sábado, 30 de novembro de 2024

Oração e serviço

Oração e serviço

Albino Teixeira


Oração é requerimento da criatura ao Criador.

Serviço é condição que a lei estabelece para todas as criaturas, a fim de que o Criador lhes responda.

Meditação estuda.

Trabalho realiza.

Observemos a propriedade do asserto em quadros simples.

Semente nobre é pedido silencioso da Natureza a que se faça verdura e pão, mas se o cultivador não desenvolve esforço conveniente, a súplica viva desaparece.

Livro edificante é apelo sublime do espírito a que se ergam instrução e cultura, mas, se o homem não lhe perlustra as folhas no aprendizado, a sábia rogativa fenece, em vão.

Música, ainda mesmo divina, se mora exclusivamente na pauta, é melodia que não nasceu.

Invenção sem experimento é raciocínio morto.

Oremos, meus irmãos, mas oremos servindo.

Construção correta não se concretiza sem planta adequada.

Mas a palavra, por mais bela, sem construção que lhe corresponda, será sempre um sonho mumificado em tábuas de geometria.

Albino Teixeira por Chico Xavier do livro:
Caminho Espírita / Autores diversos

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A ansiedade

A ansiedade

Joanna de Ângelis



Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos enfermiços que o consomem.

A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta contemporânea.

Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a insegurança no mundo emocional das criaturas.

As constantes alterações da Bolsa de Valores, a compressão dos gastos, a correria pela aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem remunerados geram, de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro, as ameaças de guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos e chefes de atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços sobre enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos perpetrados contra a ecologia prenunciando tragédias iminentes; a catalogação de crimes e violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo que grassam em todos os meios sociais, como constante ameaça contra o ser e o seu grupo, levando-os a permanente ansiedade que deflui das incertezas da vida.

Passando, de uma aparente segurança, que era concedida pelos padrões individualistas do século 19, no apogeu da industrialização, para o período eletrônico, a robotização ameaça milhões de empregados, que temem a perda de suas atividades remuneradas, ao tempo em que o coletivismo, igualando os homens nas aparências sociais, nos costumes e nos hábitos, alija os estímulos de luta, neles instalando a incerteza, a necessidade de encontrar-se sempre na expectativa de notícias funestas, desagradáveis, perturbadoras.

Esvaziados de idealismo e comprimidos no sistema em que todos fazem a mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de uma para outra pauta de compromisso com ansiedade crescente.

A preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante aos demais, de ser bem recebido e considerado é responsável pela desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no grupamento social, sem identidade, nem individualidade.

Tendo como modelo personalidades extravagantes, que ditam modas e comportamento exóticos, ou liderado por ídolos da violência, como da astúcia dourada, o descobrimento dos limites pessoais gera inquietação e conflitos que mal disfarçam a contínua ansiedade humana.

A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfeitamente aceitáveis.

Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma resposta, uma conclusão, perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada expectativa.

Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o clima de ansiedade torna-se um estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a vida.

O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento.

Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do cotidiano.

Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranquilidade e a autoconfiança.

Não há, em realidade, segurança enquanto se transita no corpo físico.

A organização mais saudável durante um período, debilita-se em outro, assim como os melhores equipamentos orgânicos e psíquicos sofrem natural desgaste e consumição, dando lugar às enfermidades e à morte, que também é fenômeno da vida.

A ansiedade trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.

A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido ao corpo nem o medo de perdê-lo.

Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física tranquilizam o homem, fazendo que considere a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.

Apegado aos conflitos da competição humana ou deixando-se vencer pela acomodação, o homem desvia-se da finalidade essencial da existência terrena, que se resume na aplicação do tempo para a aquisição dos recursos eternos, propiciadores da beleza, da paz, da perfeição.

O pandemônio gerado pelo excesso de tecnologia e de conforto material nas chamadas classes superiores, com absoluta indiferença pela humanidade dos guetos e favelas, em promiscuidade assustadora, revela a falência da cultura e da ética estribada no imediatismo materialista com o seu arrogante desprezo pelo espiritualismo.

Certamente, ao fanatismo e proibição espiritualista de caráter medieval, que ocultavam as feridas morais dos homens, sob o disfarce da hipocrisia, o surgimento avassalador da onda de cinismo materialista seria inevitável. No entanto, o abuso da falsa cultura desnaturada, que pretendeu solucionar os problemas humanos de profundidade como reparava os desajustes das engrenagens das máquinas que construiu, resultou na correria alucinada para lugar nenhum e pela conquista de coisas mortas, incapazes de minimizar a saudade, de preencher a solidão, de acalmar a ansiedade, de evitar a dor, a doença e a morte...

