sexta-feira, 16 de agosto de 2019

O poder da não violência

O poder da não violência

Richard Simonetti




"Futuras gerações dificilmente acreditarão que tenha passado sobre a face da terra, em carne e osso, um homem como ele."
Essa afirmação de Albert Einstein (1879-1955) diz respeito ao líder indiano Mohandas Gandhi (1869-1948).

Quando analisamos sua existência, a maneira absolutamente incrível como libertou seu país do jugo inglês, entendemos a admiração do grande físico.

A Índia era a joia mais preciosa da coroa britânica, destacando-se num império tão grande, em seu apogeu, que nele o sol nunca se deitava.

Os ingleses não estavam nada dispostos a atender os reclamos de liberdade do povo indiano, nem preocupados com aquele homem mirrado que encarnava os anseios populares.

Não contavam com sua espiritualidade, a capacidade de mobilização para o mais incrível de todos os movimentos em favor da liberdade - a desobediência civil.

Por orientação de Gandhi, deveria ser sustentada pelo princípio da não-violência nos confrontos com os usurpadores do solo pátrio.

Havia quatro itens fundamentais:
  • Violência física - Não agredi-los.
  • Violência verbal - Não falar mal deles.
  • Violência mental - Não pensar mal deles.
  • Violência emocional - Não odiá-los.
Os homens liderados por Gandhi paralisavam trens, desobedeciam leis, infringiam regulamentos, sustentavam greves...

Pacificamente, deixavam-se prender e torturar sem alimentar ódios ou ressentimentos.

E porque não podiam, indefinidamente, atacar e encarcerar aquelas multidões que corajosamente infringiam suas leis e obstinadamente recusavam reagir às suas agressões, os ingleses acabaram se convencendo de que a única solução seria deixar a índia.

Diz Gandhi:
"A não-violência é a lei da espécie humana, assim como a violência é a lei do bruto. O Espírito jaz dormente no irracional, que não conhece outra lei senão a força. A dignidade do homem exige obediência a uma lei superior - ao poder do espírito."
O Mahatma (grande alma) está nos convidando a assumir a condição humana, marcada pelo empenho de nos sobrepormos aos instintos.

Foi assim que ele libertou um povo.

É assim que nos libertaremos do bruto ainda dominante no comportamento humano.

Mostrando-nos o vasto painel que se desdobra além-túmulo, a Doutrina Espírita enfatiza que é de fundamental importância limparmos nosso coração de mágoas e rancores, pesos terríveis que nos prendem a faixas vibratórias inferiores, a sustentar males variados que nos oprimem.

Sugiro, leitor amigo, façamos um teste para verificar nosso enquadramento nos princípios preconizados por Gandhi.

Imaginemos que alguém nos ofenda ou prejudique. Consideremos o comportamento ideal:

  • Violência física.
Não cogitamos de dar-lhe um tiro ou uns bons sopapos.

  • Violência verbal
Não exprimimos indignação em termos fortes e altissonantes, nem homenageamos a senhora sua mãe, atribuindo-lhe aquela profissão pouco recomendável.

  • Violência mental
Não alimentamos o desejo de que seja atropelado por um trem ou vá para o diabo que o carregue.

  • Violência emocional
Não ficamos a verrumar o mal que nos causou, a vibrar de ódio por ele e pena de nós mesmos.

Se forem essas as nossas reações estamos de parabéns.

Deixamos a caverna do bruto ancestral.

Melhor ainda quando formos capazes de agir como o próprio Gandhi.

Um repórter lhe perguntou se já havia perdoado seus inimigos.

- Nunca perdoei ninguém.

- Não entendo... o senhor, líder espiritual do povo indiano, contrário a qualquer sentimento de animosidade, não perdoa seus inimigos?!

- Não é preciso. Nunca me senti ofendido...


Richard Simonetti do livro: Rindo e Refletindo com a História




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