Desperdícios
Joanna de Ângelis
Há muito desperdício no mundo, fomentando larga faixa de miséria entre os homens.
O que abunda em tua mesa falta em muitos lares.
O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.
O que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.
O desperdício é fator expressivo de ruína na comunidade.
O homem, desejando fugir das realidades transcendentes da vida, afoga-se na fantasia, engendrando as “indústrias da inutilidade”, abarrotando-se com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irresponsabilidade, em que sucumbe por fim.
A vida é simples nas suas exigências quase ascetas.
Muitos cristãos distraídos, porém, ataviam-se. complicam os deveres, sobrecarregam-se do dispensável, desperdiçam valores, tempo e oportunidade edificante para o próprio burilamento.
- Desperdiçam palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades;
- Desperdiçam tempo em repousos e férias demorados, que anestesiam os centros combativos de ação da e alma encarnada;
- Desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades;
- Desperdiçam medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapassados;
- Desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar;
- Desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo;
- Desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo e nas inquietações da posse com sofreguidão;
- Desperdiçam a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação do que estragaram, em alucinada correria para lugar nenhum...
Não se recupera a malbaratada oportunidade. Ninguém volta ao passado, na busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.
O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima.
Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.
*
Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo.
Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-á: multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas generosas mãos.
Passarás pelo mundo queiras ou não. Os teus feitos ficarão aguardando o teu retorno.
Como semeares, assim recolherás.
O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides.
Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguires será crédito ou débito na contabilidade da tua vida perene.
Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Leis Morais da Vida
Declaração de Origem
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