Magnatas, embora triunfantes, proíbem que se pronuncie o nome da morte diante deles.

Capitães de monopólios recusam-se a sair à rua, para evitarem contágio de enfermidades, e alguns impõem, para viver, ambientes assepsiados, tentando driblar o processo de degeneração celular.

Ases da beleza cercam-se de jovens, receando a velhice, e utilizam-se de estimulantes para preservarem o corpo, aplicando-se massagens, exercícios, cirurgias plásticas, musculação e, não obstante, acompanham a degeneração física e mental, ansiosos, desventurados.

Propalando-se que as conquistas morais fazem parte das instituições vencidas — matrimônio, família, lar — os apaniguados da loucura creem que aplicam, na velha doença das proibições passadas, uma terapêutica ideal. E olvidam-se que o exagero de medicamento utilizado em uma doença, gera danos maiores do que aqueles que eram sofridos.

A sociedade atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade antiga do homem, que ora se revela mais debilitado do que antes.

São válidas, para este momento de ansiedade, de insatisfação, de tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao próximo, a solidariedade fraternal, a compaixão, ao lado da oração, geradora de energias otimistas e da fé, propiciadora de equilíbrio e paz, para uma vida realmente feliz, que baste ao homem conforme se apresente, sem as disputas conflitantes do passado, nem a acomodação coletivista do presente.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
O Homem Integral

Curta nossa página no Facebook:

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.


quinta-feira, 28 de novembro de 2024

O silêncio é a tônica

O silêncio é a tônica

Miramez


Em todo transe mediúnico, o silêncio marca os primeiros passos para uma boa comunicação entre os dois mundos, como para qualquer tipo de exercício da mediunidade.

O barulho nos tira da harmonia por criar perturbação no ambiente onde procuramos a paz. Todo equilíbrio requer brandura. A música nos ajuda muito nos requintes dos ajustamentos vibratórios, desde que ela não passe dos tons que alteram a nossa audição. A própria conversação tem uma escala, de maneira a não irritar a nossa sensibilidade auditiva. Quando falamos que o silêncio é a tônica para o trabalho com o Cristo, falamos da moderação de todos quantos se reúnem para os trabalhos espirituais. Todos os dons, sem exceção, estão ligados ou superligados ao sistema nervoso, que vibra em uma faixa onde a harmonia é a vida. Ao passar das vibrações que ele não comporta, não nos sentimos bem. E a própria educação nos convida para a suavidade no falar e para a delicadeza nos gestos. De outra forma, demonstramos que não aprendemos a ternura. Quando se fala em amor, lembramo-nos imediatamente da afeição, da prudência de uma atmosfera onde todos se entendem sem os devidos barulhos que a ignorância incentiva e que a prepotência alimenta. Em quase todas as mensagens, lembramo-nos da educação, disciplina de todos nós, onde fomos chamados a viver porque, sem ela, dificilmente encontramos a paz. Se já estás lendo este livro, algo está te falando por dentro, que deves trabalhar com tuas próprias forças, que conquistaste, não te esquecendo da autoeducação, que não deixa de ser uma disciplina de todos os impulsos que se fazem conhecidos pela inferioridade.

É tão agradável conversar com alguém que ama a moderação nas próprias palavras, que articula os sons na medida que agrada e eleva! Essa personagem fica sempre inesquecível em nossos corações. Procuramos sempre médiuns que amam a educação das palavras e usam o freio nos impulsos desnecessários e prejudiciais à boa paz.

Podes atrair bons Espíritos com os esforços que empregas no aprimoramento das tuas qualidades internas, mas no relaxamento desses valores, vêm as trevas semear a discórdia, sem a devida compostura.

Na Terra, há ambiente para muito silêncio, porque existem momentos em que a ignorância pode atrofiar certos valores, formando discussões. É inteligente se calar até o Bem tomar corpo e crescer no entendimento dos que ouvem. Entretanto, quando a palavra é útil, devemos usá-la. Ela constrói onde haja quem saiba ouvir. O médium curador, aquele que trouxe consigo o dom de aliviar os enfermos, se não sabe, é bom aprender a entrar em silêncio, buscando as forças superiores pelas meditações e os pensamentos universais dos mais profundos ensinamentos da vida.

