Sexualidade
Joanna de Ângelis
A busca exorbitante da moderna
inconsciência da “civilização cibernética” alcança as apressadas metas
perseguidas e logo transfere os alvos, arrojando-os para o futuro, embora a
ânsia enlouquecedora de viver-se o momento fugaz e tão somente para o instante
fugidiço...
Tal conjuntura fez que se derrubassem
os conceitos da velha ética, estruturando-se nova moral, que a cada investida
sofre vigorosa modificação, passando à feição das realidades amorais e
mergulhando, por fim, no abissal fosso dos estados e manifestações
imorais.
Agitando-se para conseguir a felicidade, o homem
tecnicista defrontou o prazer, e,
perturbado pelo desbordar das sensações
em clima febril quão
desesperador, coloca a mente no estudo das estrelas e os sentimentos nos estertores do instinto.
Diferença expressiva medeia entre a felicidade e o prazer,
o gozo físico e as emoções que
produzem dita...
Atirado à voragem de destruir a hipocrisia do passado e
produzir o encontro com a autenticidade
de consciência, o homem olvidou
as medidas do equilíbrio,
demolindo com o estridor da rebeldia
sistemática os tabus e preconceitos,
sem o necessário discernimento que
o ajudasse a apresentar as substituições que serviriam de
base para as conquistas que o alçariam às alegrias da plenitude. Vem destruindo por destruir.
Em tais investidas, cujos ressaibos já tisnam os
apetites, perturbadoramente, o sexo foi
dos que maior investimento de
forças negativas recebeu.
Da coação a que a intolerância o jugulava, como consequência
da ignorância das suas sublimes
funções e finalidades, passou à libertinagem com que se
apresenta corrompido, em mixórdias repulsivas, nas quais se
buscam expressões de gozo que o envilecem, o desnaturam e o desorganizam...
Ontem, tido por “imundo”, passou à nova conceituação
como máquina de prazer qual se o
homem exclusivamente devesse viver
para exercê-lo e não para, através
dele, perpetuar a espécie.
De Freud libertando-o, a Marcuse (*) licenciando-o, abusivamente, há um pego de cultura técnica e desequilíbrio moral que não podem ser ignorados.
Antes combatido no exercício
das suas funções naturais, é agora apregoado como fonte de vida,
em que, todavia, se acumpliciam tormentos sem conto, para a nefanda orgia, que ameaça a estrutura ética da Humanidade, açulando a juventude, como a condená-la à desesperação,
senão ao desvario irreversível...
Incontestavelmente o sexo
exerce profunda influência na vida
física, emocional e espiritual das criaturas.
Santuário da procriação, fonte
de nobres emulações e
instrumento de renovação pela permuta de estímulos hormonais, a
sexualidade tem sofrido a agressão
apocalíptica dos momentos transitórios da
regeneração espiritual que se
opera no planeta.
... Aberrações e desacatos, violência e lascívia de mãos
dadas avançam em desordem, conturbando agressivamente e deixando os rastros dos
dissabores, das desilusões inomináveis e
das frustrações em rios de
lágrimas, em corredores sombrios de
angústias e alucinações...
Isto porque o sexo, sem a
dignidade do amor, desarvora,
embrutecendo os apetites que não se fazem
saciar e ressurgem mais violentos, constrangedores...
Das condenáveis críticas da mordacidade e da perseguição,
o sexo saiu para a praça pública
do desrespeito, como a
desforçar-se dos padecimentos sofridos na suposição de que o extremado
uso reabilitasse o erro da antiga coibição.
O desconserto atingiu as raias
da desordem e o despudor corroeu
os sentimentos que enobrecem a
vida, facultando que cenas de
desarranjo mental, emocional e
fisiológico assumam cidadania, nas suas paisagens de dor e desaire.
Proliferam, então, à margem,
as chantagens, as perseguições,
os despautérios, os aplausos, os crimes, em cenários de
ridículo, em aflições obsessivas cruéis...
Transexualidade ou homossexualidade, heterossexualidade,
bissexualidade e assexualidade que se
exteriorizam no campo da forma ou nas sutis engrenagens da psique têm
suas nascentes e funções nas tecelagens do espírito.
As expressões em que hoje a sexualidade se manifesta e
recebe o ridículo ou a chacota, o aval,
a imitação da sociedade, examinadas pelo lado espiritual,
merecerão de futuro justo tratamento por legisladores e psicólogos,
médicos e psiquiatras, educadores e sociólogos que terão corrigida
a feição do problema, ensejando
mais amplo entendimento nobre da
vida em todas as suas manifestações
e finalidades.
Singularmente vinculada à anterioridade do espírito, a problemática do sexo exige
carinho e caridade, respeito e
dignificação.
Organizado pela Divindade para sublimes miseres, não pode
ser utilizado levianamente. Todo
abuso impõe-lhe imposto de carência; qualquer desconsideração
insculpe-lhe desordem e tormento...
Se te encontras num capítulo punitivo da sexualidade, fora
da
atividade santificante para a
qual o dotou o Criador, não te
conspurques nem te degrades, mesmo que a mentalidade da época te seja
favorável ou te aplauda...
Preserva tuas forças morais e mantém o teu equilíbrio.
Quando a ardência dos desejos
te esfoguearem, lembra-te do
lenitivo da oração e reconforta-te demoradamente.
Não derrapes na alucinação nem sorvas a taça licorosa, porém envenenada das satisfações
torpes...
Não te acumplicies ou te
enredes no problema da emotividade
sexual, mantendo o comércio mental, inspirando paixões, provocando tormentos, desequilibrando. .
.
Não sejas fator de desdita
para ninguém.
Se estás em regime de ordem, examina os que estão
agoniados, sob constrições que não
imaginas, os que padecem frigidez, exacerbação; os marcados por anomalias desta ou daquela natureza; os inquietados, os perseguidos em si mesmos...
Se te defrontas em campo de
prova sob uma ou outra imposição psíquica ou física, espera o amanhã.
Não te apresses.
O problema não será resolvido
de um golpe. Não devidamente cuidado, mais se agrava.
A vida não fina no túmulo, não
se encerrando toda, somente, na cápsula carnal.
Transforma tuas limitações em forças e ama os ideais de enobrecimento da Humanidade, com que te liberarás da compressão, encontrando a
felicidade que anelas.
Ama, seja qual for a situação
em que te depares e esparze amor
pelo caminho, semeando estrelas de esperanças. Amanhã elas
brilharão para ti.
O problema do sexo é do
espírito e somente do espírito virá, para
ele, a solução.
Assim, cultiva o lar, atende a família, faze-te cocriador na
Obra
de Nosso Pai, coopera com os
que transitam em dores e edifica
na mentalidade geral o conceito segundo o qual o sexo é para a
vida e não a vida para o sexo.
Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Após a tempestade
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Nota (*): Herbert Marcuse nasceu em Berlim, capital da Alemanha, filho de pais judeus. Estudou literatura e filosofia em Berlim e Freiburg, onde conheceu filósofos como Martin Heidegger, um dos maiores pensadores alemães na época. Ele argumentava que a sociedade industrial avançada criava falsas necessidades que integravam o indivíduo ao sistema de produção e de consumo. Comunicação de massas e cultura, publicidade, administração de empresas e modos de pensamento contemporâneos apenas reproduziriam o sistema existente e cuidariam para eliminar negatividade, críticas e oposição. O resultado, dizia, era um universo unidimensional de ideias e comportamento, no qual as verdadeiras aptidões para o pensamento crítico eram anuladas.
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