quarta-feira, 16 de junho de 2021

A busca ilimitada

A busca ilimitada

Joanna de Ângelis



A ignorância presunçosa responde por incontáveis males que afligem o ser humano. Não apenas aquela que resulta da falta de instrução, mas, sobretudo, a que se traveste de conhecimento geral e profundo em torno de questões com as quais não está familiarizada, fingindo tudo saber, por efeito de algumas informações que lhe são peculiares.

Arrogante, o pseudossábio é tão perigoso no relacionamento social, quanto aquele que se encontra no aprendizado mais simples, desconhecendo as questões que lhe são apresentadas.

Esse, porque destituído de fatuidade, abre-se ao conhecimento, e mais do que instruir-se, adquire a dimensão de quanto necessita aprender, predispondo-se para o mister. O outro, aquele que se acredita possuidor da verdade, que tudo filtra pelos deficientes equipamentos que o envaidecem, põe a perder muitas florações de esperança e de amor, somente porque não lhe parecem compatíveis com os seus critérios de compreender o mundo e ampliar-lhe os horizontes.

Tornando-se mesquinho, na descabida vaidade, arremete com falsa superioridade contra tudo quanto lhe fere a susceptibilidade, especialmente em torno de assuntos que ignora e não tem a sabedoria de reconhecê-lo, fingindo-se hábil em todos os setores.

Segundo pensam, em seu estágio egocêntrico, o mundo terá dificuldade de continuar depois que eles passem no carro transitório da carne.

Defensores das próprias ideias, mistificam, informando que estão a soldo dos ideais libertários e culturais da Humanidade, por isso mesmo eludindo-se da vivência dos postulados e tornando-se palradores inveterados, que se atribuem deveres de salvar as pessoas ingênuas e, para eles, submissas à astúcia de outras, astuciosos que também o são.

O homem inteligente na Terra compreende, desde cedo, quanto necessita de crescer e desenvolver-se humildemente perante o Cosmo. Não cessa de estudar nem de experimentar, respeitando em todos os indivíduos os seus recursos e mais empenhando-se em adquirir conhecimentos novos, sempre que se lhe deparem oportunidades adequadas.

Não agride nem recalcitra, abrindo-se sempre a todas e quaisquer informações, porquanto reconhece que, apesar de muito bem instruído em determinados assuntos, outros são lhe totalmente desconhecidos.

No que diz respeito às questões espirituais, o imenso campo se desdobra, rico de paisagens que aguardam ser conquistadas, não estando, ninguém, no mundo, em condições de estabelecer paradigmas e definições últimas, por lhe escaparem possibilidades para tanto.

O vocabulário humano, por mais fértil e complexo, é insuficiente para descrever as causas da realidade, observando apenas os efeitos.

A pobreza da linguagem não possui as tintas - vibrantes umas e delicadas outras - para decodificar as maravilhosas impressões que são captadas pelos limitados sentidos orgânicos.

Como falar de questões desconhecidas mediante termos comprometidos? Como definir emoções não vivenciadas através de vocábulos incorretos? De que forma explicar o imaterial mediante verbetes que se revestem de símbolos já identificados?

Como decifrar o pensamento desvestido do cérebro, quando este é insuficiente para explicar-se a si mesmo, permanecendo ainda como uma incógnita para a razão? Como estabelecer parâmetros de ordem física num oceano de energia psíquica, inteligente e infinita? Será crível poder-se estabelecer uma linha de comportamento para os fenômenos da mediunidade, considerando-se que cada indivíduo é uma aparelhagem especial com características próprias? Por que se pensar que a conclusão pessoal, resultado de estudos e observações que alguém logrou, deva ser o padrão a permanecer irretocável para todos?

São algumas das muitas questões que deverão ser penetradas a pouco e pouco, demonstrando quantos limites ainda impedem as definições corretas em torno da vida em si mesma e dos fenômenos por ela provocados, no processo de crescimento do Espírito pelos rumos da evolução.

Com muita propriedade Allan Kardec perscrutou a opinião de inúmeros habitantes do mundo causal, deixando em aberto várias questões para o futuro, por compreender que não dizia a primeira nem a última palavra dessa incomparável e profunda sinfonia que é a vida.

Descerrando a cortina que velava o mundo invisível, ensejou uma visão parcial dessa realidade, favorecendo a criatura humana com recursos preciosos através da mediunidade, para ampliá-la, aumentando a capacidade de entendimento e de vivência, que se prolongará mesmo depois da morte do corpo.

Como é natural, o fato de alguém estar desencarnado não significa que haja adquirido o conhecimento absoluto, estando, por sua vez, em condição de opinar com segurança em torno de qualquer assunto, ou ser portador único de revelação tão bombástica quanto enganosa.

Adotando a universalidade do ensino, demonstrou a humildade que lhe era peculiar, a destreza cuidadosa com que lidara com os princípios da imortalidade, da comunicabilidade e da vida espiritual, não ultrapassando os limites que o tempo e a cultura ensejavam, a fim de que os esclarecimentos fossem aparecendo de acordo com a capacidade de entendimento dos homens e mulheres, assim como chegaram as revelações quando a ciência as podia confrontar com as investigações e as mentes estivessem preparadas para entendê-las. 

Não obstante, multiplicam-se em todos os arraiais do conhecimento espiritual os pseudossábios, que na arrogância da sua ignorância, doutoralmente investem contra o que lhes parece não comprovado, fora dos conhecimentos que deverão permanecer estanques nos seus limites culturais, ao invés de em constantes processos de elevação e desenvolvimento.

O que hoje se apresenta como extravagante ou inusitado, pode tornar-se mais tarde o aceito, o confessional, o real.

Certamente, não se pode nem se deve abdicar do bom senso, da lógica, da razão que analisa e conclui, evitando-se, isto é claro, a postura cerrada de exclusivo detentor da verdade.

A irremediável marcha do progresso deslumbra e ninguém se deve permitir ficar à margem desse incontrolável mecanismo da evolução.

Os horizontes do conhecimento dilatam-se a cada minuto e se multiplicam os desafios culturais e tecnológicos, bem como o intercâmbio com os Espíritos desencarnados, na sua missão consoladora e iluminativa, propiciando enriquecimento moral, emocional e psíquico aos deambulantes na roupagem orgânica.

O ser humano ultrapassa os valores adquiridos e descortina novos céus, novos mundos que pretende conquistar, o que logrará mediante os esforços incessantes que se permita.

Nessa busca de engrandecimento e de glórias, a humildade deve ser-lhe a característica inicial que lhe facultará maior penetração nos ilimitados domínios do Infinito.

A arrogância é trava no processo de crescimento espiritual, enquanto que a simplicidade de coração e o interesse por aprender sempre constituem alavanca de propulsão para a frente e para cima.

Poder contemplar os horizontes da sabedoria e penetrá-los, deverá ser a conduta de todo aquele que se habilita ao amor e ao Bem, desejoso de liberdade e de plenitude, por sentir-se ainda aprisionado nos estreitos corredores das reencarnações purificadoras.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Dias Gloriosos

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
- Dúvidas e contatos enviar e-mail para: regeneracaodobem@gmail.com 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...