Propaganda Espírita
Vianna de Carvalho
A Terra de hoje, com as suas injunções de dor e renovação, é o abençoado solo a que fostes chamados pela reencarnação para ajudar.
Embora as aflições e os descobrimentos notáveis, todos os labores oferecem resultados inesperados.
Em cada coração humano estiolado pelas vicissitudes, surpreendemos os que apregoam justiça mancomunados com o crime, e os que falam em paz armando cidadãos e fortalecendo fronteiras.
Por outro lado, a corrida armamentista, em nome da supremacia política ou da dominação econômica, transforma o mundo num grande palco, em que as personagens mudam, mas a peça tragicômica da guerra prossegue implacável.
Estômago e sensualidade, abraçados, jornadeiam devorando conquistas nobres do saber, qual Moloch hodierno, conduzindo às entranhas, sem saciar-se, os que repontam em seu caminho...
Os veículos da imprensa falada e escrita apresentam, em manchetes lamentáveis, as contradições do século, pervertendo consciências e afligindo sentimentos. O ultraje ao pudor e o atentado à integridade física ou moral atestam o desequilíbrio emocional do mundo moderno.
A propaganda mercenária, escrava dos interesses de grupos minoritários ou serva de objetivos subalternos, ameaça inquietante.
Porque, até o momento, a imprensa tem sido quase sempre, veículo de destruição guerreira e de morte.
Ontem, era o panfleto ironizando e ferindo.
No passado, era o folhetim como veículo da perversão dos costumes, registrando anedotário soez e perversor.
No presente, é o livro obsceno e comercial, incendiando mentes embrutecidas nas noites orgíacas e corações sacudidos por emoções selvagens.
A princípio, eram o jogral e o segrel visitando propriedades para deleitar feudos e senhores, misturando divertimento com infâmias e veleidades em nome da corrupção.
Agora, é o rádio repetindo as expressões da indignidade humana em caracteres apaixonados.
Antes, era o desenho escabroso jornadeando de mão em mão, adquirido a peso de ouro.
No momento, é a cinematografia indigna, aviltando a moral em nome de um realismo cultural que se expressa pela apresentação do crime e do vício, arrancados aos antros de degradação onde reinam...
O sistema áudio-visual de televisão, enfeixando as aspirações argentárias os patrocinadores, faz-se porta-voz das sugestões que estimulam os sentimentos vulgares, como se o homem moderno estivesse resumido a um feixe de sensações expressas no prazer da luxúria e da sexualidade pervertida.
E a propaganda, que tem a força descomunal dos grandes deslocamentos atmosféricos, é utilizada como arma impiedosa e inconsciente.
Ao brilho das luzes da cultura atual o homem surge como um desajustado, procurando, através da Psiquiatria respeitável, solucionar os problemas que o desequilíbrio lhe tem criado e desenvolvido.
O índice da criminalidade fala das psicopatias atuais...
... Porque o homem moderno "perdeu o endereço de Deus."
O Cristianismo, que lhe chegou ao conhecimento desfigurado e tíbio, não pôde resistir ao impacto das novas e desordenadas paixões...
Com o nascimento da Doutrina Espírita, porém, há pouco mais de um século, paulatinamente o Cristo que o mundo olvidou retoma à tela mental e aos corações da Humanidade, renovando as concepções da vida.
Não mais o "crê ou morre" das velhas e superadas dominações religiosas.
Não mais a cruz da aflição em nome da Fé.
Não mais aparatos impostos e ritos supostamente pertencentes a Jesus Cristo.
Agora fulgura a nova luz, semelhante àquela que brilhava nas lições primitivas do Divino Vidente, o legítimo Embaixador do Celeste Pai.
Não basta, pois, simplesmente aceitar as experiências evangélicas de comunhão com as Esferas Espirituais. É imprescindível propagá-las para conhecimento de todos.
A mensagem de alento, a revelação que esclarece, o ensino consolador, o roteiro seguro, a lição que norteia ajudando o homem a vencer-se, equilibrado e livre, são oportunidades de propaganda honesta que não podemos descurar.
A experiência cristã começou no estábulo, mas não terminou na cruz...
A mensagem espírita surgiu com Allan Kardec e jamais desaparecerá...
Vexilários da renovação cristã ao impositivo das leis do amor expressas na reencarnação, desdobremos os recursos e avancemos no campo onde nos encontramos para servir.
E dilatando a claridade do sol espírita conscientemente, através da exposição e da narrativa, falando ou escrevendo, vivamos a mensagem excelente que reflete o amor de Deus a todas as criaturas, porquanto, se até ontem recebemos uma fé desfigurada, enigmática e simbólica, com o Espiritismo, nos moldes com que Allan Kardec no-lo ofereceu, ressurge a verdadeira religião, apresentando o Senhor Jesus desvelado e simples, fazendo-se conhecer e amar em nós, por nós e conosco, até o fim dos tempos!
Vianna de Carvalho por Divaldo Franco do livro: À Luz do Espiritismo
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