quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Estar com tudo

Estar com tudo

André Luiz / Emmanuel



L.E. - Questão 886


Frequentemente encontramos companheiros de excelente formação moral convictos de que atender à caridade será aceitar tudo e que a paciência deve tudo aguentar.

A evolução, no entanto, para crescer, exige muito mais a supressão que a conservação.

Em nenhum setor da existência o progresso e a cultura se compadecem com o "estar com tudo".

A caridade da vida é aperfeiçoamento.

A paciência da natureza é seleção.

Todas as disciplinas que acrisolam a alma cortam impulsos, hábitos, preferências e atitudes impróprias à dignidade espiritual.

Todos os seres existentes na Terra se aprimoram à medida que o tempo lhes subtrai as imperfeições.

Na experiência cotidiana, os exemplos dão ainda mais flagrantes.

Compra-se de tudo para a alimentação no instituto familiar, mas não se aproveita indiscriminadamente o que se adquire.

O corpo, a serviço do espírito encarnado, às vezes se nutre com tudo, mas nunca retém tudo. Expulsa mecanicamente o que não serve.

No plano da alma, a lógica não é diferente. Podemos ver, ouvir e aprender tudo, mas se é aconselhável destacar a boa parte de cada cousa, não é compreensível concordar com tudo.

Necessário ver, ouvir e aprender com discernimento. Imprescindível observar um companheiro mentalmente desequilibrado com a caridade e paciência, mas em nome da caridade e da paciência não se lhe deve assimilar a loucura. 

Devemos tratar com benevolência e brandura quantos não pensem por nossa cabeça, entretanto, a pretexto de lhes ser agradáveis não se lhes abraçará os preconceitos, enganos, inexatidões ou impropriedades.

A Doutrina Espírita está alicerçada na lógica e para sermos espíritas é impossível fugir dela.
Há que auxiliar a todos, como nos seja possível auxiliar, mas tudo analisando para que o critério nos favoreça...

Paulo de Tarso, escrevendo aos coríntios, afirmou que "a caridade tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta", mas não se esqueceu de recomendar aos tessalonicenses que examinassem tudo, retendo o bem. Admitamos assim, com o máximo respeito ao texto evangélico que o apóstolo da gentilidade ter-se-ia feito subentender naturalmente, explicando que a caridade tudo sofre de maneira a ser útil, tudo crê para discernir, tudo espera de modo a realizar o melhor e tudo suporta a fim de aprender mas para estar em tudo e tudo aprovar.



Livro dos espíritos (L.E.) 886. -  Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?

“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.




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