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quinta-feira, 7 de março de 2024

Ligeiro estudo sobre a reencarnação

Ligeiro estudo sobre a reencarnação

Joanna de Ângelis



Desde tempos imemoriais até onde o pensamento possa recuar, as evidências sobre a imortalidade da alma, sua comunicabilidade e a reencarnação se fazem presentes em quase todos os povos e culturas, raças e grupamentos sociais, constituindo um dos mais antigos demonstrativos da realidade do ser, que não se circunscreve apenas ao amontoado de células e de cartilagens na sua constituição molecular.

Caminhando com o desenvolvimento do indivíduo, surgindo no instante do desabrochar do pensamento, esses conhecimentos têm avançado através dos milênios, convidando  à reflexão e ao direcionamento dos seus passos, no rumo de mais elevada conquista que o liberte do primarismo.

Etapa a etapa, o Espírito ascende no rumo da sua destinação gloriosa.

Tal saga - a do conhecimento dos valores eternos - é resultado da inspiração que os imortais sempre proporcionam aos seus companheiros de romagem terrestre.

Através das comunicações espirituais foram ministradas as instruções a respeito da preexistência e da sobrevivência da vida aos fenômenos do nascimento e da morte, insculpindo o mecanismo evolutivo do ir-e-vir ininterrupto, graças ao qual, da ganga bruta da matéria se libera o anjo que nela jaz adormecido pela reencarnação.

Nas culturas mais primitivas, em conceitos de metempsicosea reencarnação esplende, mesmo que em moldes agressivos, típicos do período em que aquelas se desenvolviam, demonstrando a inexorável Lei de Justiça, que premia e que disciplina a cada um conforme as atitudes que haja mantido em relação a si mesmo e aos Códigos Soberanos da Vida.

Em inumeráveis tribos bárbaras, o conceito da metempsicose apresentava-se como forma inexorável do processo de conquista dos valores de crescimento, libertando-as da agressividade e do primarismo, enquanto insculpia a doçura e a harmonia.

O ser ascende a duras penas, lapidando as arestas e aprimorando os sentimentos no contato com as experiências que nele fixam os valores que lhe devem constituir processos de sublimação no rumo da sua imortalidade.

Criado por Deus e programado para a fatalidade do bem, do bom, do belo e do perfeito, todo o percurso que lhe está destinado terá que ser conseguido mediante a eleição espontânea, o livre-arbítrio de que desfruta, constituindo um mecanismo de justiça equânime para todos, assim evitando os diferencialismos característicos das doutrinas ortodoxas e preconceituosas.

A reencarnação se apresenta como a solução legítima para todos os problemas que surgem no comportamento dos indivíduos como dos grupos sociais, estabelecendo processos de dignificação humana ao alcance de todos.

Esse admirável conceito filosófico - que pode ser demonstrado pela experimentação de laboratório - constitui, por si mesmo, o mais eficiente processo de ascensão dos Espíritos, que jamais estacionam definitivamente, nunca retrocedendo, porquanto as conquistas adquiridas em uma etapa se transferem automaticamente para outra, armazenando na sua memória extrassensorial ou perispiritual os valores adquiridos.

Com muita propriedade afirmava o professor Francis Bowen, eminente filósofo da Universidade de Harvard, que aproximadamente noventa e oito por cento dos átomos do corpo humano são substituídos por outros, como consequência do ar, do alimento e da bebida indispensáveis à sua manutenção durante o período de um ano. No entanto, esse percentual aumenta para cem por cento, após cinquenta e três semanas. Assim sendo, um indivíduo de setenta e cinco anos já transitou por setenta novos corpos incluindo os cérebros. Mesmo se considerando que os neurônios cerebrais não se incluam nesse processo, muito dificilmente se poderia conceber a possibilidade da permanência inalterada da personalidade, da individualidade, tanto quanto das conquistas do caráter, da inteligência, da emoção...

Por sua vez, William James, filósofo e psicólogo americano, pai do pragmatismo, elucidou que se pode "conceber um mundo mental por detrás do véu, em uma forma tão individualista como se queira, sem prejuízo algum para o esquema geral com o que está representado o cérebro como um órgão transmissor..."

Certamente, o nobre estudioso do comportamento humano e do pensamento em geral se liberta do organismo cerebral propondo uma realidade de natureza mental, que se transfere de uma para outra forma carnal, no desempenho da sua função de crescimento, adquirindo maior soma de informações, porquanto uma existência única é insuficiente para tanto.

