sábado, 7 de novembro de 2015

A raiva

A raiva

Joanna de Ângelis 




Os conflitos psicológicos se instalam sempre nas pessoas imaturas, que da vida conhecem e valorizam apenas as sensações, desejando, em particular, as agradáveis, sem levar em consideração as outras, que resultam de desordens de variada natureza.

A condição humana propicia, por si mesma, a fragilidade, por decorrência da impermanência dos implementos físicos que revestem o ser, assim como dos diferentes níveis de consciência que são alcançados no processo da evolução.

Como resultado, todos experimentam conflitos, que são choques de entendimento e de comportamento entre o que se quer e o que se é, entre o ego e o Self. Quando, porém, esses conflitos se fazem duradouros, enraizando-se no psiquismo e perturbando o procedimento, adquirem expressões patológicas que necessitam de terapias específicas para serem erradicados.

A raiva é um fator de frequentes conflitos, que aparece repentinamente, provocando altas descargas de adrenalina na corrente sanguínea, alterando o equilíbrio orgânico e, sobretudo, o emocional.

Ninguém deve envergonhar-se ou conflitar-se por ser vítima da raiva, fenômeno perfeitamente normal no trânsito humano. O que se deve evitar são: o escamoteamento dela, pela dissimulação, mantendo-a intacta; o desdobramento dos seus prejuízos, pelo remoer do fator que a gerou; a autocompaixão, por sentir-se injustiçado; o desejo de revide, mediante a agressividade ou acompanhando o deperecer, o sofrimento do antagonista.

Quando algo ou alguém se choca com o prazer, o bem-estar de outrem, ou afeta o seu lado agradável, desencadeia-lhe instantaneamente a chispa da raiva, que se pode apagar ou atear incêndio, dependendo da área que atinja. O ideal será permitir que a descarga voluptuosa e abrasadora tombe sobre material não inflamável, logo desaparecendo sem deixar vestígios.
A sensação da raiva atual tem as suas raízes em conflitos não digeridos, que foram soterrados no subconsciente desde a infância e ressurgem sempre que alguma vibração equivalente atinge o fulcro das lembranças arquivadas.

Quando tal ocorre, ressumam, inconscientemente, todos os incidentes desagradáveis que estavam cobertos com a leve camada de cinza do esquecimento, no entanto, vivos.

A raiva instala-se com facilidade nas pessoas que perderam a autoestima e se comprazem no cuidado pela imagem que projetam e não pelo valor de si mesmas. Nesses casos, a insegurança interior faculta a irascibilidade e vitaliza a dependência do apoio alheio. Instável, porque em conflito, não racionaliza as ocorrências desagradáveis, preferindo reagir - lançamento de uma cortina de fumaça para ocultar a sua deficiência - a agir, afirmando a sua autenticidade.

Toda vez que a raiva é submetida à pressão e não digerida, produz danos no organismo físico e no emocional. No físico, mediante distúrbios do sistema vago-simpático, tais como indigestão, diarreia, acidez, disritmia, inapetência ou glutoneria - como autopunição, etc. No emocional, nervosismo, amargura, ansiedade, depressão...

Muitas raivas que são ingeridas a contragosto e não eliminadas desde a infância, em razão de métodos castradores da educação, ou agressividade do grupo social, ou necessidades
socioeconômicas, podem desencadear tumores malignos e outros de graves efeitos no organismo, alterando a conduta por completo.

O Poder Supremo criou a vida como bênção e o ser para fruí-la. Nas Leis Soberanas não existe um só item punitivo ou gerador de violência, tudo contribuindo para a harmonia geral, inclusive as ocorrências que parecem desconcertantes.

Diante da raiva, é necessária a aplicação do antídoto equivalente para dela liberar-se. Muitas técnicas do Rolfismo, da Psicologia, merecem ser utilizadas, de forma que não se transforme em ressentimento, por ficar arquivada intacta à espera do desforço. Não adiantam o perdão externo e a aparência, mas a sua eliminação, assim como dos seus efeitos.

Quando Jesus propôs o perdão das ofensas, Ele se referiu ao esquecimento delas, isto é, à sua diluição na água lustral do amor.

Partindo-se do princípio pelo qual se considere o ofensor alguém que está de mal consigo mesmo ou enfermo sem dar-se conta, o conteúdo da raiva diminui e até desaparece, graças à racionalização da ofensa.

Quando a raiva se deriva de uma doença, de um prejuízo financeiro, da traição de um amigo, da perda de um emprego por motivo irrelevante, de algo mais profundo e imaterial, a resignação não impede que se lhe dê expansão para, logo após, eliminá-la. Chorar, considerar a ocorrência injusta, descarregar a emoção do fracasso, gastar a energia em uma corrida ou num trabalho físico estafante, projetar a imagem do ofensor, quando for o caso, em um espelho, elucidando a raiva até diluí-la, são admiráveis recursos, dentre outros, para anular os seus efeitos danosos.

A meditação deve ser buscada também, para auxiliar na análise das origens do acontecimento, constatando se teria sido o responsável pela sua vigência e, ao confirmá-lo, evitar a autopiedade, contrapondo a lógica e o direito de errar, mas não a permissão de ficar no engodo. A prece de compaixão pelo ofensor e de autofortalecimento possui o miraculoso condão de diluir as vibrações da raiva, erradicando-as.

As ondas mentais perturbadoras da raiva sobre as células afeta-as e a inconsciente necessidade de autopunição pelo acontecimento facilita-lhes a degenerescência. Assim, ter raiva é sintoma de ser sensível, e bem canalizá-la, até a sua diluição, é característica de ser humano lúcido e saudável.

A raiva obnubila a razão e precipita o ser em profundos fossos da alucinação.
Quando ofendido, o indivíduo deve expressar os seus sentimentos ao agressor, aos amigos, sem queixa, sem mágoa, demonstrando ser normal e necessitado de respeito, de consideração como todas as demais pessoas. Nunca se permitir a falsa postura de humildade, fingindo santificação antes de ter alcançado a plena humanização. Quando se parece sem ser, transita-se por larga faixa de conflitos, inclusive o de inferioridade, avançando-se para os estados depressivos.

Não se deve facultar a autodesvalorização, apontando os próprios itens negativos ou apresentando relatos autodepreciativos, para agradar aos demais ou fazê-los rir...

Humildade não é negação de valores, nem subestima por si próprio, fazendo-se caricaturas pejorativas da sua realidade. Ser filho de Deus, encontrar-se em experiência evolutiva, poder discernir, entre outros logros, constituem bênçãos que não podem ser desprezadas. Jesus, o Homem humilde por excelência, jamais se escusou. Submeteu-se aos fariseus, aos dominadores transitórios e seus fâmulos...

Respeitar-se e amar-se são, por fim, os melhores recursos para enfrentar a raiva. Retê-la, nunca! Sem revides, nem mágoas.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Autodescobrimento - Uma busca interior

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