A natureza divina nos fala constantemente pelos seus variados recursos.

Basta que ouçamos com as faculdades que devemos aguçar, doadas pelo próprio Deus. É para tanto que escrevemos e estaremos sempre ao lado dos homens e, juntos, se Deus quiser, alcançaremos a luz do verdadeiro entendimento.

Vejamos o porquê da educação. O homem amável dificilmente é atingido pelo nervosismo, por estar amparado pela bondade.

A criatura delicada não tem tempo para se lembrar de agressões e já se encontra fora da faixa de orgulho. O Espírito prudente se admira quando vê alguém envolvido pela violência e não acredita que a opressão dê bons resultados.

O cultivo das virtudes é o melhor antídoto contra qualquer mal que se possa encontrar pelos caminhos. A mediunidade precisa desse ambiente de serenidade e confiança, porque sem o Evangelho, não podemos acreditar em intercâmbio com os Espíritos, de modo útil para a humanidade. Se os homens não tomarem novas direções de vida, diferentes daquelas que os levaram a guerras fratricidas e a discórdias internacionais e internas, se não procurarem urgentemente educar os sentimentos, não sabemos o que será do mundo onde habitas, ou para onde deveras ir, em virtude do endurecimento dos corações.

Em tempos passados, a Terra recebeu avalanche de Espíritos vindos dos expurgos de outros planetas, que não quiseram ouvir a voz do Bem. Agora pode-se repetir essa triagem de almas a serem levadas para outros mundos, repetindo o que aconteceu em outras casas de Deus. São entidades que não desejam acordar para a luz do entendimento espiritual. Elas se deitam e vivem nas camas dos confortos transitórios do mundo e não desejam conhecer coisas melhores, porque isso requer esforço próprio e conquista com o próprio suor.

Renunciam ao amor que nivela todas as criaturas como filhas de Deus.

Médium! Espírita! Abraça o chamado, para que possas ser escolhido no sentido de herdar a Terra e ficar nela, porque na verdade te dizemos que este planeta que habitas é o paraíso que podes perder, se não deixares o Cristo nascer em teu coração.

Miramez por João Nunes Maia do livro:
Segurança Mediúnica

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.




O que foi e o que é

O que foi e o que é

J. Herculano Pires


O Espírito da Verdade esclarece o passado em função do presente, e este em função do futuro -  A compreensão espírita em face dos textos antigos e suas dificuldades.
A insistência de alguns confrades no combate ao "biblismo" no meio espírita tem o seu lado louvável. Também é louvável a insistência dos que combatem o "evangelismo" de tipo protestante, que parece invadir numerosos Centros. Todo apego aos velhos textos não se justifica, diante dos novos, que nos foram legados por Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade. O Espiritismo que se enfeita de exageros bíblicos ou evangélicos está nas condições do remendo de pano novo, que se quer aplicar ao pano velho. Mas isso não quer dizer, evidentemente, que se deva atirar ao lixo o pano velho.

Todo exagero é condenável, por conduzir infalivelmente ao erro. Consideramos, portanto, errados em sua posição doutrinária, tanto os que condenam a Bíblia como pano velho e imprestável, quanto os que a consideram como "a palavra de Deus". Kardec é o primeiro a nos dar exemplo da atitude que devemos tomar em face da Bíblia. Basta-nos a leitura dos seus livros, para compreendermos que ele não ia tanto ao mar, nem tanto à terra. Nisso, como em tudo, sua atitude era sensata, equilibrada, serena, compreensiva e, sobretudo, natural.

O espírita está de posse de uma doutrina que esclarece todos os problemas humanos, que lança uma luz bastante clara sobre a história, e que exatamente por isso não lhe permite atitudes extremadas. Ali onde os outros não veem senão um aspecto, um lado da coisa analisada, o espírita tem obrigação de ver mais, de enxergar mais fundo. No caso da Bíblia e do Evangelho essa obrigação se torna ainda maior, pois essas duas codificações referentes a duas revelações que antecederam a espírita, representam fases fundamentais da preparação do Espiritismo. Temos o direito, e até mesmo dever, de analisar os textos antigos. Mas não temos o direito de procurar destruí-los ou negá-los.

