sábado, 11 de dezembro de 2021

Fidelidade até o fim

Fidelidade até o fim

Joanna de Ângelis



A patética existencial humana ora se caracteriza pela expressiva eclosão dos sofrimentos que tomam conta da sociedade terrestre.

Jamais houve tão expressivo número de aflições na Terra, neste momento, sob tormentos sucessivos, variando em profundidade e significação.

Vaticinou-se para este primeiro quartel do Terceiro Milênio a chegada à Era da paz e do amor, assinalada pela vitória do Bem e pelo triunfo dos sentimentos nobres...

Acreditou-se que o sonho de felicidade seria concretizado de forma algo maravilhosa e as pessoas se ajudariam em júbilo, amparando-se umas às outras.

Cantaram-se hinos de louvor ao amanhecer dos novos tempos em euforia quase mágica.

A realidade, no entanto, tem sido outra, bem diversa da dos sonhadores e dos entusiastas da flor e do amor.

Sucede que o processo da evolução histórica em seu ponto de vista moral tem sido lento, assinalado por trágicas e perversas ocorrências.

No passado, eram os fenômenos sísmicos, a fome, as epidemias devastadoras que ceifavam milhões de existências, a ignorância total, deixando o rastro de desolação e de desespero entre os sobreviventes.

À medida que foram superadas as tremendas enfermidades, graças às inestimáveis conquistas da ciência e da tecnologia, porque persistiram os mesmos comportamentos humanos alienados, imediatistas e cruéis, outros padecimentos passaram a afligir as criaturas, trabalhando-lhes os metais do caráter, a fim de amoldá-los aos programas da dignidade, do amor e do dever.

As modernas técnicas de comunicação em massa, assim como as de natureza virtual surpreenderam o ser humano despreparado moral e emocionalmente para salto expressivo como esse, que se vem utilizando dos preciosos recursos, invariavelmente para fins ignóbeis, embora as nobres exceções.

A onda avassaladora do prazer, após exaurir os seus desfrutadores, insensatos alguns, abre espaço para os esportes radicais, as aventuras excitantes e perigosas, as emoções exageradas, com o objetivo de proporcionar novas e inusitadas sensações que exaltam o ego enfermiço, exibindo os troféus da ilusão...

O desvario sexual, mediante o erotismo desgastante, empurra o indivíduo para a busca do poder, dando lugar à violência que entenebrece o século das aquisições intelectuais e tecnológicas, sem o compromisso ético-moral que se faz indispensável.

Por efeito, em todo lugar o desespero homizia-se, gerando distúrbios inomináveis.

Os valores da dignidade escasseando tornaram o indivíduo banalizado, desconfiado, inseguro, insensível, desnorteado...

Todas essas mentes em desalinho, conduzidas pelo egoísmo exacerbado, geram uma psicosfera mórbida e tóxica, que interfere nos processos de acomodação das placas terrestres, assim como dos demais fenômenos do Planeta que estrugem, destrutivos...

Jesus referiu-se a esses lamentáveis acontecimentos quando enunciou o seu célebre Sermão profético, conforme se lê em Marcos 13, assinalando que somente a interferência do amor do Pai evitaria o pior...

...E as criaturas humanas permanecem anestesiadas no engodo, indiferentes aos acontecimentos afugentes, preocupadas exclusivamente com os interesses pessoais, sem se darem conta de que qualquer acontecimento que tenha lugar no Planeta com alguém, se prolongará, alcançando-as inexoravelmente.

Não existe mais distâncias físicas que não sejam transpostas, nem emocionais que não se fundam umas às outras.

Todos fazem parte do mesmo conjunto e qualquer distúrbio em uma área de imediato irá afetar a outra mais próxima, e sucessivamente...

Desse modo, nesse turbilhão de aflições, também te encontras situado. Ninguém há que permaneça indene à lamentável ocorrência do sofrimento neste momento terrestre.

Tem-se a impressão de que uma loucura generalizada tomou conta do mundo. E com razão. Confundem-se as duas populações, a física e a espiritual, do mesmo nível evolutivo em uma conturbação dolorosa.

Obsessões individuais e coletivas multiplicam-se, a cada dia mais voluptuosas e devastadoras.

A serenidade, o equilíbrio ante as decisões, a afetividade enriquecedora não encontram áreas para se expandir, cedendo lugar à agressividade, às ambições descabidas, às paixões subalternas.

Irrompem as lutas, os conflitos externos e internos, os desassossegos, os desencantos emocionais, o desinteresse pela existência física...

Nesse tremendo caos de natureza emocional e espiritual não te permitas o desequilíbrio.

Preserva a tua serenidade a qualquer preço, seja qual for a situação em que te encontres ou que se te apresente.

Convive com a circunstância perturbadora, sem te facultar a severa contaminação destrutiva.

Tens como reservas de forças os ensinamentos de Jesus, e sabes que esta é uma situação transitória, embora se prolongue por algum tempo ainda...

Afeiçoado à oração, acende a prece nos painéis da mente, a fim de que brilhem o amor e a misericórdia em tua jornada, apontando rumos.

Certamente, sofrerás como é natural, mas dispões dos equipamentos sublimes da fé que te induz à caridade libertadora, estimulando-te a ajudar sem discriminação nem revolta.

Contempla a rude tragédia do cotidiano, contribuindo com a tua paz assentada na confiança irrestrita em Jesus.

Faz-se necessário que perseveres fiel ao Amor até o fim dos teus dias na Terra, no formoso esforço da autoiluminação.

Por mais longa se te apresente essa noite assinalada pelos pesadelos da cultura enlouquecida pelo ateísmo, pelas veleidades de conduta em desalinho, passarão as horas tenebrosas e raiará a madrugada de bênçãos pela qual anelas.

A intensidade da treva é correspondente aos distúrbios da sociedade que, cansada de sofrer, cederá ao apelo do Mestre, voltando-se para o Bem e a Verdade.

Não haverá alternativa, senão a construção da paz interior e o esforço pela conquista da própria consciência.

Não temas, nem te deixes afligir demasiadamente.

Somente serás alcançado pelo que necessitas no teu processo de evolução.

Por mais se agigantem as aberrações, preserva-te nas atitudes éticas, nos compromissos dignos, desincumbindo-te dos deveres que te dizem respeito.

... E mesmo que a morte te ameace a existência, mantém-te tranquilo, porque viverás fiel até além, muito além do corpo...


Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro: 
Liberta-te do mal


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