A visão primária da metempsicose, portanto, própria para a cultura primitiva, a pouco e pouco cedeu lugar ao conceito da reencarnação, que propicia o mecanismo evolucionista sem retrocesso, facultando ampliação de horizontes mentais e morais em contínua ascese espiritual.

Para que o homem primitivo pudesse conceber a Divindade, tendo em vista o nível do seu pensamento, teria que remontar ao esquema antropomórfico, representando-a mediante os padrões do próprio intelecto, dos seus tormentos e necessidades, assim portanto, formulando conceitos punitivos ou gratificadores.

De acordo com a conduta vivida e experienciada, o ser retornaria em expressões vivas da Natureza.

De alguma forma, estava embutido o princípio da realidade evolucionista, mediante o qual o psiquismo dorme no mineral, sonha no vegetal, sente no animal, passando a pensar no ser humano, quando os fatores orgânicos lhe permitem a aquisição da inteligência - nele inata - e dos sentimentos que se encontram em latência, conduzindo-o à sublimação.

A crença na reencarnação está tão arraigada na história do pensamento, que alguns arqueólogos acreditam que na Nova Idade da Pedra, aproximadamente 10.000 a 5.000 anos a. C. os cadáveres eram enterrados em posição fetal, a fim de facilitar-se o próximo renascimento dos seres que os habitaram.

Essa crença se firmava na suposição de que aqueles povos, com tais costumes funerários, haviam sido elaborados para facultar os renascimentos em uma outra vida.

Como consequência dessa crença, também se acredita hoje que o asseio e a preparação proporcionados ao cadáver são, de alguma forma, a aceitação de que o ser irá renascer.

Muitas tribos, ainda na fase primitiva da evolução, acreditavam que o renascimento dependeria muito da forma como fora inumado o corpo anterior, no que resultavam cuidados especiais que passaram à posteridade, terminando pelos atuais processos de preservação e embelezamento antes da cremação ou mesmo do sepultamento.

Não obstante, o pensamento egípcio se apresentava díspar: para uns estudiosos, a mumificação tinha por meta preservar a forma e evitar a imediata reencarnação; enquanto que, para outros, tratava-se exatamente do oposto, facultando ao ser no retorno encontrar alimentos, objetos e pertences anteriores, facilitando-lhe o prosseguimento dos compromissos.

Superando a fase mitológica propriamente dita, característica desses povos primitivos, a reencarnação ressurgiu em conteúdos filosófico-religiosos muito bem definidos através do Zoroastrismo - doutrina derivada do pensamento de Zoroastro - nome dado a diversos mestres, havendo sido o último da série aquele que viveu nos anos setecentos a. C. e que ensinou serem as almas humanas Espíritos imortais, que desceram do Alto para atravessar inumeráveis existências terrenas em larga sucessão de corpos materiais, com o objetivo de adquirirem conhecimentos e experiências, para logo retornarem felizes ao seio da Divindade pela qual foram criadas.

Posteriormente, Heródoto, Platão e Plutarco afirmaram que a reencarnação era a crença geral do Egito, não obstante houvesse também a proposta da metempsicose, que se tratava de um método severo e grave para atemorizar os exotéricos, incapazes, segundo a crença geral, de penetrar o sentido oculto da revelação espiritual.

Já aí se percebem as claras informações concernentes ao esquecimento do passado, da existência anterior, quando o processo se dá no renascimento, proporcionando mecanismo
impeditivo de aflições desnecessárias para maior facilidade ascensional.

As Obras Herméticas são um repositório de informações a respeito dos renascimentos terrestres como fundamentais para a autoiluminação, em razão da impossibilidade do Espírito alcançar os degraus elevados da transcendência de uma única vez, bem como o conhecimento profundo em somente uma existência terrena.

O Hinduísmo, por sua vez, na condição de religião mais antiga de que se tem conhecimento em forma organizada, adotou a reencarnação como base para o processo do aperfeiçoamento do ser espiritual, sem o que o mesmo seria impossível.

O Budismo, seguindo a mesma linha de comportamento ancestral do pensamento hindu, fundamenta-se, essencialmente, na reencarnação, que faculta o desdobramento dos valores inatos no ser profundo, propiciando-lhe a libertação do mundo das ilusões e a perfeita integração na plenitude que lhe está reservada desde o momento da sua criação.

