Palavras a um cego
Bezerra de Menezes
Meus amigos, abençoemos Jesus!
Somos velhos companheiros de jornadas espirituais, repetindo experiências que o tempo nos faculta.
Ontem, conduzidos pelo desequilíbrio, assumimos compromissos que o presente nos impõe ressarcir.
Viandantes dos longos caminhos, retornamos para experiências de sublimação, vitimados pela incúria.
Assinalados pelo desequilíbrio, embarcamos no escafandro carnal para o mergulho na psicosfera terrena onde encontramos o solo abençoado para a sementeira do futuro.
Um dia, ouvimos a palavra dos Profetas ensinando-nos o reino de Deus e, não obstante, descemos da montanha da meditação para os vales do desequilíbrio, matando e vingando os nossos sonhos destruídos como abutres sobre os cadáveres das gerações fanadas.
Escutamos a palavra dos filósofos e enriquecemos a nossa vida de sabedoria, mas não mudamos o nosso conceito de vivência moral. Apesar de nos considerarmos estóicos e éticos, assassinamos, mancomunados com o poder do totalitarismo arbitrário.
Por fim, escutamos Jesus.
A palavra do Benfeitor da Humanidade, no Sermão da Montanha, falou-nos das bem-aventuranças, mas não mudou a estrutura do nosso comportamento e, em dezenove séculos de Cristianismo, temos pregado a paz, montados sobre bombas; falamos de amor, disseminando ódio; ensinamos tolerância sob o guante da perseguição; programamos a renovação da Terra sob os estigmas de nossas paixões.
Até quando, amigos e irmãos, buscaremos a verdade, pontificando na treva; até quando lutaremos pelo bem, fomentando o desequilíbrio?
É natural que a nossa colheita seja de espinhos, de pedregulhos e os espículos do sofrimento, cravados nas carnes de nossa alma, apontem-nos uma Estrela Polar, que é nosso Senhor Jesus Cristo.
Cumpre-nos hoje, voltar para Deus, sem exterioridades, sem a preocupação atormentante da busca dos fatos e da visão exterior.
Se fôssemos acreditar somente no que vemos e no que apalpamos, a nada, a quase nada, ficaria reduzida a nossa crença.
A maioria dos fatos e quanto acreditamos, transcorre no campo da energia e nem sempre podemos perceber, senão, por deduções matemáticas ou por conceitos transcendentais.
Amemos!
Se não vos for possível acreditar na sobrevivência da alma, amai o companheiro do vosso caminho; se tendes dúvidas, quanto à continuação da Vida, utilizai-vos, corretamente, da vossa vida corporal e realizai o bem.
E tu, filho querido, que no silêncio da meditação pela cegueira física, pedes-me que te diga uma palavra! Pois eu darei, dizendo que são bem-aventurados os que caminham na estrada solitária, momentaneamente em sombras, sem deblaterar, porque eles terão o Céu do mundo interior salpicado de astros refulgentes.
Preserva o teu bom ânimo!
A cegueira, nem sempre é uma dura prova. Antes, é uma bênção quando a aceitamos.
Considera aqueles que veem e que conduzem os pés para a criminalidade.
Medita em tomo daqueloutros que têm a visão externa e, por dentro, estão pejados de ódio, bracejando com sombra e com amargura.
Reflexiona em tomo da oportunidade que Deus te deu a fim de fazeres a viagem para dentro de ti mesmo.
Antes, quando podias ver o mundo de fora, conquistavas o exterior.
De alma vazia, sentias-te insatisfeito e amargo.
Hoje, que perdeste o contato dos contornos pela visão deficitária, que se apagou, podes ver o mundo de bênçãos que está dentro de ti como uma verdadeira Via láctea, apresentando-te paz.
O importante, filho, não é o que vemos, e sim o que somos.
Mais valioso do que ver, é ser pacífico e propiciar-se, interiormente, a alegria de viver.
Vive, pois, e ama.
Ensina com o teu exemplo a grandeza desta fé inominada.
Leva, àqueles que ainda enxergam e tropeçam, a sabedoria da tua experiência, porque dia virá, quando o corpo estiver alquebrado, em que se rasgará para ti uma madrugada de bênçãos, na qual te sentirás pleno e feliz.
Eu suplico ao Pai que te abençoe, cumulando-te de graça e de harmonia.
A vós outros, que me concedeis a honra imerecida deste momento, eu peço a Jesus que nos abençoe, fazendo que a Sua paz, que não tem atavios, permaneça dentro de nós, dulcificando-nos.
Deus nos abençoe, meus amigos, e nos pacifique!
Com todo o carinho, o amigo paternal de sempre,
Bezerra
Bezerra de Menezes por Divaldo Franco do livro:
Terapêutica de Emergência
Bezerra de Menezes por Divaldo Franco do livro:
Terapêutica de Emergência
Nota: A presente mensagem foi recebida psicofonicamente, ao término de uma entrevista radiofônica, em Porto Alegre, num Teatro com mais de 1.000 pessoas, sob a direção do Dr. Mendes Ribeiro, atendendo a um periodista que ficou cego e rogara ao Benfeitor Espiritual uma palavra de conforto. (Por Divaldo P. Franco)
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