quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Na área social

Na área social

Batuíra



 “... Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome e o que crê em mim nunca mais terá sede.” (João, capítulo 6º, versículo 35)


A assistência social é um meio, não o objetivo principal a que se propõe a tarefa espírita.

Necessária e valiosa é a comida e a vestimenta para acalmar os sentidos fisiológicos; no entanto, magnífico e excelso é o suprimento que atende às necessidades do espírito imortal.

Muitos advogam que a criação e a manutenção de obras sociais compete unicamente ao Estado. Outros acreditam, de forma radical, que os objetivos do movimento espírita devam assentar-se na assistência social, esquecendo que a Doutrina proclama como primordial a educação das almas, e não apenas e simplesmente a sustentação do corpo, que é perecível. Para este o prato de sopa é muito bem-vindo, sem dúvida, mas a alma aspira ao verdadeiro pão da vida.

A Seara do Bem envolve diversos trabalhos em benefício dos carentes do corpo e da alma. Pode parecer, no entanto, que as necessidades essenciais e imediatas residam no corpo denso, mas, na realidade, se encontram no íntimo das criaturas.

Não basta construirmos lares ou abrigos que fazem do prato nutriente, da perpetuação da espécie e da maneira simplória de ver a vida as únicas razões da existência humana. Urge, sim, estabelecermos noções de valores imortais e bases educacionais para preparar as almas para a grandeza espiritual a que estão destinadas.

Toda congregação espírita na Terra tem como finalidade maior esclarecer pelo estudo, promover o amadurecimento emocional pelo trabalho e desenvolver as virtudes em potencial. Eis a atividade prudente e prioritária dos aprendizes do Evangelho.

A ação caritativa e a boa vontade do Movimento Espírita prestam inestimáveis serviços à sociedade e ao Estado, conquanto não devam assumir de maneira simplista e com espírito salvacionista as funções do serviço social, que cabe à administração pública.

A solidariedade pode surgir como anseio da alma, acompanhada das seguintes características:
  • Responsabilidades abandonadas em existências passadas;
  • Despertamento devido a uma nova visão do mundo e das pessoas;
  • Terapia salutar para superar problemas e conflitos;
  • Problemas de consciência por estar vivendo no fausto e na ociosidade;
  • Felicidade em servir voluntariamente.
O companheiro interessado em ingressar no celeiro do alimento celeste deve buscar, antes de tudo, a sua iniciação espiritual.

Por iniciação, devemos entender o início na experiência da verdade sobre si mesmo. Ao buscarmos o alimento invisível em nossas potencialidades divinas, poderemos produzir por nós mesmos o pão da vida e reparti-lo com nossos companheiros de jornada.

Somente uma criatura iniciada poderá realmente induzir os outros à  busca ou produção do próprio alimento.

Não devemos esperar que as organizações governamentais venham realizar a tarefa que compete ao Espiritismo, ou seja, levar a toda a humanidade a mensagem de Jesus Cristo, através de Kardec, a fim de que nunca mais as almas tenham fome ou sede.

Todavia, enquanto o poder público não conseguir eliminar os horrores da miséria, é justo que cooperemos com o pão material em nossos empreendimentos assistenciais.

Tomemos o cuidado, porém, de não manter nossos assistidos tão dependentes e retrógrados quanto no primeiro dia em que puseram os pés no grupo de auxílio. Sem estudar, sem progredir, sem alargar a visão diante da vida e da sociedade. E nada fazendo para aprender a buscar por si mesmos a completa saciedade: a pérola no fundo do mar (1), o tesouro oculto no campo (2), o grão de mostarda (3) - o Reino de Deus.

(1) Mateus capítulo 13º, versículos 45 e 46.
(2) Mateus capítulo 13º, versículo 44.
(3) Mateus capítulo 13º, versículos 31 e 32. 



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