O outro lado
Joanna de Ângelis
Há quem diga que, não reagir a uma agressão ou a qualquer outro ultraje sofrido, é um ato de covardia moral.
Crê-se mesmo que, por falta de reação a muitos males que dominam os arraiais terrenos, estes proliferam assustadoramente.
Os partidários, porém, da força, equivocam-se, na observância e conclusão do problema.
Não reagir, de forma alguma significa concordar ou apoiar o que merece, sem dúvida, correção.
O método eficaz para mudar as paisagens infelizes do momento, porém, é outro, evitando-se, pela brutalidade, o desencadear de mais danosas consequências.
Assim, a legítima atitude, deve ser a da educação pelo exemplo, capaz de transformar o agressor imprudente.
Conveniente não se confundir a ação educativa com a reação selvagem, que nivela os antagonistas que caíram na situação desagradável.
Demonstrar a paz íntima diante do tumulto e vivê-la sob a injunção penosa é forma de engrandecê-la.
Quem raciocina com acerto e sabe avaliar o significado do bem, não reage, não agride, não investe contra; todavia, atua com equilíbrio, educa com segurança, compreende a falha alheia, e a desculpa...
Quando um contendor não revida, desaparece o motivo de prosseguimento da disputa.
Está demonstrado, pela crescente onda de conflitos e malquerenças, que o revide somente piora a situação, enfurecendo mais os antagonistas.
Se descobres no ofensor, o teu irmão doente, terás paciência.
Se consideras o teu agressor alguém que se desequilibrou porque é vítima de vários males que o infelicitam, compreendê-lo-ás.
Se examinas o ataque que alguém te faz, sem dar-lhe valor, o mesmo perderá o significado.
Assim, pensarás em socorrer o enfermo, reequilibrar o desvairado, ensejando-lhes renovação e propondo-lhes educarem-se para conquistar a paz que lhes falta.
Diante de uma dificuldade, tens uma forma de solucioná-la, enquanto o teu próximo tem outra.
A vida possui duas faces: a boa e a má.
“Se alguém te bater numa face, disse Jesus, apresenta-lhe a outra.”
Uma é a face da violência, do orgulho ferido, da vaidade mesquinha, do medo. A outra é a da paz, da confiança no bem, da vitória do amor, da dignidade.
Faz-se preciso, para contrabalançar a penosa situação de belicosidade entre os homens, que alguém apresente o outro lado do comportamento, que jaz oculto, mas que eleva e dignifica a criatura.
Todos já conhecem o lado brutal, que a maioria das pessoas se ufana em ostentar a qualquer momento. Por isso, podem ser temidas, mas nunca, sequer, respeitadas ou amadas.
Jamais te recuses a apresentar o teu outro lado, a face melhor da tua vida, desarmando o mal e sensibilizando o adversário mediante a onda de amor que lhe dirijas.
Age, portanto, com o lado bom do teu comportamento, auxiliando a instalação do bem na Terra.
Jesus jamais revidava mal por mal.
Acossado sempre pelos urdidores da impiedade, manteve-Se, apresentando o outro lado dos problemas pela óptica da paz, e, quando levado às atitudes enérgicas, buscou educar a todos, orientando-os para a renovação.
Face a tal atitude, Seus exemplos não foram inúteis e a Sua doutrina permanece como o outro lado, no duelo que se trava entre o bem e o mal, que é o lado de Deus.
Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro Seara do Bem
Viseu, Portugal, 07.10.1983.
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