A recordação das existências passadas deixa de ter qualquer significado nessa Doutrina, em face do próximo despertar do Espírito após o fenômeno da desencarnação.

A sua meta, que é o encontro com Brahma, constitui o estímulo essencial para o renascimento, sendo de secundária importância saber o que haja ocorrido anteriormente.

O carma, por sua vez, é a causalidade universal, de modo que cada ação traz um efeito inevitável que deve ser reparado — quando negativa a atitude - ou estimulador e progressista - quando se fundamenta em edificações morais, artísticas, intelectuais e tudo quanto promova o indivíduo e a sociedade.

Desde o século IV a. C. o Taoísmo, que é um caminho, complementando o confucionismo e o budismo chinês, afirma que o Tao sempre existiu, antes mesmo que o céu e a terra, e que continuará existindo, sem forma, solitário, sem mudanças, chegando a toda parte sem sofrer danos de qualquer natureza, eterno, como a mãe do universo. Tudo mais é um fluxo contínuo.

Afirmava o eminente Chuang Tzu, aproximadamente 300 anos a.C, um dos seus primeiros filósofos que: Haver alcançado a forma humana deve ser sempre uma maneira de possuir alegria, para depois passar por incontáveis transições, tendo pela frente unicamente o infinito... que bênção tão incomparável!

Algumas escolas muçulmanas admitem a reencarnação e propõem-na como método edificante para alcançar o Paraíso, afirmando o retorno de Mohammed al Muntazar (Maomé), que houvera desaparecido no ano de 878, e que prossegue vivo, devendo retornar para salvar o mundo...

De alguma forma se assemelha ao Consolador prometido por Jesus, que se encontra vivo no Espiritismo.

O Sikismo, de origem mais recente, por volta do aparecimento de Nanak, que nasceu no ano de 1466 — ele próprio afirmava haver renascido antes inúmeras vezes, havendo realizado muitos atos bons e maus — propõe a roda do samsarada qual se deve desvencilhar o Espírito, a fim de crescer e desenvolver os valores divinos nele jacentes, por meio de ações boas, do respeito às Leis de Deus, mediante a oração, todos eles métodos eficazes para o desiderato libertador.

Na Grécia, Ferécides foi o primeiro pensador a referir-se à reencarnação em sua Teologia conhecida como Sete Adytahavendo sido o mestre de Pitágoras, que reproduziu essa crença na sua Escola de Crotona.

O próprio Pitágoras acreditava haver sido também Euforbusferido por Menelau em Tróia, como também Hermotimo que, estando em um templo de Apolo, reconheceu o escudo de Euforbus, e, mais tarde, Pirro, um pescador da Délia...

Píndaro, e principalmente Platão, não apenas acreditavam na reencarnação como a divulgaram, este último especialmente inspirado no seu mestre Sócrates, deixando clara a sua crença nas memoráveis obras: A República, Fédon, Menón, Timeu e As Leis, nelas ensinando a imortalidade da alma, assim como o seu trânsito em um número ilimitado de renascimentos, para retornar ao mundo das ideias, após conquistadas a beleza, a verdade e a bondade, que se adquirem no transcurso das experiências evolutivas.

Segundo Platão, a eleição de antigos amigos, parentes e afetos resulta da determinação de suas próprias realizações, sabedoria e conquistas morais.

Em Roma, a reencarnação gozou de alto respeito entre os muitos filósofos, dentre os quais Possidônio e Virgílio, este último estabelecendo que as almas depois de peregrinarem pelos abismos sorvem a água do Letes - rio do esquecimento - para retornarem ao corpo. Salústio, por exemplo, ensinava que as aflições atuais congênitas são decorrência natural das experiências passadas...

Mais tarde Fílon, judeu de Alexandria, confirmou a reencarnação, explicando que Deus criou as almas puras e que elas passaram a eleger entre a bondade e a maldade - livre-arbítrio - dando início ao ciclo reencarnacionista.

Com o advento do Cristianismo, a reencarnação encontrou fundamentos admiráveis nos enunciados de Cristo, particularmente no seu encontro com Nicodemos; na revelação a respeito do retorno de Elias como João Batista; nas referências ao resgate das dívidas e suas consequências; no caso do nado cego e noutros exemplos fecundos.

