quinta-feira, 6 de junho de 2019

Compromisso mediúnico

Compromisso mediúnico

Yvonne A. Pereira



A correta aplicação das forças mediúnicas proporciona ao seu portador inefáveis alegrias e incomparável bem-estar.

Para conseguir esse cometimento faz-se necessário que a vida moral do medianeiro corresponda à gravidade e elevação do compromisso firmado.

A mediunidade é campo de ação relevante, no qual se semeiam hoje, para colheita próxima, as valiosas messes de luz, ou onde se segam as culturas anteriores, normalmente assinaladas por cardos e dissabores...

Viajor do tempo em sucessivas etapas evolutivas, o espírito é o programador da sua vida, seguindo, embora, no rumo do fatalismo da felicidade, que é a sua etapa final.

Comprometido com o processo de elevação da Terra, experimenta os condicionamentos a que se submete, cabendo-lhe arrebentar os elos que o retêm na retaguarda do estágio primitivo.

A mediunidade propicia-lhe oportunidade de realizações enobrecedoras, a benefício dele próprio como do seu próximo.

Imprimindo no corpo a faculdade mediúnica por necessidade de crescimento, tem deveres que o prendem ao trabalho, mediante o qual se aprimora e se eleva.

O exercício salutar e consciente das forças mediúnicas, no entanto, somente é possível quando o homem se propõe encarar a vida com seriedade, sabendo que empreendimento de tal monta impõe definição de comportamento e dedicação irrestrita...

Certamente, não se deve alienar a criatura do convívio social, em cujo clima comprova a excelência da conduta, superando-se mediante o equilíbrio, exemplificando, e graças a essa atitude demonstra a sua fibra moral e religiosa.

Referimo-nos ao médium de convicção espírita, que hauriu conhecimentos nas fontes inesgotáveis da Doutrina Kardecista, compreendendo que, sem responsabilidade, qualquer tentame redunda sempre em fracasso ou desastre.

O médium espírita firma o seu proceder no estudo que lhe dá segurança, encarregando-se de elucidar as interrogações que constituem necessidades filosóficas e éticas, fundamentais para a decisão e direção que deve aplicar à existência.

Ao lado desse estudo sistemático e permanente do Espiritismo, deve incorporar as disciplinas morais, porquanto, faculdade mediúnica em ação, sem controle rigoroso, assemelha-se a veículo em velocidade com freio danificado.

A mediunidade convoca a uma vida de reflexões, interiorizada, em frequente sintonia' com o mundo parafísico, de onde se recebem inspiração e apoio.

Quando essa vinculação não se faz lúcida com as Mentes Superiores, é inevitável o automatismo que leva a sincronizar com aquelas que são enfermas e perturbadas, dando gênese a processos obsessivos e conúbios prejudiciais.

Mente alguma que vibre, permanecerá sem resposta equivalente.

Toda emissão de onda ressoa em campo de frequência semelhante.

O médium consegue, através do estudo, forças para educar-se, liberando-se das imperfeições e influências malsãs.

Não nos referimos a leituras superficiais, apressadas, leves, mas ao aprofundamento da Codificação, ao exame das Obras que lhe são complementares, tais as de Léon Denis, o emérito discípulo de Allan Kardec, as de Gabriel Delanne, de Lombroso, de Aksakof, que constituem, especialmente as dos últimos referidos, o acervo científico comprobatório dos conceitos doutrinários...

Encarada com responsabilidade e vivida com elevação moral, exercitada com disciplina e colocada a serviço dos Guias Espirituais, a mediunidade produz resultados altamente compensadores, constituindo admirável instrumento de consolação, de saúde, de instrução, de paz.

Quando não, mantém-se irresponsável, frívola, incapaz de produzir com segurança, permanecendo em forma tormentosa, com oscilações, que degeneram em distúrbios comportamentais, a um passo da loucura.

Não conduzida com o respeito e a consideração que merecem todas as faculdades e funções da vida, expressa-se como provação para o seu condutor, e as comunicações se caracterizam pelos esgares, animismos, vulgaridades que não resistem à mais leve investigação responsável.

Por isso, há médiuns e médiuns, qual ocorre nas mais diferentes áreas do comportamento humano, há pessoas e pessoas...

Fala-se que o médium responsável sofre muito, o que parece atemorizar inúmeros candidatos à dedicação espírita.

Certamente, o sofrimento não é propiciado pela faculdade mediúnica, senão porque o espírito é o devedor convidado ao resgate, mediante as percepções mediúnicas, como o seria em qualquer outra atividade a que se afeiçoe.

Em toda parte onde se encontra o homem, aí estão os seus problemas, conquistas e prejuízos.

Não se devem transferir para as funções e tarefas de que se utiliza a criatura os anátemas, antes é justo considerar que as dívidas pertencem ao ser, e este as resgatará onde quer que esteja, agora ou mais tarde.

A mediunidade é ponte cuja segurança depende do indivíduo que lhe é depositário. A resistência ou fragilidade dela decorrerá do material moral com que se a revista para uso.

O exemplo máximo de comportamento mediúnico é o de Jesus, que se fez o instrumento de Deus ao mundo, vivendo conforme a missão de que se encontrava investido.

Guardadas as proporções, os médiuns modernos, que são quais os profetas do passado, devem viver conforme a responsabilidade e a consciência de que se fazem intermediários, aprendendo, na renúncia aos gozos terrenos e na prática da caridade na sua expressão mais alta, a metodologia da elevação pessoal, para que um dia possam repetir, como Paulo, que já não são eles que vivem, mas Cristo que neles vive.

Yvonne Pereira por Divaldo Franco do livro:
Antologia Espiritual

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