terça-feira, 27 de setembro de 2016

E as sessões mediúnicas de Lincoln na Casa Branca?

E as sessões mediúnicas de Lincoln na Casa Branca?

Correio Fraterno  / Hermínio C. Miranda



Cena do filme Lincoln de 2012.

O filme Lincoln, de Steven Spielberg, é o favorito do Oscar, cuja cerimônia de entrega dos troféus acontece na noite de 24 de fevereiro, em Los Angeles, USA. Com 12 indicações, a história sobre o 16º presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, está concorrendo aos prêmios de melhor filme, diretor, roteiro, fotografia, edição, design e produção, figurino, argumento e também nas categorias de representação – para os protagonistas Daniel Day-Lewis, Sally Field e Tommy Lee Jones.

A cinebiografia de um dos mais notórios presidentes americanos surge justamente neste ano, quando se comemoram os 150 anos em que ele assinou o documento histórico, a proclamação da emancipação, tratado que deu início à emenda proibindo a escravidão nos Estados Unidos. Lincoln, aliás, também nasceu em fevereiro: 12/02/1809. E, no espiritismo, vários autores já declinaram capítulos de livros, artigos e comentários sobre a realização das sessões mediúnicas que ele realizava na Casa Branca, informação que o roteiro do filme não considerou.

O escritor Hermínio C. Miranda, em seu livro O que é fenômeno mediúnico (Correio Fraterno) conta detalhes destes episódios em "De como os Estados Unidos continuaram unidos". Segundo o autor, a realidade das faculdades mediúnicas ainda é ignorada por muitos. 
" - Lamentável que não haja uma [médium] Nettie Colburn Maynard para cada presidente, rei ou rainha neste mundo. O problema é que precisaríamos ter também um presidente Lincoln em cada um destes postos de comando político-social, com grandeza suficiente e humildade bastante para ouvir com atenção e senso crítico a palavra franca, positiva e sábia de um espírito desencarnado de alto grau evolutivo. Não para ditar ordens, mas para trocar ideias e expor alternativas".
Ele conta que, aconselhado pelos espíritos, Lincoln preservou a integridade de seu país e apressou a libertação dos negros. "O fenômeno mediúnico foi, é e continuará sendo o instrumento, o veículo dessa realidade que teima apresentar-se aos olhos da humanidade, que por sua vez teima obstinadamente em ignorá-la", analisa. "Essa é a grande tragédia da história moderna", afirma Hermínio nesta interessante obra que traz outros episódios marcantes da história geral, permeados por orientações espirituais.

Confira abaixo, nas palavras de Hermínio, como isso se deu, afinal, com o presidente Abraham Lincoln.

Eliana Haddad / Correio Fraterno

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Nota: Após a publicação da matéria, na noite de 24/02/2013 na 85ª edição dos Academy Awards com 12 indicações para o Oscar, o filme Lincoln foi agraciado com duas estatuetas pela academia de Hollywood, sendo o de melhor ator para Daniel Day-Lewis e o de melhor direção de arte para Rick Carter e Jim Erickson.   Oscar 2013
RDB

De como os Estados Unidos continuaram unidos

Por Hermínio Miranda


Lincoln em cena do filme.

Sabe-se hoje, positivamente, que o grande presidente Abraham Lincoln recorreu com certa frequência aos conselhos de seus amigos espirituais, especialmente pela mediunidade de Nettie Colburn Maynard, que narra, ela própria, como as coisas aconteceram(1).

Segundo esse depoimento, não há dúvida de que as sessões realizadas na Casa Branca e em outros locais exerceram decisiva influência em eventos do maior relevo na história dos Estados Unidos. Significativamente, um dos capítulos do livro chama-se We make History, isto é, Fazemos história, precisamente o que relata um dos mais importantes episódios daquele conturbado período de definições da nacionalidade americana.

A desgastante Guerra da Secessão arrastava-se penosamente, com pesadas perdas de vidas e as tropas do governo, que combatiam pela preservação dos ideais de unidade e liberdade do presidente Lincoln, já se mostravam pouco dispostas a continuar a luta. Tudo indicava que o país acabaria mesmo dividido, pois os sulistas lutavam pela separação.

