A força do agora
Joanna de Ângelis
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
Estude sem propagandas atrapalhando o que você quer ler! Dai de graça o que de graça recebestes! "- Fora da caridade não há salvação." Allan Kardec
“Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê. Jesus chorou.” (João 11:33-35)
Não devemos temer nenhum dos nossos sentimentos, nem mesmo aquele que acreditamos ser o pior deles. Antes de nos censurarmos por senti-lo, tomemos a decisão do que fazer com ele.
A criatura humana que constantemente nega suas sensações íntimas não as destrói, mas perde a capacidade de administrá-las ou aprimorá-las.
Conter a alma é ignorar o sentir; é não dar nenhum valor aos sentimentos, concedendo sempre um crédito desmedido ao sentir dos outros, em detrimento dos próprios valores e potencialidades internas.
Abafar ou negar as emoções pode nos trazer consequências desagradáveis, criando em nós um campo fértil para que transtornos emocionais se instalem e se desenvolvam.
O antídoto para combater esses conflitos é verbalizar, ou seja, dizermos o que estamos sentindo, sem medo de dividir isso com os outros.
Alexitimia é o nome que se dá a uma marcante dificuldade em verbalizar emoções, expor sentimentos, bem como em narrar sensações corporais. O termo provém do grego – A sugere ausência; lexis, palavra; e timia, emoção.
Pessoas que sofrem de Alexitimia ignoram o que sentem, sem saber, portanto, como dizê-lo com palavras, não distinguindo uma emoção de outra; também desconhecem que têm uma carência: a capacidade de reconhecer e expressar suas emoções. Atribuem o mal-estar que sentem a algo que comeram ou beberam, distanciando de si, dessa forma, o real motivo da sensação desagradável, que na verdade é a agitação íntima. Não possuem consciência de seus problemas internos e se veem tranquilas e adaptadas no quesito emocional, apesar de estarem extremamente bloqueadas em uma das áreas mais importantes da vida: a sentimentalidade.
O hábito de rejeitarmos frequentemente a emotividade que emerge de nosso mundo interior nos faz perder a capacidade de avaliar de forma correta nossos sentimentos.
Por consequência, isso poderá intervir ou afetar o diálogo lúcido e apropriado com nós mesmos e com nossos semelhantes.
O palhaço que você ironiza é, frequentemente, valoroso soldado do bom ânimo.
A mulher, extremamente adornada, que você costuma desaprovar, em muitas ocasiões está procedendo assim para ajudar numerosas mãos que trabalham.
A cantora que baila sorrindo e da qual você comumente se afasta entediado, na suposição de conservar a virtude, geralmente procura ganhar o pão para muitos familiares necessitados, merecendo consideração e respeito.
O homem bem-posto, que lhe parece preguiçoso e inútil, talvez esteja realizando trabalhos que você jamais se animaria a executar.
Não julgue o próximo pelo guarda-roupa ou pela máscara. A verdade, como o Reino de Deus, nunca surge com aparências exteriores.
"Naquele mesmo dia, Herodes e Pilatos se reconciliaram, pois antes viviam inimizades um com o outro". (Lucas 23:12)
A presença do Mestre em qualquer lugar era motivo de paz.
Vejamos um exemplo:
Sendo Jesus galileu, não podia ser julgado cm Jerusalém. A habilidade política de Pilatos fez com que o Nazareno chegasse às mãos de Herodes que, porventura, achava-se a passeio pela cidade, onde a grande águia romana simbolizava o domínio.
Este já ouvira falar sobre o filho do carpinteiro. Mas nunca tivera oportunidade de conhecê-lo. Despertava em seu coração o ciúme, por ouvir falar da personalidade e da força, que o Mestre possuía, de atrair o povo.
Em seus ouvidos, ressoavam as advertências dos seus servos: "ele cura os enfermos, levanta os mortos, dá vista aos cegos; a sabedoria que sai de seus lábios, nunca foi vista e ouvida nestas regiões; cuidado Herodes, cuidado Pilatos, cuidado governadores e altos representantes de Roma: os senhores poderão perder seus lugares..."
Para se convencer de que o anunciado a respeito daquele homem era verdadeiro, Herodes queria assistir a um sinal, que Jesus pudesse fazer no céu. Não era profeta? Não se dizia filho de Deus? "Quero assistir algo prodigioso, conversar com ele. Quem sabe se ele não é mesmo possuidor de poderes que possam, de algum modo, garantir-me na minha posição, eternamente? Caso isso aconteça, terei provas de que é mesmo enviado de Deus!..."