As promessas de Jesus se fundamentam na Justiça Divina, na qual se encontra presente a doutrina dos renascimentosfacultando a reabilitação dos equívocos - autoperdão - e a autopromoção pelas ações nobilitantes, que constituem a grande demonstração do amor de Deus a todas as Suas criaturas.

Em momento algum, nos Seus ensinamentos, se encontra qualquer reproche aos renascimentos orgânicos, nos quais o Espírito assume a oportunidade de crescimento e autoiluminação.

Prosseguindo com os testemunhos favoráveis à reencarnação, o neoplatonismo, que surgiu no ano de 193 d.C., fundado por Amônio Saccas, ofereceu grande número de pensadores e pais da Igreja, que demonstraram teologicamente a sua realidade.

Pode-se citar, por exemplo, Orígenes, que afirmava viverem as almas sem os corpos, que teriam esses últimos uma existência secundária, considerando que a vida verdadeira é aquela de natureza espiritual.

Plotino, por sua vez, igualmente discípulo de Ammônio Saccas, confirmava ser a reencarnação o processo depurador para aqueles que se equivocam e tombam em erros. No entanto, influenciado pela metempsicose, procurava elucidar que os maus retornam em formas inferiores, de plantas e animais, o que não corresponde à legitimidade do processo de evolução. Talvez esse conceito esotérico tivesse como objetivo convidar os exotéricos a temerem a justiça, ante a falta de maturidade psicológica para entenderem as soberanas diretrizes do amor...

Porfírio, consciente da multiplicidade das existências físicas, esclarecia, explícito, que o ser que experimentou as diferentes vidas (existências) melhores e piores, se torna um juiz mais vigoroso do que aquele que somente conheceu uma... Aquele que vive - prossegue informando - de acordo com o intelecto... passou através da vida irracional... Também informava que as almas dos filósofos depois da sua peregrinação estavam libertadas para sempre, porque depuradas pela reencarnação.

Jâmblico, por sua vez, explicava que as aparentes injustiças decorrem da conduta mantida em experiências anteriores, porque os deuses veem tudo e tomam as providências compatíveis para o processo da evolução irrefragável, no qual estão mergulhadas as criaturas.

São Gregório Nazianzeno confirmou a progressão dos Espíritos através da reencarnação, o mesmo ocorrendo com São Jerônimo, na sua Carta a Avitus, afirmando, ademais, que a mesma era praticada e aceita pelos cristãos primitivos.

Macróbio apresentou a alma como um ser puro, ao ser criada, que desce para experimentar a contingência da matéria e retornar ao seio de onde se originou, novamente purificada de qualquer imperfeição.

Próclus, demonstrando esse processo de crescimento espiritual, afirmou que o Espírito pode renascer em um ser bruto, porém nunca na condição de bruto.

Celtas e gauleses deram prosseguimento à crença na reencarnação, através dos ensinamentos druídicos, prosseguindo nos gnósticos, tais os cátaros ou albigenses.

A partir do Concílio de Constantinopla, a reencarnação tornou-se doutrina herética, graças à petulância do imperador Justiniano que convocou a assembleia, abrindo espaço para as perseguições que tiveram lugar mais tarde através da Inquisição e de todos os mecanismos da intolerância medieval, que se prolongaram até a idade Moderna.

No entanto, não existe qualquer condenação promulgada contra a crença na reencarnação na Igreja Católica, em Concílios ou mesmo através de Encíclicas, ou outros documentos oficiais do seu credo, senão por meio de opiniões esparsas e periódicas.

Embora houvesse sempre críticas à reencarnação, por parte de outros pais da Igreja, assim como diferentes filósofos e cépticos, ela permaneceu viva através dos séculos, reaparecendo nas mais diferentes culturas.

A crença na reencarnação ressurgiu, mesmo durante a Idade Média, sem desaparecer de todo durante o período das perseguições, no pensamento e na poesia de Dante, quando, no Paraíso, afirmou o bardo: — Regressou do Inferno aos seus ossos... a gloriosa alma retorna à carne onde morou por algum tempo.

A família Medici, graças às traduções realizadas por Marcílio Ficino - que atualizou o pensamento de PlotinoJâmblico, Sinésio e outros, abrindo espaço para a sua divulgação - muito estimulou a credibilidade na reencarnação.

Giordano Bruno defendeu-a, passando a aceitá-la.

