Mérito intransferível
Bezerra de Menezes
Filhos, estais convictos de que, para os trabalhadores, o mérito do trabalho é pessoal e intransferível. Quem obedece e realiza lucra mais do que quem simplesmente ordena, negando-se a ombrear com os companheiros que disputam o privilégio de servir. Sem dúvida, quem idealiza o bem, ensejando a outros oportunidade de concretizá-lo, cumpre elevada função entre os homens, não olvidemos, no entanto, que deve ser de seu interesse o envolvimento direto nas tarefas que planeja.
Quem fala e ensina o caminho acende uma luz, mas quem ouve e se dispõe a percorrê-lo ilumina-se com ela. Digo-vos assim, a propósito de quantos costumam se queixar das inúmeras atividades que são convidados a desempenhar na casa espírita...
Quantos não são os que se sentem sobrecarregados espiritualmente, chegando mesmo a se imaginarem explorados na boa vontade que revelam? Quantos não são os que se afastam, por serem concitados a efetuarem, constantes doações pecuniárias, em face das despesas inevitáveis para que o trabalho seja sustentado?
Não acrediteis, sob qualquer pretexto, que a vossa bolsa, em nome da caridade, se abre para poupar aqueles que ainda demonstram excessivo apego aos bens materiais e tampouco admitais que, lavrando o campo do espírito, alguém vos seja capaz de substituir no rosto o suor que devereis verter por vós mesmos...
A Contabilidade Divina, que jamais se equivoca, se debita em vosso nome o que passastes a dever aos cofres da Divina Providência, credita em vosso benefício tudo quanto vos advém do próprio esforço. Não vos canseis, pois, e nem vos desalenteis, quando, porventura, pesar um tanto mais sobre os vossos ombros o lenho das obrigações espirituais que abraçastes voluntariamente ou que vos foram delegadas por aqueles que se renderam ao comodismo.
Recordai-vos das inolvidáveis palavras do Cristo: "O Filho do Homem veio para servir, e não para ser servido". Por conseguinte, somente quem serve desinteressadamente conhece a alegria íntima que o serviço do bem pode proporcionar.
Filhos, agradecei aos Céus a oportunidade de já terdes sido admitidos na vossa presente romagem terrestre, como os últimos dentre os últimos servos do Senhor, dando assim inicio à jornada de vossa ansiada redenção espiritual.
Bezerra de Menezes do livro:
A coragem da fé / Carlos A. Bacelli
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