sexta-feira, 1 de abril de 2016

Aprendizes do desprendimento

Aprendizes do desprendimento

Chico Xavier, à sombra do abacateiro





17 DE ABRIL DE 1982

No dia 17 de abril passado, O Evangelho Segundo o Espiritismo ofertou-nos o item 12, do Cap. XVI - “Não se pode servir a Deus e a Mamom”, a meditação no culto do Abacateiro.

Após a prece inicial, o Prof Thomaz, convidado a palavra, discorreu sobre a interessante experiência que um grupo universitário vem realizando ultimamente em Uberaba. Então desenvolvendo um projeto denominado “Céu Aberto”, que atende as necessidades artísticas dos jovens... E ele faz um paralelo, dizendo que, pelo trabalho, carecemos de manter o nosso “céu aberto”, ou seja: atentar para o imperativo do progresso espiritual.

Ariston Santana Teles, nosso amigo de sobradinho, D.F., lembrou o 8º Centenário de nascimento de Francisco de Assis. Contou que certa feita, quando estava o inolvidável “poverello” a regar a as plantas, um irmão, aproximando-se, indagou-lhe: “Frei Francisco, se nesse momento o senhor soubesse que iria morrer hoje mesmo, o que o senhor faria?” - “Eu continuaria regando minhas plantas...” – respondeu Francisco de Assis.

Também convidado a falar, lembrou os 125 anos de Doutrina Espírita, ressaltando a importância de “O Livro dos Espíritos”, lançando em Paris, França, no dia 18 de abril de 1857.

D. Terezinha Pousa falou também que o dia 18 e considerado o “Dia do Livro” e que este ano, ainda no dia 18 de abril comemora-se o Centenário de Monteiro Lobato.

Márcia, minha esposa, tece considerações em torno do extraordinário livro do Dr. George Ritchie, “Voltar do Amanhã”, uma experiência incrível de “morte clínica”.

Vários outros amigos também foram chamados a colaborar na interpretação do texto evangélico, todos buscando conotações com a problemática dos bens terrenos, do desapego das posses materiais.

Chico ouvia os apontamentos com muita atenção, alias, como sempre. Ele aparentava estar 
cansado, pois a reunião da sexta feira terminara as 06:00 horas do sábado.

Antes da reunião, no abacateiro, alguém comentou com ele que o local estava muito acanhado, sem o mínimo conforto para os visitantes... Ao que ele respondeu: “Quando eu desencarnar os companheiros da Doutrina Espírita podem fazer palácios por aqui, mas enquanto eu estiver... O símbolo da doutrina é o serviço”...

Agora ele se preparava para comentar o “Evangelho”, convidado também pelo Senhor Weaker Batista. Fez um apanhado do que todos nós havíamos falado e foi além... Vejamos:

“Não tenho mesmo nem condições físicas para falar, mas o nosso Emmanuel, aqui presente, me pede para dizer alguma coisa. (...) Temos o precursor do “céu aberto” em Jesus Cristo, que ensinou nas praças públicas e deixou o “Sermão da Montanha” em pleno ar livre, falando milhares de pessoas de todas as condições, ensinando o amor, a misericórdia, a brandura, a paz. O “Sermão da Montanha” representa para muitos dos estudiosos do progresso humano, o maior documento da humanidade. Jesus nos ensinou, sobretudo, a despertar o nosso coração para o amor, e Allan Kardec prosseguiu nessa tarefa doando-nos “O Livro dos Espíritos,” que contém os ensinamentos do amor...”

“Jesus ensinou em barcos emprestados, ensinou em bancos públicos, nas praças em que comparecia, nos montes, nos lares de companheiros... O Evangelho nos relata que muitas vezes Ele ensinou na casa de Pedro, isto é, na casa de Pedro, por empréstimo... A única propriedade do Cristo foi a cruz — a Cruz do Cristo foi a única propriedade de que Ele foi o único dono. Não se fala de uma casa do Cristo, de um território do Cristo, mas a cruz do Cristo é muito recordada (Uma de nossas irmãs convidada a falar. D Marilene Paranhos da Silva, havia contado um episódio de Irmão X sobre três cruzes...).”

“Todos carregamos a cruz que é nossa. Cruzes inventadas com as nossas preocupações excessivas sobre a vida material. Nenhum de nós por enquanto, soube se acomodar com o necessário...libertação de Francisco de Assis que pode, com muita grandeza, ser pequenino. E o esforço a que estamos sendo convidados. Temos a preocupação com pão do mês, quando Jesus ensinou: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje...” Acumulamos sem saber se vamos viver até amanhã... desprendimento pessoal um pouco maior. Peçamos a Deus para não estar guardando sobras desnecessárias, pois representa falta na casa do vizinho. Por que havemos de ajuntar tanta coisa de que nos vamos cansar brevemente? Tanta coisa que vai simplesmente definir conflitos, dissensões de famílias... quando nós podemos ter apenas uma casa confortável para nós e para nossa família?!”

“São preocupações que precisamos deixar.”

“Fazemos regime para emagrecer. Compramos livros, vamos aos especialistas. E natural; precisamos de saúde, de corpo mais livre. Fazemos ginástica para ter elegância física. Por que não podemos fazer um pouco de regime de desprendimento? Às vezes, o pão apodrece dentro da nossa casa. Um campeão de futebol treina todo o dia, treina sem parar. É muito importante isto. O futebol é um tema de aproximação entre nós neste mundo. Mas se não podemos ser campeões do desprendimento, porque é que não podemos ser aprendizes do desprendimento?"

Temos de liberar muita coisa que está sobrando, inclusive até mesmo tempo. Temos muito tempo para visitar um doente, para ajudar alguém a compreender determinado trecho de leitura...”

“Falando de mim, não interpretando neste momento o pensamento de Emmanuel, também 
tenho muitos erros, desperdiço muita coisa.”

“Precisamos desprender enquanto é tempo, porque num futuro breve ou remoto, teremos que deixar tudo... deixar tudo de roldão, porque a desencarnação não espera ninguém.

Vamos pedir a Deus que nos dê compreensão. E muito mais difícil ser-se sofisticados, no entanto, hoje, sofisticado é quase que moda. “Eu preciso de 'Status' “ — dizemos. Isso é modo de estabelecer diferença de padrão. (...)”

“É o que o nosso Emmanuel nos pede para dizer.”

Enquanto refletíamos sobre ó que acabáramos de ouvir, o nosso irmão Eurípedes era convidado à prece final.






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