Erasmo, o cardeal Nicolau de Cusa e incontestáveis pensadores, dentre os quais, o Conde de Saint-Germain, na corte de Luis XIV, Van Helmont, Leibnitz e Voltaire, asseverando este último que não é mais surpreendente nascer duas vezes que uma, foram defensores da reencarnação.

Em a Natureza tudo é ressurreição.

Napoleão afirmava-se a reencarnação de Carlos Magno, enquanto Emanuel Kant comentava que acreditava no processo pelo qual as almas passavam a habitar outros planetas depois de haver concluído o seu ciclo de vidas na Terra.

Contam-se por centenas os escritores, poetas, pensadores e cientistas que declararam sua crença explícita na reencarnação, em face da justiça do processo evolutivo, dentre os quais, para citar-se apenas alguns: Honoré de Balzac, EmersonLongfellow, Edgar Allan Poe, Tennyson, Thoreau, Walt Whitman, Bulwer Lytton, George Elliot, James Joyce, Walter Scott, Thomas Carlyle, Lowes Dickinson, Jack London, Soren Kierkegaard, Tolstoi, Gustav Mahler, Robert Browning, Rudyard Kipling, Thomas Moore, Thomas Edison, Victor Hugo, Gustave Flaubert, Edouard Schuré, Oscar Wilde, Francis Thompson, Yeats...

Sem a reencarnação, como entender-se a diferença de destinos, os comportamentos, as tendências e inclinações, tendo em vista que todas as almas teriam sido criadas no mesmo momento e estavam destinadas à eleição do seu futuro através de uma conduta que não se coaduna com as suas próprias possibilidades? De que recursos disporão um demente, um esquizoideuma vítima de ocorrência teratológica ou outra qualquer, cuja capacidade de discernimento esteja bloqueada por insuficiência ou degenerescência? Ademais, como conceber-se que o sangue do Justo resgatou todos aqueles que não puderam ser batizados ou tiveram impossibilidade para filiar-se a este ou àquele culto religioso, no qual encontrariam os elementos salvacionistas?

As terríveis manifestações dos destinos, em suas desigualdades chocantes, não podem ter início na vontade divina para testar as frágeis criaturas incapazes de eleger o quê e o como agir. Ainda aí consideremos que um ser finito, ao errar, não se pode fazer credor de uma punição infinita, qual ocorre com aquele que vai atirado aos infernos sem remissão. 

Na punição eterna vemos, igualmente, que o infinito amor de Deus falhou, porque não pôde poupar o ser que criou à sua imagem e semelhança, do que seria a fragilidade que conduz em si mesmo, o que implica reconhecer que a perfeição também criou a imperfeição, o amor gerou o desamor, o bem produziu o mal...

Deus aspira para a Humanidade a perfeição, que lhe reserva, porém facultando que cada qual a consiga a esforço pessoal, o que dá dignidade ao Espírito que luta e se esforça.

A genialidade precoce, as aspirações do belo e do nobre não podem ter origem igual às expressões degenerativas para o crime, a destruição...

Criado em sua simplicidade, porém portador de todo um potencial que dorme no cerne, o Espírito avança a esforço próprio, erguendo-se, etapa a etapa, até culminar na glória solar mediante a reencarnação.

Diante dos conflitos comportamentais e dos dissabores morais, das angústias e dos complexos perturbadores, dos tormentos emocionais e ansiedades, das enfermidades dilaceradoras, degenerativas, irreversíveis, dos ódios e dos amores profundos, das desconfianças injustificáveis, da arrogância, do orgulho, do exacerbado egotismo, do primitivismo e da sabedoria, da delicadeza e da brutalidade, da nobreza e da vilania, dos gestos de santificação e de bestialidade que vigem simultaneamente, como conceber-se que todos esses seres tiveram uma só e única oportunidade?

A reencarnação é a chave para explicar, não apenas essas, senão todas as ocorrências que diferenciam os indivíduos, mesmo que se buscando a explicação genética para a maioria dos fenômenos orgânicos, mentais e comportamentais, em razão de ser ela um efeito da eleição do Espírito, que molda, através do seu perispírito, o envoltório de que necessita para resgatar, reparar e crescer.

O ser é o responsável pelo próprio destino, elaborando, ele próprio, a indumentária carnal indispensável ao seu processo iluminativo, pelo qual todos passam.

