A lenda dos milagres do Amor
Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf
A família chegara à floresta para fixar residência, fazia poucos dias.
Os ventos bons da primavera trouxeram o perfume das flores e das árvores — tílias, rönn, bétulas — o canto dos pássaros e as mil vozes da natureza para saudarem os novos habitantes.
Havia festa de cor e de alegria que se exteriorizava em toda parte, bailando no ar.
Extasiado, o casal, à porta de entrada da choupana, bendizia a vida, agradecendo essas belas homenagens. Menos o filhinho único de seis anos, que tinha o olhar distante e melancólico.
Nesse momento de alegria, saiu do bosque, risonho, um troll (duende), que se aproximou dos recém chegados e pediu licença para fazer parte do grupo familiar.
Vendo-o, assustaram-se os adultos, que o expulsaram com insultos, dizendo-lhe:
— Como se atreve a vir importunar-nos, esse velho de grandes orelhas e disforme nariz, feio de rosto com rabo eriçado e tão pequeno de estatura, que é insignificante!?
Procurando sorrir, ele explicou:
— Eu sou um small troll (gentil duende) e desejo ser útil. Eu sei amar; porém, ninguém me ama. Por favor, deixem-me entrar e ficar com vocês. Eu vivo muito só.
Com azedume, os adultos exigiram-lhe que não os importunasse mais e se fosse dali, imediatamente.
O troll fitou, então, o menino melancólico, que o olhava com simpatia, e sorriu-lhe. Por um momento a criança não reagiu, mas logo depois, corando, retribuiu- lhe o sorriso.
A partir dali, diariamente, o troll retornava e brincava com a criança, para desagrado dos pais, que o toleravam somente porque perceberam a suave mudança que se foi operando na face pálida e triste do filhinho. Ele agora sorria e falava, corria e cantava as músicas que o troll lhe ensinava.
O novo amigo falou-lhe, então, dos encantos da floresta, dos animais, das águas, dos ventos, das árvores, das folhas, das flores e dos frutos. Apresentou-o às fadas e aos elfos, aos gênios e aos gnomos...
Conforme se passavam os dias, o troll foi tendo diminuídos o rabo eriçado, as grandes orelhas, o enorme nariz, assumindo uma forma grácil e terminando por tomar-se um lindo jovem, que se incorporou à família.
O amor recíproco, entre o troll e a criança, operou os milagres de tornar a criança feliz e o troll um belo e ditoso jovem.
Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf por Divaldo franco do livro:
Sob a Proteção de Deus
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Nota da publicação: A conferência em Estocolmo, Suécia, abordou, no dia 11 de junho de 1994, o tema: Reencarnação, lei de amor e as doenças. Os Amigos Espirituais trouxeram à comunicação psicográfica a veneranda contista Selma Lagerlöf, que apresentou a bela e delicada página aqui presente.
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Linda estória!
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