segunda-feira, 7 de março de 2016

Marchemos!

Marchemos! 

Castro Alves



Há mistérios peregrinos
No mistério dos destinos
Que nos mandam renascer:
Da luz do Criador nascemos,
Múltiplas vidas vivemos,
Para à mesma luz volver.

          Buscamos na Humanidade
          As verdades da Verdade,
          Sedentos de paz e amor;
          E em meio dos mortos-vivos
          Somos míseros cativos
          Da iniquidade e da dor.

É a luta eterna e bendita,
Em que o Espírito se agita
Na trama da evolução;
Oficina onde a alma presa
Forja a luz, forja a grandeza
Da sublime perfeição.

          É a gota d'água caindo
          No arbusto que vai subindo,
          Pleno de seiva e verdor;
          O fragmento do estrume,
          Que se transforma em perfume
          Na corola de uma flor.

A flor que, terna, expirando,
Cai ao solo fecundando
O chão duro que produz,
Deixando um aroma leve
Na aragem que passa breve,
Nas madrugadas de luz.

         É a rija bigorna, o malho,
         Pelas fainas do trabalho,
         A enxada fazendo o pão;
         O escopro dos escultores
         Transformando a pedra em flores,
         Em Carraras de eleição.

É a dor que através dos anos,
Dos algozes, dos tiranos,
Anjos puríssimos faz,
Transmutando os Neros rudes
Em arautos de virtudes,
Em mensageiros de paz.

         Tudo evolui, tudo sonha
         Na imortal ânsia risonha
         De mais subir, mais galgar;
         A vida é luz, esplendor,
         Deus somente é o seu amor,
         O Universo é o seu altar.

Na Terra, às vezes se acendem
Radiosos faróis que esplendem
Dentro das trevas mortais;
Suas rútilas passagens
Deixam fulgores, imagens,
Em reflexos perenais.

         É o sofrimento do Cristo,
         Portentoso, jamais visto,
         No sacrifício da cruz,
         Sintetizando a piedade,
         E cujo amor à Verdade
         Nenhuma pena traduz.

É Sócrates e a cicuta,
É César trazendo a luta,
Tirânico e lutador;
É Cellini com sua arte,
Ou o sabre de Bonaparte,
O grande conquistador.

         É Anchieta dominando,
         A ensinar catequizando
         O selvagem infeliz;
         É a lição da humildade,
         De extremosa caridade
         Do pobrezinho de Assis.

Oh! bendito quem ensina,
Quem luta, quem ilumina,
Quem o bem e a luz semeia
Nas fainas do evoluir:
Terá a ventura que anseia.
Nas sendas do progredir.

         Uma excelsa voz ressoa,
         No Universo inteiro ecoa:
         “Para a frente caminhai!
         “O amor é a luz que se alcança,
         “Tende fé, tende esperança,
         “Para o Infinito marchai!”

Castro Alves por Chico Xavier do livro:
Parnaso de Além Túmulo

Poeta baiano, desencarnou a 6 de julho de 1871, com 24 anos de idade.
Mocidade radiosa, o autor consagrado de Espumas Flutuantes exerceu nas rodas literárias do seu tempo a mais justa e calorosa das projeções. Nesta poesia sente-se o crepitar da lira que modulou — O Livro e a América.


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Primeiro livro de Chico Xavier
lançado em 1932 


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