Pedra de Alicerce

Nada mais fácil do que encontrar erros históricos e contradições nos textos antigos. Muita tinta e muito papel já se gastou com isso, principalmente no caso da Bíblia. Mas nem a Bíblia, nem outros textos submetidos a esse processo de análise agressiva, tiveram o seu prestígio diminuído, ou sequer arranhado. A força de livros como a Bíblia não está no seu conteúdo racional, na sua coerência histórica ou na sua coerência moral e religiosa. Está na tradição e no sopro espiritual que lhes impregnam as páginas.

O leitor da Bíblia repele as análises modernas como heréticas, e mais fundamente se apega ao seu livro. O mesmo se dá com os textos evangélicos: quanto mais combatidos, mais se impuseram no mundo. Porque todos esses textos foram feitos para falar mais ao coração do que à razão, para despertar antes a alma do que a mente. E cumpriram e cumprem a sua missão na terra, apesar de toda a incompreensão dos que os combatem.

Alguns intelectuais espíritas, e entre eles os meus prezados amigos Carlos Imbassahy e Mário Cavalcanti de Melo, representantes da "Escola de Niterói", que é uma escola voltaireana de Espiritismo, entendem que precisamos acabar com o "biblismo" e o "evangelismo" no meio espírita. Outros entendem, por outro lado que precisamos de mais Bíblia e mais Evangelho.

Parece-me que são duas posições extremas, e por isso mesmo contrárias ao espírito de compreensão da doutrina.

O Espiritismo nasceu cristão, fundamentado nos Evangelhos, como vemos desde O Livro dos Espíritos, e tendo a Bíblia como o seu mais profundo fundamento, como a pedra mais funda do seu alicerce. Está claro que a pedra do alicerce deve ficar ali, como base. Mas, que podemos esperar, se começarmos a cavar a terra e ferir a pedra, com a intenção de destruí-la?

Violência AntiBíblica

Diz o confrade Cavalcanti de Mello, em seu livro: Da Bíblia aos nossos dias, página 311: "Pode ser que este livro, a Bíblia, servisse a um povo ignorante e inculto; mas, para nós, em pleno século XX, está enquadrado entre os muitos contos infantis, como a estória da Carochinha. E aqui ficamos, leitores, não querendo tocar mais nas imoralidades consignadas no Velho Testamento e tão injustamente atribuídas a Jeová e a Moisés, numa infâmia multimilenar, mantida pelos ignorantes".

Já se viu maior violência? A Bíblia é considerada como uma "infâmia multimilenar", e o que é pior, "mantida pelos ignorantes". Todo leitor da Bíblia, portanto, é ignorante, a menos que a leia para combater e negar. E todos os que contribuíram para que se realizasse, há milênios, a codificação bíblica, nada mais foram do que infames e infamantes.

A aceitarmos isso, teríamos de considerar ignorante o próprio Kardec, que se deu ao trabalho de citar a Bíblia como a lª Revelação. Além do mais, estaríamos negando o poder de esclarecimento da doutrina espírita, cuja função não é somente aclarar o futuro, mas também o passado e o presente.

No capítulo VIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, "Instruções dos Espíritos", item 18, diz o espírito de João Evangelista: "Meus bem-amados, já estamos naqueles tempos em que os erros explicados se transformam em verdade. Nós mostraremos a correlação poderosa que une o que foi e o que é. Em verdade vos digo: a manifestação espírita alarga os horizontes, e aqui está o seu enviado, que vai resplandecer como um sol por cima dos montes".

A correlação poderosa

Essa é a atitude espírita em face dos textos antigos, especialmente da Bíblia e dos evangelhos. Sabemos que são textos de um passado longínquo, e não podemos sensatamente interpretá-los ou criticá-los como se tivessem sido escritos em nossos dias. A manifestação espírita alarga os horizontes e nos faz enxergar além dos limites estreitos do presente. Os Espíritos do Senhor se manifestaram e se manifestam para nos ajudarem a transformar os erros em verdades, estabelecendo a correlação poderosa entre o que foi e o que é. Querer negar o que foi, sustentar apenas o que é, parece-nos absurdo. É como querer cortar uma árvore pelas raízes e esperar que ela continue a nos alimentar com seus frutos.

A Bíblia, como os Evangelhos e como outros textos religiosos da antiguidade, são os marcos da evolução espiritual da Terra. É claro que não podemos encontrar num marco praticamente inicial, como a Bíblia, a mesma pureza que vamos encontrar nos Evangelhos ou na codificação espírita. Mas não é justo que condenemos aquilo que não compreendemos hoje, e que representou um impulso e um valor no seu tempo, muito distante de nós. Todos os espíritas conhecem a lei de evolução. Como, então, não colocarmos a Bíblia em seu exato lugar, na evolução espiritual da Terra, e preferirmos acusá-la de infâmias e imoralidades que só existem aos nossos olhos? Procuremos, antes, como o fazia Kardec, estabelecer a "correlação poderosa" a que aludiu o espírito de João Evangelista.