Herodes, como relata o texto evangélico, estava inimizado com Pilatos. A manha da velha raposa e a astúcia e força da água eram incompatível. Cada um queria o cetro do comando total da massa sofredora, da qual, Jesus, pelas bocas dos profetas, havia de ser o comandante supremo, em todos os quadrantes do globo; não somente rei dos judeus, mas de toda a humanidade.
Herodes abriu alas por entre os guardas, ansioso por falar com o Mestre; de muitos modos o interrogou, mas Jesus nada lhe respondeu. Os sacerdotes e escribas ali presentes, acusavam Jesus. O Mestre enfrentava tranquilo os punhos cerrados e as feições ferozes, que transmitiam, em meio a uma e outra cuspada, o veneno do ódio maledicente.
Protegido do povo em fúria por sua numerosa guarda, Herodes tratou a Cristo com desprezo; este, lendo seus pensamentos, conhecendo seu coração, nada responde.
Deixa suas perguntas no ar, por serem elas envernizadas pelo egoísmo, nascidas da vaidade, sem nenhum sentido altruístico.
Na sua mudez, todavia, Jesus fez a Herodes um bem muito maior ao seu coração torturado, imprimindo, na mente psicofísica do velho psicopata, a força do perdão, que apagou para sempre seu ódio contra Pilatos.
Eis porque falamos da necessidade do perdão. Não somente quando sofremos as tramas dos Pilatos e dos Herodes, mas em todas as partes a que a vida nos chamar, o perdão é portador da semente dos céus. Onde passa, garante a amizade, refrigera o coração. Perdoar deve ser o gesto por excelência do homem de bem; perdoar, deve ser o clima do cristão, verdadeiro sinal dos céus de que o coração se encontra preparado para a academia do amor.
Experimenta, meu filho, perdoar por onde transitares e verás; oferta o perdão aos que te ofendem, e sentirás o céu, com Deus e Cristo no coração.
Herodes, andando de um lado para outro, inquieto por não ter atingido seu intento, mandou vestirem o Cristo de um manto aparatoso, e devolveu-o a Pilatos.
Sem sabê-lo, apresentou uma mensagem de reconciliação com o embaixador de Roma nas terras do Oriente, e desde então, Pilatos não mais odiou a Herodes.
A força do perdão, desprendida do Cristo, ao receber o escárnio e o desprezo, fez com que Pilatos e Herodes se tornassem amigos, conforme relata a evangelho:
“Naquele mesmo dia Herodes e Pilatos se reconciliaram, pois antes, viviam inimizados um com o outro.”
Bondade é pão invisível.
Gentileza é água pura.
Otimismo é reconstituinte.
Consolação é analgésico.
Esclarecimento construtivo é vitamina mental.
Paciência é antitóxico.
Perdão é cirurgia reajustante.
Queixa é vinagre.
Censura é pimenta.
Crueldade é veneno.
Calúnia é corrosivo.
Conversa inútil é excedente enfermiço.
Maledicência é comida deteriorada.
Falando, edificamos.
Falando, destruímos.
Falando, ferimos.
Falando, medicamos.
Falando, curamos.
Disse o Divino Mestre: “Bem-aventurados os pacificadores...”
Usemos para com os outros o alimento da paz, porque, estendendo paz aos outros, asseguramos paz a nós mesmos. E, com a paz, conseguiremos possuir espaço e tempo terrestres, em dimensões maiores, para que aprendamos e possamos, realmente, servir.
(Em referência ao Evangelho Segundo o Espiritismo / Cap. IX – Item 2)
“O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro e o homem mau tira más coisas do seu mau tesouro.” (Mateus - 12:35)
NOTA: Esta comunicação foi recebida na sessão geral presidida pelo Sr. Allan Kardec.
Quando te sintas em dificuldade no relacionamento com os outros, observa que, muitas vezes, esses mesmos outros suportam problemas e percalços muito maiores do que os nossos.
Semelhante exercício te renovará os pensamentos e a compaixão te surgirá no íntimo, obstando-te a queda em pessimismo e revolta.
Se possuísses um engenho capaz de radiografar os sentimentos alheios, reconhecerias, de pronto, o contraste entre a suposição e a realidade.
