terça-feira, 4 de outubro de 2016

Irmão de Jesus

Irmão de Jesus

Joanna de Ângelis




Ele se fez o irmão da pobreza, a fim de que ela ficasse digna e enriquecedora.

Ele se tornou o irmão da Natureza, de forma que todos vissem o Pai Criador nela refletido.

Ele se transformou no irmão as aves, elevando-as a condições superiores.

Ele se condicionou como irmão dos animais, descendo à mais bela comunhão de solidariedade que se conhece.

Ele se consagrou como irmão dos astros, revelando sua realidade estrelar.

Ele dialogou com todos: os ricos e os pobres, as águas e os servos da vida, saudáveis e enfermos, abençoando-os e atraindo-os a si com a força irresistível do amor.

Rico, tornou-se tão pobre que a sua fortuna era nada possuir.

Cantor, dirigiu a música da sua voz para falar em nome de todas as vozes, principalmente daqueles que, miseráveis no mundo, haviam perdido o direito de ter voz.

Numa época na qual os homens se isolavam nos castelos e palácios, ou se escondiam em choças misérrimas, ele se ergueu como ponte, unindo as criaturas.

Todos levantavam paredes, e Francisco derrubava-as.

Enquanto se apresentavam e se mantinham distâncias, ele surgia como aproximação.

Ninguém que amasse tanto quanto ele amava.

Depois do Amigo, jamais alguém que houvesse sido tão fiel, tão irmão de todos.

* * *

Hoje, a sua voz ainda prossegue chamando as almas para Deus.

A força do seu verbo continua arrebatando, porque penetra o mais profundo do ser humano, e quem a ouve nunca mais deixa de escutar-lhe o cântico.

Os silêncios de suas meditações falam alto.

A sua ternura comove e convence.

Ele é indimensional na sua pequenez, na sua singeleza.

A morte não o calou, a fragilidade orgânica não lhe impediu o dever de atender o chamado do seu Senhor.

Ele continua incorruptível no ministério que mudou, em plena Idade Média, os rumos da fé e do amor.

Quando a decadência político-religiosa se anunciava, como decorrência do abuso do poder e das arbitrariedades, Francisco dignificou a criatura humana, colocando-a em patamares elevados, e propôs-lhe a felicidade com Jesus.

O mundo, depois dele, ficou diferente, qual sucedera antes com o do seu Amado.

A simplicidade enfrentou a afronta; a pureza não temeu a perversão.

Ele não é somente um símbolo, mas a realidade do próprio amor.

O seu psiquismo prossegue envolvendo a Terra, e todos aqueles que sintonizam com a sua vibração experimentam paz e se enriquecem de esperança.

Quando a irmã morte se lhe acercou, ele recebeu-a sorrindo, saudou-a com uma canção: Louvado seja meu Senhor, pela nossa morte corporal da qual nenhum homem vivente pode escapar, e penetrou, de retorno, na Esfera dos Justos, sob o carinho do Seu Pleno Amor.

Francisco, por fim, é o irmão de Jesus, como nenhum outro se identificou com tão grande afinidade.

Irmão Francisco; nestes dias tumultuosos, ergue a tua doce voz e canta outra vez aos ouvidos surdos da Humanidade o teu hino de bênçãos e de louvor, intercedendo junto ao teu Irmão por todos nós, os pobres filhos do Calvário!

Joanna de Ângelis
Página psicografada por Divaldo Pereira Franco, diante da tumba de São Francisco, em Assis, no dia 25.06.1994.

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