quinta-feira, 22 de novembro de 2018

À frente da morte

À frente da morte

Emmanuel



Não olvides que, além da morte, continua vivendo e lutando o Espírito amado que partiu...

Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.

Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.

Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos.

Tua tristeza inerte é sombra a escurecer-lhe a nova senda.

Por mais que a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue para a frente, honrando-lhe a confiança, como a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou.

Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto em que nos arroja a invigilância, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo.

Recorda que a lei de renovação atinge a todos e ajuda quem te antecedeu na grande viagem, como o valor de tua renúncia e com a fortaleza de tua fé; sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.

Converte a dor em lição e a saudade em consolo, porque, de outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as tuas vitórias solitárias, portas a dentro de teu mundo interior.

Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendiz e, por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando conhecimento e virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a vida eterna.

Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-las às trevas.

Repara em torno dos próprios passos.

A cada noite no mundo segue-se o esplendor do alvorecer.

O Inverno áspero é sucedido pela Primavera estuante de renascimento e floração.

A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicolores de borboleta.

Nada perece.

Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.

Compreendendo, assim, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da gloriosa imortalidade.

***

Francois de La Rochefoucauld em “Maximes”: 

"On n’est jamais si hereux ni si malheureux qu’on s’imagine."

"Nunca se é tão feliz ou tão desgraçado quanto as aparências possam fazer supor."


Emmanuel por Chico Xavier do livro Escrínio de Luz






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