A documentação é vastíssima e enriquecedora, nas recordações espontâneas na infância; mediante os sonhos que evocam as existências passadas; nas obsessões dolorosas e destrutivas; nas comunicações mediúnicas reveladoras; no déja-vu, nas suas várias expressões como entenduéprouvé, senti e raconté, que podem originar-se em uma vaga reminiscência de algo acontecido, entendido, sentido, ouvido e vivido; nas lembranças lúcidas de fatos que foram legitimamente experienciados... Além deles, a conquista do conhecimento do passado através da meditação - quando de conveniência para a evolução - ou mesmo nas perseguições espirituais que têm suas matrizes nos comportamentos infelizes do passado.

A hipnose tem oferecido admiráveis contribuições para a comprovação das existências passadas, seja ela realizada em estado de transe profundo ou superficial...

Os anúncios da reencarnação constituem verdadeiro desafio a qualquer dúvida, particularmente pelos sinais que são referidos antes da formação fetal e se tornam comprovados posteriormente.

Outrossim, as marcas atuais que confirmam a maneira pela qual desencarnara anteriormente o Espírito, constituem evidencias robustas para a tese da reencarnação.

Certamente apresentam-se várias hipóteses contrárias à reencarnação, que se perdem em complexo emaranhando de teorias sem resistência para a comprovação laboratorial, não passando de possibilidades respeitáveis, sem dúvida, que no entanto se apresentam mais improváveis do que aquela que pretendem negar ou destruir.

Mais exuberante que a personalidade é a individualidade, o próprio ser, que se apresenta em cada renascimento com características próprias, trabalhadas pelas ações transatas, preexistindo e sobrevivendo ao corpo carnal.

Em realidade, a conduta de cada ser está programando o seu futuro, que se transforma em fenômeno cármico individual, grupai ou familiar e coletivo de cidades e nações, como processo de depuração ou de felicidade para quem os engendra.

Em toda essa conduta, o esquecimento do passado constitui bênção que não pode ser desconsiderada. Isto porque, exceção feita à liberação de determinadas aflições ou dos propósitos superiores de crescimento iluminativo, esse olvido ajuda na seleção de valores, na escolha de realizações, porque todos se encontram conduzidos, de certo modo, pelas reminiscências inconscientes, que ressurgem como tendências, aptidões, idiossincrasias, interesses ou indiferenças que induzem à seleção de comportamentos, profissões, realizações...

Se as lembranças permanecessem, particularmente aquelas que assinalam os momentos infelizes - tragédias, prejuízos, crimes, angústias, dissabores - haveria um desequilíbrio homeostásico - psicofísico - no ser, e, portanto, a impossibilidade de dar continuidade ao seu processo de evolução, por tornar-se impróprio o renascimento, senão prejudicial.

Da mesma forma, as recordações das alegrias, da felicidade, dos momentos de júbilo e amor, de encantamento, produziriam uma imensa saudade, senão desespero pela perda daquelas oportunidades ditosas diante das afugentes, que devem ser vividas na atualidade.

As justificativas que pretendem apresentar as lembranças como positivas para melhor seleção de companheiros, de condutas, não procedem, em razão do egoísmo que predomina em a natureza humana, ao mesmo tempo levando aqueles que se lembrassem da existência passada a recordar-se também de todos quantos estiveram ao seu lado, que conviveram e, portanto, evocando-lhes as debilidades, os erros, os gravames...

A mente subconsciente libera as reminiscências úteis ao programa de elevação, tanto no que se refere aos bons como aos maus acontecimentos, auxiliando, sem imposição, na construção de melhores dias para o futuro.

Todos devem experimentar os momentos nobres como os mais primários, a fim de fixar nos refolhos do ser aquilo que edifica e o que perturba, selecionando aqueles que lhe servirão de guia para sempre.

A ignorância, o desconhecimento respondem pelos sofrimentos humanos, gerando as dores que chumbam o ser ao solo do primarismo. A medida que se esclarece, eleva-se e desenvolve todo o potencial de amor que permanece aguardando o instante próprio para revelar-se.

O conhecimento lúcido é o caminho correto para a elevação espiritual, principalmente quando as forças do amor trabalham as asas da angelitude.

Por isso mesmo, no intervalo das reencarnações, de acordo com o estado evolutivo, o Espírito vive outros estágios que o preparam para o renascimento físico, quando participa do mundo ativo da Erraticidade, programando as futuras experiências, acompanhando o processo de desenvolvimento cultural, moral e espiritual, que lá vive e deve ser transferido para a vivência carnal, promovendo o mundo e os seus habitantes...

