segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Educação moral

Educação moral

Joanna de Ângelis



A educação cabe o inapreciável dever de transformar a criatura humana, alterando para melhor as paisagens morais da sociedade e do planeta terrestre.

Desempenhando o relevante papel de conduzi-la com segurança através do sistemático combate à ignorância, torna-se-lhe a moderadora da agressividade e das paixões primevas, substituindo-as por comportamentos saudáveis, que desenvolvem os sentimentos nobres e insculpem atitudes de respeito à vida e às suas manifestações.

Graças à sua ação continuada, são reformulados os códigos de conduta, que passam por significativa transformação ética, proporcionando bem-estar e harmonia, aspirações dignificadoras e produzindo realizações elevadas.

Alargando os horizontes do pensamento, a educação plasma o caráter em níveis superiores, contribuindo eficazmente para uma saudável convivência com o grupo social, sem atritos perturbadores nem injunções desgastantes.

A educação compete o elevado mister de erguer o ser humano às cumeadas do progresso, apresentando-lhe os horizontes infinitos que aguardam ser conquistados e lhe estão ao alcance.

As suas diretrizes arrancam o belo que jaz no íntimo das formas externas, toscas e embrutecidas, desvelando o anjo oculto que necessita exteriorizar-se.

Fala a linguagem da harmonia, mas também a do sacrifício indispensável para a ascensão.

Não, porém, e exclusivamente, a educação convencional, acadêmica, mas a moral, aquela que trabalha a inteligência e a emoção, os hábitos e as aspirações, o ser integral, que é de duração eterna.

Essa educação formal, sistêmica, memorizada, que recolhe informações intelectuais, contribui para o aprimoramento técnico e cultural, aquele que desenvolve os valores externos e aquisitivos para o consumo imediato.

À educação moral se direcionam os desafios éticos e comportamentais que trabalham nas estruturas íntimas da criatura, facultando-lhe o enriquecimento espiritual, e mediante o qual pode enfrentar com tranquilidade os processos degenerativos que consomem o organismo da sociedade. Trata-se de poderoso antídoto à violência e à vulgaridade, que promove o indivíduo a níveis elevados de conduta, através dos quais preserva e desdobra os tesouros da sabedoria e da vivência dignificada.

Completando a educação formal, a de natureza moral compreende que o ser atual procede de experiências evolutivas que o assinalam com resquícios e sequelas decorrentes do trânsito por onde peregrinou, sendo indispensável incutir-lhe ensinamentos cujas estruturas transcendem às ambições do gozo e do egoísmo, numa concepção humanista a princípio, humanitária depois.

Lentamente os seus postulados tornam-se vivenciados, e mais profundos se apresentam na razão proporcional às conquistas realizadas.

A educação moral penetra a sua sonda na realidade espiritual e trabalha-a, moldando-lhe as asas da angelitude sem retirar-lhe os pés do caminho humano a percorrer.

Nao se trata, certamente, de estabelecer programas de conduta religiosa ou filosófica, submetidos aos criterios ideológicos das suas tendencias partidárias. Mas, de transmitir diretrizes universalistas sobre o dever, a solidariedade, o amor, a compreensão, os direitos da cidadania e, acima de tudo, o respeito a tudo e a todos, trabalhando sempre para aprimorar-se e desenvolver o crescimento pessoal e, por extensão, o da Humanidade.

Além de um elaborado código de regras rígidas que interessam a grupos específicos, cabe a vigência de um compêndio de valores que sugerem greis organizadas que convivam harmonicamente com todos os grupos e segmentos sociais.

A educação moral não se circunscreve às palavras com efeitos especiais ou aos verbalismos e florilégios superados, e sim ao comportamento pacífico e fraternal abrangendo todas as pessoas e formas de vida em um imenso amplexo de dignidade e admiração.

Essa contribuição moral formará pessoas de hábitos morigerados e ricas de sentimentos disciplinados, formadoras de comportamentos saudáveis, que se ampliarão pela família alcançando a sociedade como um todo.

Centrado na imortalidade da alma, todo esse trabalho educacional proporá a construção de um ser integral, fomentando o desenvolvimento dos valores imperecíveis, aqueles que têm a ver com a realidade permanente e não apenas com a pessoa conjuntural da transitoriedade física, que se movimenta em busca das realizações que o túmulo desconsidera.

Nessa paisagem complexa, a educação moral dos sentimentos, desenovelando-os propõe um programa de fixação de condutas que se aprimoram, passando pelas diferentes fases do processo evolutivo.

Quando se podem também ministrar os conteúdos vigorosos da moral, que abarca todas as necessidades do ser em relação a si mesmo, ao próximo e a Deus, ampliam-se as possibilidades de elevação e de libertação das paixões perturbadoras, assim como das imposições imediatas e sem profundidade de significado legítimo.

Mediante essa valiosa contribuição - a educação dos sentimentos - o coração se enternece, diluindo a brutalidade atávica dominante, e abre um elenco de conquistas espirituais, que se multiplicam à medida que o ser mais se enobrece. 

A educação intelectual, artística, profissionalizante, desempenha importante papel na realização do ser humano, mas é a de natureza moral, que não se encontra nos livros, mas sim nos exemplos, que o libertará dos condicionamentos negativos, equipando-o com os instrumentos indispensáveis à sua sublimação.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Dias Gloriosos

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