J. Herculano Pires do livro Visão Espírita da Bíblia, 
uma compilação das crônicas do autor publicadas no extinto jornal "Diário de São Paulo".

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.



quarta-feira, 27 de novembro de 2024

A flor e o espinho

A flor e o espinho

Richard Simonetti


Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade.

E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.

Medições precisas, mediante cálculos astronômicos, demonstram que a Terra tem perto de quatro bilhões e quinhentos milhões de anos.

Se quisermos ter uma ideia do que é esse tempo, imaginemos a história de nosso planeta contada num livro de quinhentas páginas, desde o momento em que se desprendeu do Sol, massa de fogo incandescente.

O ser humano surgiria na derradeira linha da última página. Na última letra da palavra final estaria contida a história da Civilização Ocidental.

Segundo Darwin, a evolução dos seres vivos se processa por seleção natural.

Indivíduos de uma mesma espécie conseguem adaptar-se a determinada situação, a partir de sutis modificações em sua estrutura, dando origem a mutações que resultam em novas espécies.

O processo é extremamente lento.

Demanda milhões de anos, razão pela qual não é perceptível.

A Doutrina Espírita admite a seleção natural, atendendo às contingências do Planeta e à capacidade de adaptação das espécies, mas com um reparo fundamental:

Nada é aleatório.

Há um planejamento feito por Espíritos Superiores, prepostos do Cristo, que chamaríamos de engenheiros siderais, especializados em engenharia genética.

Eles é que, desde os primórdios, transformaram a Terra em gigantesco laboratório onde manipulavam, com recursos magnéticos, os genes, em experiências que visavam ao aperfeiçoamento dos seres vivos, até um estágio de complexidade que permitisse a encarnação dos seres pensantes — os Espíritos.

Este corpo que ostentamos, que causa espanto aos próprios cientistas por sua perfeição, levou milhões de anos para ser aprimorado pelos técnicos espirituais, que trabalham na intimidade das células, direcionando as mutações.

As espécies intermediárias que ficaram, compondo a fauna e a flora, situam-se em degraus evolutivos a serem galgados pelo princípio espiritual em evolução, a caminho da razão.

A Terra é hoje uma incubadora espiritual e ao mesmo tempo um educandário para Espíritos no estágio de evolução em que se encontra a Humanidade.

***

Tudo isso implica organização, marcada por uma hierarquia que envolve cadeias de comando a se afunilarem, como uma grande pirâmide.

No topo, alguém dirigindo.

Aqui entra a figura extraordinária de Jesus, que, segundo informa Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, não foi simplesmente o fundador de uma religião.

Muito mais que isso — é nosso governador!

Quando a Terra foi formada Jesus já era um Espírito puro e perfeito, um preposto de Deus.

Foi, então, convocado pelo Criador para governar o Planeta, com a tarefa de presidir a sua evolução e orientar multidões de Espíritos que aqui seriam trazidos, quais alunos levados a uma escola para aprendizado específico relacionado com suas necessidades.

Somos todos tutelares do Cristo, que nos conduz, segundo a expressão do salmista, pelas veredas retas da Justiça.

E ainda que muitos, quais adolescentes rebeldes e inquietos, desdenhem suas lições, comprometendo-se em desatinos que fazem a perturbação do mundo, permanecemos todos sob controle e mais cedo ou mais tarde terminaremos em seus caminhos, tangidos pela dor, amadurecidos pela experiência.

Alunos do educandário terrestre, temos recebido a visita de muitos professores, cultos e sensíveis, que periodicamente nos trazem algo de seus conhecimentos, de suas virtudes.

Sócrates, Platão, Aristóteles, Confúcio, Buda, Lao-Tsé, Moisés, Isaías e Francisco de Assis, são alguns deles.

Vale destacar Moisés, que, não obstante incapaz de superar as limitações de sua época, foi suficientemente lúcido e firme no propósito de conduzir o povo judeu pelos caminhos do monoteísmo, a crença no Deus único, criando condições para que a Humanidade recebesse a primeira revelação divina.

