desconhecimento da Genética, e concepções fantasiosas tentavam explicar a origem da vida, inspirando-se no simbolismo bíblico da Criação que, não resolvendo todas as questões do Evolucionismo Darwiniano e do Transformismo Lamarckiano, que vieram só depois, abriam espaço para essa e outras audaciosas teorias.

“Sabemos que Deus jamais repousa, descansa, prosseguindo o ministério ilimitado da Criação, conforme Jesus acentuou: Meu Pai até hoje trabalha e eu também trabalho. Este conceito do Mestre basta para confirmar que o Autor continua produzindo a vida...

“Muitos reparos merecem o trabalho que deixei. Valem, porém, o esforço sacrificial, que foi aplicado nele, e o imenso amor às criaturas, as quais pretendia libertar da ignorância, agora continuando com o mesmo objetivo, embora com a visão renovada.”

— Agradeço ao querido mestre a gentileza e bondade, e rogo-vos escusas pelo tempo que vos tomei.

Gentilmente ele distendeu-me a mão e sorriu com cordialidade.

Eu porém prossegui com a mente esfervilhando de interrogações, que não deveria apresentar ao grande vidente sueco, para não pecar por descortesia ou desrespeito.

Não obstante, porque a noite demorasse de chegar, ali fiquei no imenso parque de Skansen, a meditar nas respostas do insigne místico de Estocolmo.

Irmão X. por Divaldo Franco do livro:
Sob a Proteção de Deus

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