segunda-feira, 8 de março de 2021

Amor Livre

Amor Livre

Richard Simonetti



Um dos temas em evidência na atualidade, é o amor livre, a união entre o homem e a mulher sem nenhum vínculo sério, sem compromissos em relação ao futuro e, consequentemente, sem cogitar-se de matrimônio e filhos.

Embora alguns espíritos mais lúcidos, dentre os que debatem o assunto, demonstrem o perigo de abolir-se o instituto da família, selado pelo compromisso do casamento há uma forte tendência, particularmente nas grandes cidades, para o cultivo do amor livre. Dir-se-ia, com mais propriedade, do sexo livre, já que somente a busca de sensações, na promiscuidade sexual sem responsabilidade poderia justificar semelhante pretensão.

Na questão n.° 695, de « O Livro dos Espíritos», interroga Allan Kardec: «O casamento, ou seja, a união permanente entre dois seres é contrária às leis da Natureza?»
Resposta: «É um, progresso na marcha da Humanidade.»
Na questão seguinte, interroga o Codificador: «Qual seria o efeito da abolição do casamento na sociedade humana?»
Resposta: «O retorno à vida animal.»

E Kardec comenta que a união livre e fortuita dos sexos pertence ao estado de Natureza. O casamento é um dos primeiros atos de progresso das sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas finais diversas condições. E acentua: «A abolição do casamento seria, portanto, o retorno à infância da Humanidade, e colocaria o Homem abaixo mesmo de alguns animais que lhe dão exemplo de uniões constantes.»

Todo anseio mal orientado de liberdade, ainda que pretendendo inspirar-se em nobres ideais, acaba por levar à manifestação de impulsos primitivos da personalidade humana. O amor livre é uma tentativa de retorno à poligamia, estágio superado da Evolução. O verdadeiro amor jamais cogita da própria liberdade, pois realiza-se na felicidade do ser amado, em permanente doação. O casamento é um compromisso que lhe dá significado e objetivo. É o supremo crédito de confiança no outro; é a certeza que tem alguém na sua capacidade de fazer feliz a outro alguém.

Ainda que estas considerações pareçam simples poesia, distanciada da realidade; ainda que para muitos os compromissos matrimoniais representem apenas lutas, problemas, dificuldades e sofrimento, devemos lembrar que o instituto da família, selado pelo casamento, é a escola onde fazemos nossa iniciação nos domínios do Bem e da Virtude.

A comunhão fraterna que se estabelece entre o homem e a mulher que se decidem a enfrentar a vida juntos, ensaiando afeto e desprendimento, levando-os a conjugar o verbo de suas ações não mais na primeira pessoa do singular (eu), mas na primeira do plural (nós); o misterioso e sublime amor que brota, espontâneo, em seus corações, ao receberem nos braços um filho, tornando-os capazes de todos os sacrifícios para dar-lhe sustento e garantir-lhe a vida; todos esses valores, reunidos na bênção do matrimônio, que transforma as paredes frias de uma casa em acolhedor lar, representam uma fecundação do Espírito para as realizações mais nobres, acelerando sua jornada evolutiva.

Podem surgir no reduto doméstico a dissensão e a amargura, o tédio e a mágoa, inspirando nos cônjuges a ideia de que sua ligação teria sido um lamentável engano, estimulando os menos avisados a procurarem a própria satisfação nos domínios do amor livre. É preciso considerar, entretanto, que a grande maioria dos casamentos tem ascendentes espirituais e raízes no passado. As almas reunidas no lar para as experiências em comum são velhos conhecidos...

Companheiros de delinquência, inimigos, desafetos, vítima e verdugo, devedor e credor, são expressões usadas para definir as causas geradoras de situações do presente. Apresentam-se, na verdade, por pálidas indicações de inenarráveis tragédias e escuros dramas passionais ocorridos no pretérito, a determinarem o reencontro das personagens no lar para o necessário reajuste. E toda fuga representará sempre transferência do compromisso para o futuro, em regime de débito agravado.

E os que tiveram seus lares desfeitos, não obstante os reiterados esforços para manterem a integridade familiar? Será lícito que procurem nova experiência? Por que não? A comunhão afetiva é alimento da Alma e precioso estímulo às árduas jornadas do mundo. Como acontece noutros países, chegará o tempo em que o Brasil terá o divórcio, favorecendo corações magoados com a bênção de novas esperanças, embora adiado o compromisso. (Artigo escrito e publicado em 1971 quando o Divórcio ainda não era legalizado no Brasil - Tema que trataremos em outro artigo - RDB)

É importante considerar, todavia, que toda experiência nos domínios do sexo, sem responsabilidade, sem antecipação do amor leal e sincero, estabelecendo vínculos sérios com vistas a uma vida em comum, será sempre o retorno às tendências da animalidade, gerando intranquilidade e desequilíbrio. Em qualquer relacionamento humano, particularmente nos domínios do sexo se esperamos alegria e paz, é preciso que o amor venha primeiro.

Richard Simonetti
Revista Reformador – Agosto de 1971

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