Está consubstanciada na Tábua dos Dez Mandamentos, recebida no Monte Sinai, que, em síntese, ensina ao Homem o que não deve fazer:

Não matar, não roubar, não mentir, não cobiçar nada do próximo, não cometer adultério, não desrespeitar os pais.

É a revelação da Justiça, o princípio segundo o qual nossos direitos terminam onde começam os direitos do semelhante.

E houve a revelação maior, tão grandiosa, tão transcendente, tão sublime, que o próprio governador da Terra decidiu trazê-la pessoalmente, a fim de que fosse apresentada em toda sua pujança, sem problemas, sem distorções.

Foi assim que Jesus aportou ao Planeta com a divina chama do Amor.

A palavra amor, embora empregada e decantada hoje mais do que nunca, está repleta de conotações infelizes que a desgastam.

Muitos confundem amor com sexo, ignorando a lição elementar de que o sexo é apenas parte do amor e não a mais importante.

Há os que fazem do amor um exercício de exclusivismo, sufocando o ser amado com exigências descabidas.

Há os que amam como quem aprecia um doce. Gostam dele porque satisfaz o paladar... Assim, cansam-se logo de amar, porque estão saciados ou empolgados por novos sabores.

Há os que fazem do amor um exercício de egoísmo a dois, pretendendo construir um céu particular. Dane-se o resto.

O amor não é nada disso!

É muito mais que isso!

Em sua grandeza essencial, o amor é um exercício de fraternidade e solidariedade entre os homens, inspirando a derrubada das barreiras de nacionalidade, raça e crença, para que sejamos na Terra uma grande família.

Foi para nos transmitir essa revelação gloriosa, esse tipo de amor, que Jesus esteve entre nós, não desdenhando lutas e sacrifícios.

Mergulhando na carne, Jesus, desde a infância, superou o choque biológico do nascimento, que impõe o esquecimento do passado, mostrando-se na plena posse de seus conhecimentos e virtudes.

É ilustrativo o episódio no templo, em Jerusalém, quando maravilhou os doutores da Lei com uma sabedoria invulgar, inconcebível num adolescente.

Em outros aspectos do apostolado de Jesus identificamos sua grandeza:

• Na clareza de suas ideias e na admirável capacidade de síntese. O Sermão da Montanha é uma obra-prima de concisão e simplicidade, que atende às aspirações éticas e estéticas de todas as inteligências, mas convidando-nos a ser filhos verdadeiros de Deus.

• Na firmeza de suas convicções, disposto a enfrentar a própria morte por manter fidelidade aos seus princípios.

• Nos prodígios que realizou, transformando a água em vinho, multiplicando pães e peixes, andando sobre as águas, curando enfermos de todos os matizes, a demonstrar que era alguém muito especial.

• No estoicismo diante dos sofrimentos que lhe impuseram, sem queixas, sem vacilações.

• Na admirável capacidade de perdoar seus algozes e os próprios discípulos, que o haviam abandonado no momento extremo, fugindo precipitadamente.

• Nos exemplos de humildade e sacrifício ao longo de seu apostolado, marcados indelevelmente pela manjedoura e a cruz.

Na questão 625, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta:

— Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo?

Responde o mentor espiritual que o assiste:

— Jesus.

E comenta o Codificador:

Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.

Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da Lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.

Adeptos de qualquer doutrina religiosa vinculada ao Cristianismo, felizes aqueles que aceitam Jesus por Mestre, que colocam em prática as suas lições, que imitam seus exemplos.

Estes vivem sempre bem, felizes, e animados, mesmo em meio às dores e atribulações humanas, porque, como diz Cármen Cinira, psicografia de Francisco Cândido Xavier (Parnaso de Além-Túmulo):

(...) com o mundo uma flor tem mil espinhos, Mas com Jesus um espinho tem mil flores!

Richard Simonetti do livro:
Espiritismo, uma nova era

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Liderança e comando

Liderança e comando

Hammed


 "Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima." - Louis Pasteur
De acordo com os Espíritos Superiores, “(…) passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento (…) numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.” (1)

Os chimpanzés não utilizam afabilidade em seus rituais de saudação. Nessas ocasiões, o macho alfa (dominante) apresenta-se por meio de atitudes ritualizadas manifestando agressividade, ostentando pelos eriçados e chocando-se com qualquer um que não saia de sua frente. A demonstração tem o objetivo de atrair e impressionar o bando, para que ele seja notado com muita consideração. Cientistas já observaram um macho alfa que adquiriu certos hábitos de mover pedras enormes e lançá-las barranco abaixo, assim produzindo vanglória e uma exibição presunçosa de total e incontestável supremacia. (2)

