Reino dos céus versus cidades espirituais
Hammed
“[…] Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que para lá conduz, os meios de se reconciliar com Deus, e os prevenir sobre a marcha das coisas futuras para o cumprimento dos destinos humanos […].” (O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. I – Item 4)
Conhecer Deus significa estar ciente de sua presença íntima, cultivando um sagrado relacionamento, genuíno e crescente, com Ele.
Jesus Cristo, frequentemente, dava vital importância ao Reino dos Céus como sendo a morada de Deus em nós. Como de hábito, voltamos os olhos para fora, e não para dentro – nunca conseguimos perceber as riquezas de nosso reino interior.
Para dar início a essa relação, precisamos realizar em nós uma experiência de religiosidade.
É fundamental distinguir a diferença entre o plano espiritual, que rodeia todos os seres humanos, e o Reino dos Céus, ao qual se referia o Cristo Jesus. Essa distinção parece óbvia; entretanto, a maioria se preocupa muito mais em saber coisas sobre a pátria espiritual do que sobre a união ou identificação com o Soberano Poder do Universo.
Quando desencarnamos, vamos para o mundo espiritual e levamos conosco o mundo íntimo. Não ignoremos que o Reino dos Céus começa em nosso próprio coração, sendo esse o primeiro lugar onde devemos trabalhar por ele.
Na atualidade, o drama dos indivíduos é a perda da religiosidade, por se acharem distanciados da capacidade de viver um sentimento de conexão com Deus. O que se opõe à religiosidade não é o ateísmo nem a irreligião, mas a inabilidade de nos religarmos com o Criador e com nossos semelhantes.
Não dependemos absolutamente de um templo ou de um altar, nem de nos tornarmos membros de uma religião; precisamos, sim, integrarmo-nos a uma convicção mais profunda e sagrada.
Inúmeras vezes compramos livros que descrevem cidades celestes e submundos umbralinos. Ficamos fascinados por descrições atraentes e narrações fora do comum da vida astral; deslumbrados por capas fantasiosas, títulos tenebrosos, romances e contos sem valor reflexivo, dramas atemorizantes.
Há ocasiões em que temos o disparate de adquiri-los sem nos dar conta de que apenas distraem nossa ponderação e reflexão.
A casa mental entretida bloqueia a fonte sapiencial existente em nosso cerne.
A função principal da religiosidade é nos religar a todas as coisas e à fonte donde promanam todos os seres: Deus.
Assim, as cidades espirituais e descrições correlatas poderão esclarecer e ampliar nossa sabedoria; não obstante, apenas a iluminação interior é que nos fará despertar do sono profundo em que vivemos, tirando-nos do estado de inconsciência espiritual.
Os dois lados da vida (físico e extrafísico) não nos preenchem totalmente; a plenitude só ocorre quando edificamos o Reino dos Céus dentro de nós mesmos, isto é, a conexão com o mundo sagrado. Eis a verdadeira essência da vida: ela se encontra dentro de nós.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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