Aquele chefe, supostamente arbitrário, guarda consigo a mente esfogueada de inquietações pelo próprio serviço de que recebes os recursos que se te fazem necessários à vida.
Provavelmente o amigo que não te notou a presença carrega as próprias ideias e emoções concentradas num filhinho doente.
A senhora que tantos julgavam excessivamente enfeitada, assim se preparou diversos dias a fim de solicitar emprego a determinadas autoridades para o esposo recém demitido da organização em que trabalhava.
O rapaz que passou, conduzindo o carro em alta velocidade, é portador de um cérebro enfermiço.
O artista que se negou a colaborar contigo na realização das boas obras em que te empenhas, estará sob o peso terrível da estafa.
A ninguém julguemos precipitadamente.
Procuremos o melhor de cada situação e de cada criatura, de modo a seguirmos para diante com o melhor a fazer, esquecendo o desnecessário.
Em muitos lances de marcha na direção de Deus erramos, a fim de aprender com segurança, ou caímos, de modo a levantar-nos para conquistar o equilíbrio seguro.
Ninguém segue sem o apoio de alguém nos caminhos da vida.
Em vista disso, compadeçamo-nos dos outros para que os outros se compadeçam de nós.
Os homens reúnem-se no mundo para pedir, reclamar, maldizer; legiões humanas devotadas à fé entregam-se para que as comandes; multidões sintonizam contigo buscando servir-Te.
Permite-nos, agora, um espaço para a gratidão por estes dias de entendimento fraternal, vividos na Casa que nos emprestaste para o planejamento das atividades evangélicas do futuro.
Como não estamos habituados a agradecer e louvar sem apresentar o rol das nossas súplicas, permite-nos fazê-lo de forma diferente.
Quando, quase todos pedem pelos infelizes, nós nos atreveremos a suplicar pelos infelicitadores; quando os corações suplicam em favor dos caídos, dos delinquentes, dos que se agridem, nós nos propomos a interferir em benefício dos que fomentam as quedas, os delitos e a violência; quando os pensamentos se voltam para interceder pelos esfaimados, os carentes, os desiludidos, nós nos encorajamos a formular nossas rogativas por aqueles que respondem por todos os erros que assolam a Terra, estabelecendo a miséria social, a falência moral e a derrocada nas rampas éticas do comportamento.
Não Te queremos pedir pelas vítimas de todos os matizes, senão, pelos seus algozes, os que entenebreceram os sentimentos, a consciência e a conduta, comprazendo-se, quais chacais, sobre os cadáveres dos vencidos.
Tu que és o nosso Pastor e prometeste apoio a todas as ovelhas, tem misericórdia deles, os irmãos que se cegaram a si mesmos e, ensandecidos, ateiam as labaredas do ódio na Terra e fomentam as desgraças que dominam no mundo.
Tu podes fazê-lo, Senhor, e é por isto que, em Te agradecendo todas as dádivas da paz que fruímos, não nos podemos esquecer desses que ardem nas labaredas cruéis da ignorância, alucinados pelos desequilíbrios que os tornam profundamente desditosos.
Retira dos nossos sentimentos de amor a cota melhor e canaliza-a para os irmãos enlouquecidos na volúpia do prazer, que enregelaram o coração longe dos sentimentos de humanidade e que terão de despertar, um dia, sob o látego da consciência que a ninguém poupa.
Porque já passamos, em épocas remotas, por estes caminhos, é que Te suplicamos por eles, os irmãos mais infelizes que desconhecem a própria desdita.
Quanto a nós, ensina-nos a não fruir de felicidade enquanto haja na Terra e na Pátria do Cruzeiro os que choram, os que se debatem nos desvãos da perturbação, e consciente ou inconscientemente Te negam a sabedoria, o amor e a condução de ternura como Pastor de nossas vidas.
Quando os Teus discípulos, aqui reunidos, encerramos esta etapa, damo-nos as mãos, e, emocionados, repetimos como os mártires do passado: — Ave Cristo! Em tuas mãos depositamos nossas vidas, para que delas faças o que Te aprouver, sem nos consultar o que queremos, porque só Tu sabes o que é de melhor para nós.
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Filhos da alma que vos abençoe o Pai Misericórdia e que Jesus permaneça conosco, são votos do servidor humílimo e paternal de sempre...
Bezerra