Não é difícil imaginar o terror que toma conta do bando. Diante desse espetáculo de poder e demonstração de domínio e força, eles passam a reverenciá-lo. Dizem os observadores que, em seguida, o macho alfa senta e fica como um tirano aguardando que a plateia lhe faça um sinal de submissão. Alguns chimpanzés do grupo dão sinal de aprovação com certa relutância, mas depois, em conjunto, mostram respeito fazendo bobbing (sacudir; fazer reverência), demonstrando ruidosamente, com grunhidos arfantes, obediência à autoridade que veem nele.

O macho líder parece prestar bastante atenção a essas saudações respeitosas, pois, na próxima demonstração de agressividade e poder, escolhe justamente os que deixaram de reconhecer sua importância, dispensando para estes “tratamentos particulares”, para que, da próxima vez, não se esqueçam de demonstrar acatamento e aclamação. (3)

De acordo com os pesquisadores e estudiosos, o gênero Pan é constituído do Pan troglodythes, o mais comum, com várias espécies de chimpanzés; e do Pan paniscus, chamado de bonobo – também designado de “chimpanzés-pigmeus”. Eles se separaram do tronco do nosso ancestral comum há cerca de seis a oito milhões de anos e têm enorme afinidade genética com as criaturas humanas. (4)

Na sociedade dos chimpanzés, reina de modo geral o autoritarismo do macho alfa. No entanto, muitas vezes, um símio jovem une-se a outros para matar o macho dominante e ocupar o seu lugar. É muito comum ver o líder cair em ciladas e ser morto.

São os únicos grandes primatas, além do homem, a matar com o objetivo de alcançar domínio e poder.

Em verdade, o chimpanzé alfa não é essencialmente o mais forte.

A força física deixa de ser a característica vital dos machos dominantes, dando lugar à qualidade de estabelecer, no bando, conchavos ou acordos mais eficientes. Por exemplo: quando morre o dominante e sua sucessão é pleiteada por outros machos com pedigree de condição inferior, é comum vê-los apanhar e atirar as mais gostosas e apreciadas frutas, distribuindo-as aos membros do grupo. A luta pelo mandato, nesse caso, faz surgir uma espécie de ardilosa política como ferramenta de dominância. É criado certo clientelismo para compor um reduto eleitoreiro. Uma vez escolhido um desses chimpanzés concorrentes para o posto de chefia, não mais se vê nenhum deles repetir tal gesto demagógico (ação que se utiliza do apoio popular para conquista ambiciosa de poder).

Já na coletividade bonobo, reina a lealdade ao líder e até um pouco de democracia com certo toque de “aristocracia”. O macho dominante é escolhido pelo grupo de fêmeas, e nem sempre as decisões são tomadas unicamente pelo líder. Há menos manobras políticas entre os bonobos: suas coalizões dependem de parentesco.

O bonobo macho, para ascender na escala social, depende de sua mãe e da posição que ela ocupa (alfa ou não) em relação às outras fêmeas. A vida em uma sociedade matriarcal funciona de forma diferente. (5)

Há incríveis semelhanças quanto à agressividade entre os chimpanzés e o homem quando querem demonstrar autoridade para comandar ou liderar outros, como também há analogia com os seres humanos sobre o sentimento participativo, traços vistos nos macacos bonobos com relação às lides de chefia e mando.

Seja nos suntuosos parlamentos, senados e congressos nacionais da atualidade, seja nas modestas assembleias legislativas, câmaras de vereadores, ou em quaisquer simples associações de bairro, sempre esperamos que os indivíduos que se ocupam dos assuntos públicos e dos interesses da coletividade resolvam suas diferenças partidárias e ideológicas utilizando a atividade mental, por meio de argumentos coerentes, operações intelectuais e recursos de lógica. Infelizmente, porém, não é o que vemos. Com frequência há gritos, contendas e discussões inflamadas, culminando até em agressão física.

Isto lhe lembra algo parecido? Acredite: nada existe aos ventos
do acaso.

As corporações humanas são conduzidas muito mais por ativistas emocionais do que por ativistas de ideias e ideais. A humanidade atual veio de uma longa linhagem, contudo são os traços instintivos que amiúde falam mais alto, denunciando a falsa polidez e evidenciando a ancestralidade.

