domingo, 12 de setembro de 2021

Esquizofrenia

Esquizofrenia

Joanna de Ângelis




Nos transtornos psicóticos profundos, a esquizofrenia destaca-se aterrorizante, em face da alienação que impõe ao paciente, afastando-o do convívio social e conduzindo-o à vivência da própria incúria, sem a capacidade de discernimento que se encontra embotada.

Denominada, por Freud, como "neurose narcisista", identificada por Kraepelin, que estabeleceu como sintoma frequente a "indiferença ou embotamento afetivo", coube a Bleuler assinalar que o paciente é vítima de uma "desagregação do pensamento", que produz certa rigidez com extrema "dificuldade de exteriorização dos sentimentos", não sendo, portanto, imune à afetividade.

Clinicamente apresenta-se sob três formas, consideradas clássicas: hebefrenia, catatonia e paranoide. Posteriormente foi acrescentada outra, que ficou denominada como esquizofrenia simples.

Muito difícil de ser diagnosticada, em face das suas variedades de sintomas, vem sendo estudada desde há muito tempo, recebendo as mais valiosas contribuições para a sua compreensão, nos dois mais recentes séculos, a partir, dentre outras, das investigações de Kahlbaum e Hecker, na segunda metade do século XIX, já que, até então, pouco se conhecia a seu respeito.

Sem dúvida, fatores hereditários preponderantes impõem o desvio psicótico profundo, graças às impressões vigorosas registradas nos genes desde os primórdios da concepção.

Essa terrível afecção mental responde pela falta da associação de ideias, pelo desleixo e abandono do Si em transtorno grave de conduta.

Enfermidades infectocontagiosas e suas sequelas podem, também, desencadear o processo esquizofrênico, em razão dos prejuízos que impõem aos neurônios cerebrais e às suas sinapses, que se desconectam, tornando-se incapazes de enviar as mensagens corretamente de um ao outro, nessa cadeia complexa de informações que transitam através das suas delicadas conexões. Fenômenos orgânicos que promovem grande tensão, como aqueles considerados críticos, tais a puberdade, o catamênio, a menopausa e a andropausa, são arrolados como responsáveis também pelas manifestações lentas e contínuas do transtorno esquizofrênico.

Por outro lado, traumatismos cranianos atingindo o cérebro produzem efeitos equivalentes, perturbando o raciocínio do paciente e afastando-o do convívio da sociedade.

Outrossim, fatores exógenos, que dizem respeito aos eventos de vida, também respondem pelo transtorno cruel, especialmente nos indivíduos de compleição moral frágil ou marcados por graves distúrbios familiares, sociais, de trabalho, de relacionamento afetivo, que os predispõem às fugas espetaculares para o quase-autismo.

Não obstante, deve-se incluir na psicogênese do transtorno esquizofrênico, a consciência de culpa das ações vivenciadas em existências anteriores, quando a delinquência assinalou o desenvolvimento do Self, hedonista e explorador, que somente se utilizou dos amigos e conhecidos para os explorar, traindo-lhes a confiança ou covardemente destruindo-lhes o corpo em horrorosos crimes que não foram justiçados, porque passaram desconhecidos ou as circunstâncias legais não os alcançaram. Não havendo sido liberados pela reparação através dos cometimentos impostos pela Lei vigilante, insculpiram nas delicadas tecelagens vibratórias do corpo perispiritual a responsabilidade infeliz, que ora ressurge como cobrança, necessidade de reparação, impositivo de reequilíbrio, de recomposição social, familial, humana.

Eis que nessa, como noutras ocorrências psicopatológicas, a interferência de seres desencarnados ou de outra dimensão, se assim for mais acessível ao entendimento, impondo sua vontade dominadora sobre aquele que o infelicitou no curso de existência anterior, produz distonia equivalente àquelas que procedem das psicogêneses internas e externas.

Essa imposição psíquica frequente e insidiosa afeta os neurotransmissores, facultando que moléculas — neuropeptídeos — responsáveis pelo equilíbrio das comunicações, os desconectem produzindo a alienação.

A mente, que não é física, emite ondas especiais que são captadas por outras equivalentes, que sincronizem com as emissões que lhes são direcionadas.

Há, em todo o Universo, intercâmbio de mentes, de pensamentos, de vibrações, de campos de energia...

No que diz respeito às afinidades psíquicas, a sintonia vibratória permite que sejam decodificadas mensagens mentais por outros cérebros que as captam, conforme os admiráveis fenômenos parapsicológicos da telepatia, da clarividência, da precognição, da retrocognição, cujas experiências em laboratório tornaram-nos cientificamente comprovados, reais.

É natural, portanto, que não havendo a destruição do Self quando ocorre a morte ou desencarnação do ser humano, a mente prossiga enviando suas mensagens de acordo com as construções emocionais de amor ou de ira, de felicidade ou de desdita, que se fazem captadas por estações mentais ou campos psi, dando curso às inspirações, às percepções enobrecidas ou perturbadoras, facultando o surgimento das nefastas obsessões de efeitos calamitosos.

É muito mais vasto o campo dessas intercorrências espirituais do que se pode imaginar, sucedendo tão amiúde, que seria de estranhar-se não as encontrar nos transtornos neuróticos ou psicóticos de qualquer natureza...

O Self dessa maneira, desenvolve-se mediante as experiências que o acercam do Arquétipo Primacial, no qual haure vitalidade e força, transferindo todas as aquisições nobres ou infelizes para futuros cometimentos, assim ampliando os primeiros e recuperando-se dos segundos, armazenando todas as experiências que o conduzirão à individuação plena, ao numinoso ou sintonia com Deus.

Mergulhando, a princípio, no Deus interno, desperta o potencial de sabedoria e de amor que nele jaz, a fim de poder crescer em amplitude no rumo do Deus Criador do Universo...
A saúde mental somente é possível quando o Self, estruturado em valores éticos nobres, compreende a finalidade precípua da existência humana, direcionando os seus sentimentos e conhecimentos em favor da ordem, do progresso, do bem-estar de toda a sociedade.

A liberação do ego arbitrário, desvestido dos implementos da aparência que se exterioriza pela persona, permite a integração do ser na vida em caráter de plenitude.

Todas as terapias acadêmicas procedem valiosas e oportunas, considerando-se a imensa variedade de fatores preponderantes e predisponentes, para o atendimento da esquizofrenia, não sendo também de desconsiderar-se a fluidoterapia, o esclarecimento do agente perturbador e o consequente labor de sociabilização do paciente através de grupos de apoio, de atividades espirituais em núcleos próprios onde encontrará compreensão, fraternidade e respeito humano, que o impulsionarão ao encontro com o Si profundo, em clima de paz.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Triunfo Pessoal

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