Os espíritos fizeram um diagnóstico objetivo e nada otimista, pois a situação era de fato muito precária, ao assumir o general Hooker o comando das operações.

– O exército está completamente desmoralizado – disse o espírito incorporado em Nettie –, os regimentos estão ensarilhando as armas, recusando-se a obedecer às ordens ou cumprir o dever. Ameaçam uma retirada geral, com declarado propósito de voltarem para Washington.
Lincoln, que ouvia atentamente, concordou com o diagnóstico e comentou:

– Você parece bem informado da situação. Poderia indicar o remédio?

– Sim – disse o espírito, firme –, se você tiver a coragem de usá-lo.

Lincoln sorriu e comentou com simplicidade:

– Experimente-me.

O espírito indicou a única solução ainda possível, a seu ver. O presidente deveria ir imediatamente ao fronte visitar os soldados. Não como figura distante, com todo o aparato do cargo, cercado de ministros e generais, apenas para passar revista às tropas, mas com o mínimo possível de gente, levando sua família. Deveria caminhar entre os soldados, conversar com eles, saber de suas queixas e dificuldades.

– Mostre-se tal qual é às dificuldades que eles enfrentam na marcha através dos pantanais, onde, tanto em coragem como em número, eles têm sido desfalcados.

A providência era tão urgente no entender do espírito que Lincoln deveria mandar anunciar imediatamente sua decisão de ir, enquanto preparava a viagem, que demoraria alguns dias.

Ao cabo de uma longa exposição, o presidente disse uma só frase:

– Isso será feito.

A conversa continuou, porém, abordando outros aspectos. O presidente e o espírito manifestado em Nettie discutiram assuntos de relevo que somente aos dois interessavam e, naturalmente, à nação americana que ensaiava seus primeiros passos como a grande potência mundial que seria dentro de algum tempo.

Lincoln fez a viagem sugerida pelo seu amigo espiritual e a sorte da guerra mudou prontamente porque, agora sim, os soldados que lutavam pelos seus ideais estavam motivados. Com muitos deles o presidente falara pessoalmente. Deixara de ser o vago e desconhecido figurão político que, de Washington, mandava ordens.

Assim, graças a uma sessão mediúnica, os Estados Unidos continuaram unidos. Sem Nettie Colburn Maynard provavelmente teríamos hoje dois países ali, em lugar de um só.

E mais; foi também em atenção a uma mensagem mediúnica de seus amigos espirituais que o presidente resolveu promulgar a famosa Proclamação da Emancipação que acabava com a escravatura no país, contrariando interesses mesquinhos de muitos, mas promovendo os interesses da lei divina na Terra. Dizem mesmo que até na redação final desse documento histórico colaboraram pessoalmente os espíritos. Lincoln empenhou praticamente sua vida nessa lei. Era uma das suas mais importantes tarefas, depois de manter a unidade política, geográfica e social da grande nação que lhe fora confiada pelo voto popular.

Parece, aliás, que o mundo espiritual tinha planos importantes acerca dos Estados Unidos, pois foi ali, em Hydesville, em 1847, que se deslanchou como que 'oficialmente' a fenomenologia mediúnica moderna, servindo de médiuns as meninas da família Fox.

Pelo menos sob o governo de Lincoln, portanto, importantíssimas decisões foram tomadas depois de sugeridas ou discutidas com seus amigos desencarnados. Até a morte do presidente lhe foi revelada num sonho.

Sonhou ele, certa noite, que pesava sobre a Casa Branca uma atmosfera de tristeza e luto. Procurando saber o que se passava, chegou a um dos salões onde estava exposto um caixão de defunto guardado por vários soldados. O presidente, em sonho, aproximou-se de um deles e perguntou:

– Quem é o morto?

– É o presidente – disse-lhe o soldado. Foi assassinado.

Era o recado vindo através do mecanismo do sonho, para que ele estivesse de sobreaviso, não para impedir que a tragédia se consumasse, mas para que seu destino se cumprisse, como se cumpriu.