A observação científica revela que, além da aparência anatômica, compartilhamos certas características comportamentais com esses primatas. Conhecê-los é também um “treino de avaliação” de como governamos a nós mesmos e de como governamos os outros nos diferentes campos da sociedade.

É um equívoco, portanto, julgar que a conduta do homem surgiu do nada ou que é somente um produto dos costumes e da cultura.

Foi a Natureza que proveu a vida em sociedade tal e qual a conhecemos, e não o homem. As leis da Natureza são obras-primas da criação divina.

Tem o mesmo ponto de vista Camille Flamarion (6): “Possam os nossos espíritos se compenetrarem, cada vez mais, do Belo manifestado na Natureza e santificarem-se no Bem, com o apreciarem mais completamente a unidade da obra divina, fazendo uma ideia mais justa do nosso destino espiritual (…).”

Em se tratando de liderança e comando, é necessário validar que o governo mais importante é o de si próprio; por consequência, ele irá determinar a forma de governo que apreciaremos exteriormente.

No mundo pessoal, uma das batalhas mais intensas que temos
de encarar com nós mesmos é a de abrirmos mão da necessidade autoritária de estarmos sempre certos. Comumente, só quando desistimos dessa postura arrogante é que compreendemos que o duelo no “jogo do poder” é uma luta inglória. No momento presente, não precisamos mais dos comportamentos de “machos alfas”, que demonstram seu domínio rosnando coléricos; ou ameaçam arreganhando os dentes e dilacerando, até que sua superioridade seja posta à prova diante de outro integrante do grupo. Se o indivíduo não adquirir o domínio necessário sobre si mesmo, poderá viver como um tirano ou um déspota, querendo controlar o mundo exterior.

No mundo coletivo, certos indivíduos pensam ser verdadeiramente livres, por conviverem num regime de independência política, sem notar, porém, que vivem iludidos em um regime político impositivo, travestido de democracia.

São completamente cegos, pois não percebem que só têm uma possibilidade diminuta de liberdade durante as eleições; depois delas, estarão sujeitos a obedecer às ordens dos governantes autoritários eleitos.

Aliás, é bom lembrar que muitos de nós vivemos contidos numa “robotização de hábitos”, excessivamente ajustados a costumes atávicos: hereditariedade de características biológicas, cármicas, psicológicas, comportamentais e outras tantas.

A necessidade de controlar é um hábito milenar, do qual podemos, porém, libertar-nos com facilidade. Não renovar ideias e condutas é o que nos mantém presos ao círculo vicioso das reencarnações dolorosas, pois a pior guerra é aquela travada em nossa intimidade, num combate silencioso e insensível contra diferentes costumes, povos e culturas. Parece-nos que a estirpe dos primatas ainda se sobrepõe ao modo de proceder com bom senso.

Só quando analisarmos profundamente as raízes do comportamento humano é que entenderemos essa remota compulsão de liderança por meio da força bruta. Segundo Mahatma Gandhi, “Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros”.

Quando desistimos da posse tirânica, por acreditarmos que nem tudo nos pertence, e renunciamos àquilo que diz respeito ao semelhante, nasce em nós a “noção do direito”. Assim, quando temos visão clara das obrigações mútuas, ficamos cientes da liberdade de escolha e passamos a entender os princípios de ação e reação e, por conseguinte, a compreender que as respostas da vida não funcionam de modo aleatório.

Infelizmente, vemos todos os dias e em todos os rincões do planeta várias comunidades prejudicadas, vítimas da ganância e da incompetência de homens que nem conseguem governar a si próprios e que, por isso mesmo, não poderiam estar liderando povos e nações.

Hammed por Francisco do Espírito Santo Neto do livro:
Estamos Prontos

Bibliografia:
(1) Questão 607 – Foi dito que a alma do homem, em sua origem, está no estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e ensaia para a vida (190); onde o Espírito cumpre essa primeira fase?
– Numa série de existências que precedem o período a que chamais humanidade.

(2) Frans de Waal, Eu, Primata - Por Que Somos Como Somos, Companhia das Letras, págs. 76  e 77.
(3 e 4) Frans de Waal, Eu, Primata - Por Que Somos Como Somos, Companhia das Letras, págs. 77 e 20 respectivamente.
(5) Frans de Waal, Eu, Primata - Por Que Somos Como Somos, Companhia das Letras, pág. 90.
(6) Camille Flammarion, Deus na Natureza, 7ª ed., pág. 412, FEB Editora.

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.