Falatórios
Joanna de Ângelis
Dentre os muitos males que o verbo infeliz pode produzir, o mexerico é, possivelmente, dos mais graves. Semelhante a vaso pútrido, o falatório exala miasma pestilencial, que contamina os incautos, que dele se acercam. Ali proliferam a maledicência insensata, o julgamento arbitrário, a acusação indébita, a suspeita inapelável, a infâmia disfarçada, quando não irrompe a calúnia maleável, capaz de engendrar a destruição dos mais nobres ideais e vidas respeitáveis.
Atira-se a brasa do falatório inconsciente e espera-se que o fogo da irresponsabilidade ameace, devorador, a estrutura onde produz chamas. Nasce na conversa simples, porém, perniciosa. Emana de uma observação candente e feita de impiedade, a qual se difunde facilmente por ausência de serviço edificante, em decorrência da hora vazia, pela dilatação das apreciações indébitas.
O falatório é, também, verdugo do falador, porquanto, aquele que se compraz em censurar, torna-se vítima da censura alheia. Acautela-te dos que somente sabem colocar ácido e observações infelizes. Não estás indene à acusação deles. Se te trazem informação inditosa, por mais amigo que te seja, de ti levará informação incorreta para outrem, a quem chama amigo, e que ignoras.
Não permitas que os teus ouvidos, voltados para a verdade, se convertam em caixa de acusações desditosas. Ninguém te pede a santificação em um dia, nem espera a tua redenção numa hora. Aliás, se isto se dera, o beneficiado seria tu próprio. Todavia, todos aguardam que não incidas, reincidas ou insistas no erro, promovendo a renovação dos teus propósitos cada dia, a toda hora, em cada instante...... O teu chamado ao Evangelho de Jesus significa compromisso novo para com a vida, e, se outrem erra, não te utilizes do erro dele, para que justifiques o teu erro.
Não prestarás satisfação da tua conduta ao teu próximo, mas Àquele que te enviou a servir. Sempre que falares, faze o relatório do bem: desculpa, ajuda, perdoa e compreende. O irmão caído não necessita de empurrão para mais baixo, entretanto, espera mão amiga para reerguer-se.
Quem erra, tem a ferida do engano; aquele que se equivoca, padece a ulceração do erro. Disputa a honra de acertar, falando sobre o bem, em nome do Supremo Bem, para o teu próprio bem.
Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Celeiro de Bênçãos
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