Esse período pode ser breve ou largo, de acordo com as necessidades de cada qual, constituindo oportunidade de refazimento mental, de depuração preparatória para a próxima etapa carnal.

O conhecimento da reencarnação confere responsabilidade, ao invés de acomodação, proporciona comportamento dinâmico ao revés de estático, por facultar a consciência de que o processo evolutivo se dará conforme a eleição pessoal.

Quando isso não sucede - a seleção de valores do bem - o sofrimento se instala, ocorrendo a necessidade urgente de transformar-se, o que se torna processo doloroso que pode e deve ser evitado.

Esse mecanismo - o da reencarnação - faculta a conquista do amor, porque é elaborado por Deus, Todo Amor, atraindo as Suas criaturas para a plenitude a que lhes destina.

Por sua vez, o processo reencarnatório ocorre quando o espermatozoide fecunda o óvulo, prolongando-se até os albores da adolescência, quando se fixam as características complementares anexas da sexualidade.

A consciência, portanto, de que se está construindo o futuro, é o estímulo adequado ao prosseguimento das lutas de qualquer natureza, ensejando paz e alegria de viver.

Antes, portanto, de qualquer acaso, cumpre ao indivíduo reflexionar cuidadosamente a respeito das suas consequências, mediante as quais elabora as cadeias fortes que o jungirão ao recomeço doloroso ou sublimarão a forma, transformando-a em essência que ascenderá no rumo da libertação.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Dias Gloriosos

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quarta-feira, 16 de junho de 2021

A busca ilimitada

A busca ilimitada

Joanna de Ângelis



A ignorância presunçosa responde por incontáveis males que afligem o ser humano. Não apenas aquela que resulta da falta de instrução, mas, sobretudo, a que se traveste de conhecimento geral e profundo em torno de questões com as quais não está familiarizada, fingindo tudo saber, por efeito de algumas informações que lhe são peculiares.

Arrogante, o pseudossábio é tão perigoso no relacionamento social, quanto aquele que se encontra no aprendizado mais simples, desconhecendo as questões que lhe são apresentadas.

Esse, porque destituído de fatuidade, abre-se ao conhecimento, e mais do que instruir-se, adquire a dimensão de quanto necessita aprender, predispondo-se para o mister. O outro, aquele que se acredita possuidor da verdade, que tudo filtra pelos deficientes equipamentos que o envaidecem, põe a perder muitas florações de esperança e de amor, somente porque não lhe parecem compatíveis com os seus critérios de compreender o mundo e ampliar-lhe os horizontes.

Tornando-se mesquinho, na descabida vaidade, arremete com falsa superioridade contra tudo quanto lhe fere a susceptibilidade, especialmente em torno de assuntos que ignora e não tem a sabedoria de reconhecê-lo, fingindo-se hábil em todos os setores.

Segundo pensam, em seu estágio egocêntrico, o mundo terá dificuldade de continuar depois que eles passem no carro transitório da carne.

Defensores das próprias ideias, mistificam, informando que estão a soldo dos ideais libertários e culturais da Humanidade, por isso mesmo eludindo-se da vivência dos postulados e tornando-se palradores inveterados, que se atribuem deveres de salvar as pessoas ingênuas e, para eles, submissas à astúcia de outras, astuciosos que também o são.

O homem inteligente na Terra compreende, desde cedo, quanto necessita de crescer e desenvolver-se humildemente perante o Cosmo. Não cessa de estudar nem de experimentar, respeitando em todos os indivíduos os seus recursos e mais empenhando-se em adquirir conhecimentos novos, sempre que se lhe deparem oportunidades adequadas.

Não agride nem recalcitra, abrindo-se sempre a todas e quaisquer informações, porquanto reconhece que, apesar de muito bem instruído em determinados assuntos, outros são lhe totalmente desconhecidos.

No que diz respeito às questões espirituais, o imenso campo se desdobra, rico de paisagens que aguardam ser conquistadas, não estando, ninguém, no mundo, em condições de estabelecer paradigmas e definições últimas, por lhe escaparem possibilidades para tanto.

O vocabulário humano, por mais fértil e complexo, é insuficiente para descrever as causas da realidade, observando apenas os efeitos.