Dentre as muitas 'coincidências' entre episódios da vida de Lincoln e a de John F. Kennedy, podemos acrescentar mais este – a do aviso da morte súbita. No caso de Kennedy o veículo foi a sra. Jane Dixon, que com bastante antecedência foi informada mediunicamente da tragédia de Dallas, que ela via como uma nuvem negra como que pousada sobre a Casa Branca. Por intermédio de amigos comuns, ela tentou avisar ao presidente Kennedy, mas tal como no caso de Lincoln, bem como no de Júlio César, havia uma fatalidade a ser cumprida.

1- Nettie Colburn Maynard, Was Abraham Lincoln a spiritualist? (Foi Abraham Lincoln um espiritualista?) Ed. Spiritualist Press, Londres/Inglaterra.

O misterioso 'poder' de Lincoln

Por Raymundo Rodrigues Espelho (2)




Abrahan Lincoln nasceu perto o Hodgenville, Kentucky, em 1809 e foi assassinado por um fanático sulista, em Washington, no dia 14 de abril de 1865. O grande emancipador era descendente de imigrantes ingleses semianalfabetos. Como seus pais, era agricultor e trabalhou também como lenhador até a maioridade. Com 21 anos de idade sabia apenas ler e escrever e só mais tarde pôde frequentar escolas. Formou-se em Direito e se iniciou na advocacia em 1836. Foi deputado por Ilinois de 1834 a 1842, em quarto legislaturas e senador de 1846 a 1849. Liderou vigorosa campanha abolicionista. Foi eleito presidente em 1860 e reeleito em 1864.

Esse grande estadista até os 21 anos de idade pouco contato teve com a chamada civilização, mas soube aproveitar bem o seu tempo. Se em 1830 era semianalfabeto, em 1860 era conduzido ao mais elevado cargo de umas maiores e mais adiantadas nações.

O livro Sessões espíritas na Casa Branca (1)  relata:

Escrevendo Lincoln a seu amigo Speed, deixa-se extravasar nestas linhas: 
" - Sempre tive uma acentuada tendência para o misticismo. Tenho sido controlado por um misterioso poder que não simplesmente a minha vontade. Com frequência, vejo perfeitamente claro o caminho a seguir, embora conscientemente não tenha suficientes fatos a apoiar minha decisão. E não me lembro de uma única vez os resultados não fossem satisfatórios..."
Um fato que registra sua inflexível serenidade e deixa patente como sabia aproveitar muito bem o seu tempo:

"... Lincoln era de origem muito humilde e o líder político Stephen Arnold Douglas não perdia oportunidade de fazer referência a esse respeito.

Certa ocasião, numa roda animada, declarou que vira Lincoln, pela primeira vez, do outro lado do balcão de um armazém. E louvou a qualidade de Lincoln como atendente de bar.

Houve grandes risadas, mas Lincoln, serenamente, sem se alterar, comentou por sua vez:

– Mr. Douglas disse a verdade. De fato tive um armazém no qual vendia de tudo, desde velas a charutos. Às vezes vendia também uísque. Mr. Douglas lembra-se bem disto, pois era um dos meus melhores fregueses.

Ele, do lado de fora do balcão e eu do lado de dentro, muitas vezes lhe vendia. O tempo passou e continua a haver uma diferença entre nós:

Eu saí do lado de dentro do balcão e Mr. Douglas continua frequentando o lado de fora com a mesma obstinação de outrora."

Enquanto algumas criaturas param no tempo e no espaço, outras, por mais pobres e humildes que sejam, esforçam-se para aproveitar o tempo, a fim de tornarem-se úteis para aqueles que a cercam e muitas vezes se destacam na coletividade.

Você está mais para Abraham Lincoln ou para Mr. Douglas?

1- Nettie Colburn Maynard e Wallace Leal V. Rodrigues, O Clarim, 1981.
2- A revelação da chave, Raymundo R. Espelho, EME, 1992.

Publicado no jornal Correio Fraterno, edição 450 -Janeiro/Fevereiro 2013

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