quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O Homem

O Homem

Vinícius (Pedro de Camargo)



Penso que o homem é uma obra perfeita. E nem pode deixar de ser, uma vez que foi criado à imagem e semelhança de Deus.

Da onisciência aliada à onipotência, não provirão obras falhas e defeituosas. Cumpre, porém, notar que as obras de Deus são vivas. Ora, onde há vida há movimento e crescimento.

A excelsa sentença do Gênesis: "crescei e multiplicai-vos", encerra o segredo da vida, uma vez que não nos atenhamos apenas ao sentido literal daquelas palavras. Crescer e multiplicar não se refere somente ao número ou à quantidade, mas também, e particularmente, à qualidade.

Naquele simbólico "sopro" que Deus infundiu à argila, encontra-se o dinamismo vital que vem da eternidade e marcha para o infinito.

"Para a frente e para o alto", eis a legenda gravada em cada átomo do Universo. Os defeitos e prejuízos humanos atestam, portanto, não a imperfeição da obra, mas, apenas, o estado atual de acabamento em que a mesma se encontra.

O homem não é uma estátua modelada e acabada pelo buril do estatuário. O homem é obra viva, inteligente e consciente de si própria. A estátua nada sabe de si mesma: sua forma, seus contornos, suas linhas e suas expressões são fixas, imóveis, inertes.

O Supremo Artista não age assim. Infunde vida às suas obras; e estas, uma vez vivificadas, se agitam, crescem, sobem e transcendem, aperfeiçoando-se e aprimorando-se sempre.

O homem mesmo há-de colaborar com Deus na obra de seu crescimento e de sua evolução.

Daí o mérito e o demérito de cada um. De outra sorte, o homem não teria consciência do seu valor, nem estaria aparelhado para realizar o ideal de felicidade que constitui o supremo alvo da vida.

A medida que ele se vai aperfeiçoando, melhor irá refletindo a divina imagem a cuja semelhança foi criado.

Só em Jesus, o sublime, o caráter adamantino, o paradigma da perfeição, podemos ver a imagem de Deus refletir-se em sua pureza e excelsitude. Por isso, ele pode dizer com autoridade: - "quem me vê a mim, vê ao Pai."

Vinícius (Pedro de Camargo) do livro: 
Em torno do mestre - FEB

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Nota: Pedro de Camargo, mais conhecido por Vinícius (pseudônimo que adotou e usou por mais de 50 anos), nasceu em Piracicaba (SP) em 7 de maio de 1878. Desde muito jovem abraçou com entusiasmo o Espiritismo, tendo fundado e dirigido em sua terra natal a instituição espírita “Fora da caridade não há salvação”. Por muitos anos presidiu também a “Sociedade de Cultura Artística”, na mesma cidade. Em 1938, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde permaneceu até a sua desencarnação em 11 de outubro de 1966. A partir de 1949, desenvolveu, através do rádio, um programa evangélico de grande proveito para os espíritas. Teve participação destacada nos esforços em prol da unificação do Movimento Espírita Brasileiro que culminaria com a criação do Conselho Federativo Nacional (CFN). Colaborou por dezenas de anos com artigos que primavam pela essência altamente doutrinária e evangélica publicados em Reformador. (Trecho extraído do site da FEB)
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