A pobreza da linguagem não possui as tintas - vibrantes umas e delicadas outras - para decodificar as maravilhosas impressões que são captadas pelos limitados sentidos orgânicos.

Como falar de questões desconhecidas mediante termos comprometidos? Como definir emoções não vivenciadas através de vocábulos incorretos? De que forma explicar o imaterial mediante verbetes que se revestem de símbolos já identificados?

Como decifrar o pensamento desvestido do cérebro, quando este é insuficiente para explicar-se a si mesmo, permanecendo ainda como uma incógnita para a razão? Como estabelecer parâmetros de ordem física num oceano de energia psíquica, inteligente e infinita? Será crível poder-se estabelecer uma linha de comportamento para os fenômenos da mediunidade, considerando-se que cada indivíduo é uma aparelhagem especial com características próprias? Por que se pensar que a conclusão pessoal, resultado de estudos e observações que alguém logrou, deva ser o padrão a permanecer irretocável para todos?

São algumas das muitas questões que deverão ser penetradas a pouco e pouco, demonstrando quantos limites ainda impedem as definições corretas em torno da vida em si mesma e dos fenômenos por ela provocados, no processo de crescimento do Espírito pelos rumos da evolução.

Com muita propriedade Allan Kardec perscrutou a opinião de inúmeros habitantes do mundo causal, deixando em aberto várias questões para o futuro, por compreender que não dizia a primeira nem a última palavra dessa incomparável e profunda sinfonia que é a vida.

Descerrando a cortina que velava o mundo invisível, ensejou uma visão parcial dessa realidade, favorecendo a criatura humana com recursos preciosos através da mediunidade, para ampliá-la, aumentando a capacidade de entendimento e de vivência, que se prolongará mesmo depois da morte do corpo.

Como é natural, o fato de alguém estar desencarnado não significa que haja adquirido o conhecimento absoluto, estando, por sua vez, em condição de opinar com segurança em torno de qualquer assunto, ou ser portador único de revelação tão bombástica quanto enganosa.

Adotando a universalidade do ensino, demonstrou a humildade que lhe era peculiar, a destreza cuidadosa com que lidara com os princípios da imortalidade, da comunicabilidade e da vida espiritual, não ultrapassando os limites que o tempo e a cultura ensejavam, a fim de que os esclarecimentos fossem aparecendo de acordo com a capacidade de entendimento dos homens e mulheres, assim como chegaram as revelações quando a ciência as podia confrontar com as investigações e as mentes estivessem preparadas para entendê-las. 

Não obstante, multiplicam-se em todos os arraiais do conhecimento espiritual os pseudossábios, que na arrogância da sua ignorância, doutoralmente investem contra o que lhes parece não comprovado, fora dos conhecimentos que deverão permanecer estanques nos seus limites culturais, ao invés de em constantes processos de elevação e desenvolvimento.

O que hoje se apresenta como extravagante ou inusitado, pode tornar-se mais tarde o aceito, o confessional, o real.

Certamente, não se pode nem se deve abdicar do bom senso, da lógica, da razão que analisa e conclui, evitando-se, isto é claro, a postura cerrada de exclusivo detentor da verdade.

A irremediável marcha do progresso deslumbra e ninguém se deve permitir ficar à margem desse incontrolável mecanismo da evolução.

Os horizontes do conhecimento dilatam-se a cada minuto e se multiplicam os desafios culturais e tecnológicos, bem como o intercâmbio com os Espíritos desencarnados, na sua missão consoladora e iluminativa, propiciando enriquecimento moral, emocional e psíquico aos deambulantes na roupagem orgânica.

O ser humano ultrapassa os valores adquiridos e descortina novos céus, novos mundos que pretende conquistar, o que logrará mediante os esforços incessantes que se permita.

Nessa busca de engrandecimento e de glórias, a humildade deve ser-lhe a característica inicial que lhe facultará maior penetração nos ilimitados domínios do Infinito.

A arrogância é trava no processo de crescimento espiritual, enquanto que a simplicidade de coração e o interesse por aprender sempre constituem alavanca de propulsão para a frente e para cima.

Poder contemplar os horizontes da sabedoria e penetrá-los, deverá ser a conduta de todo aquele que se habilita ao amor e ao Bem, desejoso de liberdade e de plenitude, por sentir-se ainda aprisionado nos estreitos corredores das reencarnações purificadoras.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Dias Gloriosos

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